sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (19)

Neste sábado, 30, às 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede), tem um monte de coisa legal do ano de 2009, uma instituição do hardore americano e uma banda bacana dos 1990.

Mas atenção: vai te ligando que no mês de fevereiro CM faz a sua primeira retrospectiva, com os melhores do ano que passou - pelo menos entre os que pasaram por aqui. São quatro programas, mais de 40 músicas. Não dá pra perder, não marca!

Abaixo, o playlist deste sábado. Enjoy!

1º bloco:
ST. VINCENT – Actor Out of Work


Projeto da americana Annie Clark, texana de Dallas, que antes de assumir esta curiosa alcunha e lançar-se em carreira-solo, participou da famosa orquestra de 100 guitarras do compositor de vanguarda Glenn Branca (professor de Thurston Moore e Lee Ranaldo, do Sonic Youth), foi guitarrista e backing vocalista do combo psicodélico Polyphonic Spree e integrante da banda de apoio do Sufjan Stevens. Tem dois elogiados álbuns, sendo o mais recente deles, ‘Actorde 2009, em que mixa elementos da electronic, do jazz, do rock e até da música clássica, e pela primeira vez é um trabalho de banda – já que no disco de estreia, ‘Marry Me’ (2007), tocava praticamente todos os instrumentos.

BAT FOR LASHES – Daniel

Também projeto de uma cantora e compositora – no caso, a londrina filha de paquistanês Natasha Khan, que antes de se dedicar à música trabalhava com artes visuais, fazendo instalações múlti-mídia. Começou em 2006, lançando um single por um pequeno selo fundado por ela mesma, She Bear, e no mesmo ano já saía o disco de estreia, o elogiado ‘Fur and Gold’. O segundo álbum só sairia no ano passado: a aclamado ‘Two Suns’, que tá sendo lançado no Brasil é um disco conceitual, todo centrado nos desejos, prazeres e desilusões amorosas da personagem Pearl, claro alter ego de Natasha. O Bat For Lashes tá escalado pra abrir os shows do Coldplay no Rio, no final de fevereiro, e em São Paulo, no começo de março.

CURVE – Horror Head

Banda londrina importante no começo dos anos 1990, mixava guitarras saturadas, vocais sussurrados, batidas eletrônicas e experimentalismos, com referências que iam do Roxy Music aos góticos, além da cena shoegazer em voga então na cena pop britânica. Lançaram três elogiados E.P.’s no ano de 1991, depois reunidos na coletânea ‘Pubic Fruit’, e dois álbuns de carreira, ‘Doppelgänger’ (1992) e ‘Cuckoo’ (1993), decidindo encerrar as atividades em 1994 num momento em que seu trabalho chamava menos atenção que de óbvias crias suas, como o Garbage. Acabaram voltando três anos depois, soltaram mais três discos – um deles disponível só na internet – e resolveram parar de novo em 2005. O mais curioso em relação à dupla Toni Halliday (vocalista) e Dean Garcia (guitarra, programação eletrônica e baixo) é como os dois se conheceram: através de Dave Stewart, o múlti-intrumentista dos Eurythmics, o que acabou ocasionando uma pegação de pé gratuita de parte da imprensa musical britânica em Toni: os caras a atacavam dizendo que ela não era integrante genuína da cena indie inglesa.

2º bloco:
VOLCANO CHOIR – Island, Is


Projeto de um cidadão americano de Wisconsis chamado Justin Vernon formado em 2005 com uma queda para o pós-rock. Tem apenas um álbum, gravado em 2008 e lançado no ano passado, chamado ‘Unmap’, em que Vernon tem a companhia de músicos de uma banda amiga, Collectives of Colonies of Bees. A boa repercussão do álbum de estreia do VC em parte deve-se ao sucesso de outro de seus trabalhos, o Bon Iver.

BON IVER – Blood Bank
Este, por sua vez, vai de folk, com influência de ícones do gênero na seara alternativa, como Iron & Wine e Bonnie ‘Prince’ Billy, mas com toques sinfônicos. O Bon Iver, que tirou seu nome da expressão “bom inverno”, em francês, tem apenas um álbum, que chamou muita atenção não só dos críticos e do povo indie, mas também de um público mais mainstream, ‘For Emma, Foreve Go’, lançado em 2008. No ano passado, saiu o E.P.Blood Bank’.

