sexta-feira, 29 de maio de 2009

Versinhos bacanas (20)

"Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say, "Beware doll, you're bound to fall"
You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about
Everybody that was hangin' out
Now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.


How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?


You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You never turned around to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring, you'd better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?
"

(‘Like a Rolling Stone’, BOB DYLAN. A canção que abre o clássico ‘Highway 61 Revisited’, de 1965 – e fecha o álbum duplo ‘Live 1966 –The Royal Albert Hall Concert’, o volume 4 de suas ‘Bootleg Series’. De álbum novo na praça, ‘Togheter Through Life’, 40º disco de carreira, mais uma vez aclamado, Robert Allen Zimmermann, que completou 68 anos no último domingo, 24, experimenta um momento quase inédito entre os grandes artistas do rock a ultrapassarem a barreira dos 60 anos: ao contrário da maioria, que se repete apostando no mais ou menos garantido sem se arriscar muito, demonstra sinais visíveis cansaço ou caracteriza-se pela irregularidade, Dylan surpreende a cada lançamento novo. Ainda por cima, nos últimos anos foi tema de um super documentário de Martin Scorsese – ‘No Direction Home’, com o título justamente retirado de 'Like a Rolling Stone' –, de um filme-tributo de Todd Haynes, ‘Não Estou Lá’, isso sem falar nas suas próprias memórias – ‘Chronicles’ –, que se dispôs a colocar no papel. Um dos cinco caras mais importantes da história – o leitor/rockófilo escolhe os outros quatro –, o cara que injetou consciência, maturidade e complexidade no rock parece não perder o wit com a idade. ‘Like a Rolling Stone’, gravada em 15 de junho e lançada em single em 20 de julho de 1965, abre o primeiro álbum inteiramente elétrico de Dylan, o fundamental ‘Highway 61 Revisited’, lançado em 30 de agosto daquele ano, o que já tinha dado pano pra manga: os fãs puristas do então folk singer escandalizaram-se com a sujeira de seu novo som e chiaram, perplexos, na apresentação do cara no Newport Folk Festival, em 25 de julho, cinco dias após o lançamento do single e na primeira vez em que Dylan a executava ao vivo. Mas o episódio mais marcante foi no famoso show do Free Trade Hall, em Manchester, em 17 de maio de 1966, na última parte de sua turnê européia: Dylan e banda preparavam-se pra tocar ‘Like a Rolling Stone’, quando alguém da platéia gritou "Judas!", deixando clara a ideia da ala mais xiita de seu público de que o cantor traíra suas raízes folk. Ao que Dylan respondeu, na lata: "I don’t believe you. You’re a liar!". E mandou a banda tocar a canção "fucking loud’. ‘Like a Rolling Stone’ foi, de fato, a canção de fez de Dylan um ícone do rock, levando seu autor para muito além do universo folk, em que ocupava uma posição confortável. Antes dos Beatles, a quem serviu de inspiração – Paul comenta que, quando ouviu a canção na casa de John, "ele (Dylan) nos mostrou que podíamos ir além" –, Dylan era a cara da contracultura, o símbolo da mudança, o ícone dos novos tempos que os ares sessentistas sopravam na América (embora ele sempre tivesse o cuidado de rejeitar essa imagem). Jimi Hendrix, que gravou a canção, disse que "ela me fez sentir que eu não era o único que se sentia tão mal"; Bruce Springsteen, que a ouviu pelo rádio do carro na companhia da mãe quando adolescente, lembra até hoje "daquela batida na caixa (a introdução da canção) que soava como se alguém tivesse chutado a porta da sua mente"; o crítico Clinton Heylin chama a música de "uma verdadeira canção de vingança, num nível de misoginia que nem os Stones alcançaram"; a revista Rolling Stone, em 2004, elegeu-a a grande canção de rock de todos os tempos, justificando a escolha em função de que "nenhuma outra canção pop tão profundamente desafiou e transformou as leis comerciais e as convenções artísticas de seu tempo"; e, por fim, outro crítico, o scholar Greil Marcus (publicado pela primeira vez no Brasil pela Conrad em 2006, através da coletânea ‘A Última Transmissão’) tem um livro inteirinho dedicado a ela, ‘Like a Rolling Stone: Bob Dylan at the Crossroads. An Explosion of Vision and humor that forever changed pop music’, publicado nos Estados Unidos em 2005. O tom de confronto da canção surpreendeu os executivos da Columbia, gravadora de Dylan, causando controvérsia: o selo a rejeitou – ainda por cima, a canção tinha 6 minutos –, mas o produtor Bob Johnston, percebendo o potencial explosivo da gravação, resolveu lançá-la mesmo assim, em um single de 45 rpm com ‘Gates of Eden’ no lado b. Resultado: o maior hit da carreira de Bob até então, permanecendo nas paradas durante 12 semanas, e alcançando o segundo lugar (o topo era ocupado por ‘Help!’, de um certo quarteto de Liverpool). O mais curioso é que até hoje não se sabe a quem são dirigidos os versos: muitos acreditavam ser Edie Sedwick, ex-musa de Andy Warhol, o tema, mas ela – a quem seriam dedicadas ‘Just Like a Woman’ e ‘I’ll Keep It With Mine’, entre outras – e Dylan só teriam se conhecido após a gravação de ‘Like a Rolling Stone’; há quem pense que o alvo seria Joan Baez; e também há quem suspeite que Dylan fala, na verdade, a si mesmo. Além do tema, por si só já marcante, há o acompanhamento: o guitarrista Michael Bloomfield, Al Kooper, jovem guitarrista, que intimidado com a fera Bloomfield, passou ao órgão Hammond (e é do órgão o que mais se lembra no arranjo da canção), Paul Griffin no piano, Joesef Mac no baixo e Bobby Gregg na bateria – pela primeira vez, Dylan contratou uma banda inteira para uma gravação. NOTA FINAL: COMPANHIA MAGNÉTICA escolheu ‘Like a Rolling Stone’ pra seção dessa semana não apenas por ser o monumento que é ou pela data de aniversário de Bob Dylan, mas também por questões pessoais: é a canção preferida da Neném, fiel companheira do editor do blog há cinco anos – a serem comemorados hoje, sexta-feira, 29. I Want you so bad, honey, I want You.)


Dylan de guitarra em punho: os puristas não gostaram. Problema deles.

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