WHITE DENIM – Say What You Want

Texanos de Autin, mesma terra dos Butthole Surfers, é um trio formado por veteranos da cena rock da cidade, que faz uma música de difícil classificação: vão da psicodelia ao punk-funk, um som experimental e ao mesmo tempo fácil de agradar a um público mais roqueiro. A estreia deu-se no elogiado E.P. ‘Let’s Talk About It’, lançado em 2008 via iTunes. O primeiro álbum, ‘Fits’, saiu em outubro do ano passado.

PONTIAK – Wax Worship

Banda psicodélica, nascida na Virginia e relocada para Baltimore. É também um trio, este formado por irmãos, os Carney: Van (vocal, guitarra), Jennings (baixo, órgão e vocais) e Lain (bateria e vocais), que antes tocavam separadamente em várias bandas até decidirem unir forças. Excursionam pela América com extrema frequência, e é entre ensaios e shows – muitas vezes varando as madrugadas – que os caras aproveitam pra compor. Gravam Thrill Jockey, de Chicago, normalmente associada ao pós-rock. Têm dois discos, ‘Sun on Sun’ (2008) e ‘Maker’ (2009). Pra fãs de som espacial e barulhento, com referências que vão do acid rock sessentista ao pessoal Stoner dos anos 1990, da psicodelia do Pink Floyd da era Syd Barrett à barulheira viajandona do Hawkwind.

3º bloco: MINOR THREAT – ‘Out of Step’ (1984)/ ‘Complete Discography’ (1988)

Banda americana dos anos 1980 que pode se gabar de ter criado um estilo – se não musical, pelo menos de vida (o que, aliás, nesse meio é até mais difícil, e esse, então, quase inédito): o straight edge. Eram punks de cara limpa, com ideologia radical que recusava álcool e drogas, e tinha postura ferrenhamente anti-stablishment – tanto é que seu líder, Ian McKaye, sempre recusou propostas de grandes gravadoras, e um dos motivos pro grupo acabar, acredite se quiser, foi que o sucesso, que aos poucos foi surgindo, tornando o grupo um dos mais populares do underground americano, passou a incomodar os caras.

O Minor Threat foi também, ao lado dos Bad Brains, a grande banda do hardcore americano a surgir de Washington DC, mas ao contrário dos Brains, que entre idas e vindas, seguem na ativa até hoje, durou apenas três anos, entre 1980 e 1983 – quando o único disco de carreira, ‘Out of Step’, saiu em 1984, o grupo já não existia mais. As músicas do grupo eram curtíssimas, algumas não chegando a um minuto, o som, bastante agressivo – as letras eram puro confronto –, deixava transparecer boas melodias, e já começavam a aparecer certas veleidades artísticas – mudanças de tempo, andamento não-linear, ritmos quebrados – que, mais tarde, fariam a fama do Fugazi, banda posterior de McKaye.

As origens do grupo remontam ao Teen Idles, banda original de McKaye ainda nos tempos de colégio, que contava ainda com o futuro baterista do MN, Jeff Nelson. Os outros integrantes do MN era o guitarrista Lyle Presler e o baixista de um grupo chamado Government Issue, Brain Baker – mais tarde substituído por Steve Hansen. O grupo registrou, além do álbum, dois E.P.’s e vários singles, tudo reunido depois na antologia ‘Complete Discography’, de 1988, sempre pela Dischord Records, fundada por eles mesmos. É basicamente o negócio de Nelson, hoje, que tocou em bandas como Egghunt, Three e Senator Flux, e MacKaye, que fundou o Fugazi em 1987 – mas este encontra-se ‘de férias’ desde 2002 – e ainda tocou em grupos como Embrace e Pailhead.

Straight Edge
Minor Threat
In My Eyes
Betray
Sob Story
Out of Step
Cashing In



O único álbum ...


... e a compilação que reúne todo o material da banda


O Minor Threat no palco: desconforto com o sucesso teria vitimado a banda

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Just Say NO!: cinco razões pra não ir aos shows do Metallica e do Guns ‘N’ Roses (porque pra não ir no Cranberries é desnecessário explicar)

1. Começamos pelo preço, lógico: por 140,00 (preço mínimo do Metallica) ou 130,00 (ingresso mais baixo pra ver o Guns), dá pra fazer várias coisas mais interessantes:

a) comprar o último Sonic Youth, ‘The Eternal’ (25,60), o melhor disco deles desde ‘Murray Street’ (2002), o novo dos Flaming Lips, ‘Embryonic’ (muita doideira e participações de Karen O e do MGMT em nada menos que 18 faixas! Sai por 33,60), mais o registro da clássica apresentação do grande Leonard Cohen no festival da Ilha de Wight em 1970 (CD + DVD por apenas 50,40). Ainda sobra uns 20,00 ou 30,00;

b) quer ter a sensação de um show de verdade? Não tem problema: foi relançado o clássico documentário sobre o Festival de Altamont, dos Stones, em que os Hell’s Angels botaram as garras de fora e acabaram ocasionando uma tragédia. ‘Gimme Shelter’ (32,00) tem direção do craque Alber Maysles. Também saiu o registro do histórico show do Nirvana no Festivald e Reading de 1992 (44,80), e, já faz um tempo, o melhor filme de rock a passar por aqui na última década, ‘A Festa Nunca Termina’ (29,90), de Michael Winterbottom, que refaz a trajetória do figuraça Tony Wilson, dono da Factory Records, e da cena musical de Manchester, a partir do Joy Division e dos Happy Mondays;

c) faz horas que não lê um livrinho bacana? Temos o produto, também: ‘Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones’ (39,90), do jornalista Robert Greenfield, conta a história das gravações de ‘Exile On Main Street’, em que Jagger, Richards (principalmente esse último) e cia. se afundavam nas drogas enquanto registravam aquele que, pra muitos, é o melhor (e último grande) disco dos Stones; do Greenfield, tem também ‘Bill Graham Apresenta: Minha Vida Dentro e Fora do Rock’ (59,00), em parceria com o próprio Graham, empresário que foi o dono de duas das casas de shows mais importantes da história do rock, o Fillmore East e o Fillmore West; a biografia do figuraça Serge Gainsbourg, ‘Por Um Punhado de Gitanes’ (38,00), herói nacional francês até hoje por conta da idiossincrasia, escrita pela jornalista Sylvie Simmons; a bio em quadrinhos do man in black original, ‘Johnny Cash – Uma Biografia’ (44,00), feita pelo cartunista alemão Reinhard Kleist. Tá, mas aí ultrapassou o preço dos ingressos, informados lá em cima. Sim, mas não te esquece que aqueles são os mais baratos – os mais caros vão de 160,00 (ai!), pro Metallica, e 280,00 (my goodness!) pro Guns;

d) o ingresso pra ver o Franz Ferdinand, em março, tá à venda por 100,00 (segundo lote), e, convenhamos, trata-se de uma banda muito mais consistente que essas duas – sem falar que tá recém no terceiro disco, ou seja, ainda não enfrentou o desgaste natural que sempre pinta em bandas mais ‘rodadas’;

e) o Gossip toca no Brasil nos dias 19 (São Paulo) e 20 de março (Rio), e o preço inicial dos ingressos, na internet – por enquanto, só pra SP –, também é de 100,00. Arruma uma passagem com preço promocional – tem tempo de sobra – e estadia na casa de alguma parceria, a relação custo-benefício ainda é mais vantajosa.

2. As figuras em questão:
Comecemos pelo Metallica: um bando de coroas disfuncionais metidos a garotos brigões, que chegaram ao cúmulo de entrar em conflito com os próprios fãs, quando estourou a mania de baixar som vias programas de compartilhamento de arquivos – uma mania que veio pra ficar, absolutamente democrática, que não atrapalha os lucros de artista nenhum, e sim das gravadoras, que, como se sabe são verdadeiras máfias de sangue-sugas. Quem trabalha sua base de fãs não perde dinheiro e ainda ganha em credibilidade. Os velhinhos reacionários do Metallica não perceberam isso, e optaram por fazer o jogo das grandes corporações, processando o Napster, inclusive. Lamentável. Quanto ao Axl, que foi o que sobrou do G’N’R, depois de incontáveis chiliques, resolver montar e remontar a banda a seu bel prazer, tirando não apenas os bons músicos que havia na banda (Izzy Stradlin, o cara que era de fato o 'diretor musical' ’a trupe, foi o primeiro a não aguentar os pitis da boneca e pular fora), mas também figuras carismáticas – alguém é capaz de imaginar o Guns sem Slash e Duffy? Ontem, ainda saiu a notícia de que num show no Canadá, semana passada, fãs do grupo que entravam com algum adereço relacionado ao antigo guitarrista – uma camiseta ou até mesmo sua tradicional cartola, eram orientados pela segurança a se desfazer dos objetos (!) ou então vestirem a camiseta do avesso. Definitivamente, o cara morre e não vê tudo em termos de estrelismo dos frequentadores do showbiz. Ainda por cima, tem o passado fascista do cantor da banda americana, às voltas com ataques diretos a imigrantes, negros, gays. Imagino que sejam todos eleitores e entusiastas de Bush Jr. e Schwarzenegger. Definitivamente, esses caras – Axl, James Hetfield, Lars Ulrich – não merecem teu suado dinheirinho.

3. O som, que é, afinal de contas, o que realmente interessa:
O Metallica foi uma das bandas mais importantes do metal nos anos 1980, promovendo uma pequena (na verdade não tão pequena assim) revolução no estilo, que, a partir das fusões com outros estilos, passou a ter a credibilidade que não possuía antes. Com o álbum preto (‘Metallica’, de 1991), estourou nas paradas como já prometia desde o anterior (... And Justice For All’, 1988), quando ‘One’ obteve alta rotação na MTV. O problema é que por conta de baladinhas radiofônicas e a produção pra levantar arena de Bob Rock (Aerosmith, Motley Crue, Bom Jovi, sente o drama!), a coisa diluiu de tal maneira que os antigos fãs, mais radicais, largaram a banda, por notarem que o som agressivo e sem concessões de antes deu lugar a um negócio que até poderia se batizar de um novo gênero que surgia, o que não é exatamente um elogio: o trash radiofônico. Quanto ao Guns, Axl juntou tanto músico que a maçaroca rococó – que substitui o hard rock altamente derivativo mas razoavelmente honesto do início – dos caras soa, às vezes, como um troço semi-progressivo (aquelas músicas longas como ‘November Rain’ e ‘Estranged’, argh!), às vezes baladinhas FM padrão, às vezes rockzinhos manjados. Mas o pior mesmo é o seguinte: quando se sente falta daquele marketing surrado de banditismo roqueiro – quebra-quebra de hotéis, encrencas com integrantes de outras bandas, detonação desenfreada, que também fez a fama do Oasis –, é porque o negócio realmente tá carente. O Guns, hoje, não tem mais nada a ver, é totalmente over – se já não era antes.

4. O local dos shows:
Parque Condor (?), em substituição ao glorioso ‘Zequinha Stadium’ do tio Noveletto, pro show do Metallica, é uma total incógnita. Conheces? Nem eu. Eles (promotores do evento) também não devem conhecer. Eu não encararia. Gigantinho (Guns), casa de shows do CAMPEÃO DE TUDO, tem aquele velho e conhecido problema da acústica. Dizem que o COLORADO, em seu projeto de reformas do BEIRA-RIO, prevê uma ajeitada no Gigantinho também. Precisa.

5. Por fim, deixar de ir a esses ‘espetáculos’ seria também um ato político: dar uma banana nesses ‘promotores de eventos’ da cidade, que só trazem gente em final de carreira, enganadores ou bandas no auge do sucesso (mas longe da relevância artística).

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (18)

Sábado, 23, 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede), tem mais um COMPANHIA MAGNÉTICA - o penúltimo antes da nossa primeira retrospectiva, com os melhores de 2009, que rola em todo o mês de fevereiro. Já tem lançamentos quentes de 2010 nesse próximo programa. Confere aí o playlist (e enjoy the show)!

1º bloco:
VAMPIRE WEEKEND – Horchata


Aguardado segundo álbum da banda novaiorquina, sensação há menos de dois anos com o homônimo debut eleito pela publicações especializadas como um dos melhores álbuns de 2008. A segunda vinda chama-se ‘Contra’, saiu lá fora há quase exatos 10 dias (12 de janeiro), tem a mesma influerência do pop africano – que valeu o apelido de ‘Upper West Side Soweto’ ao grupo liderado pelo cantor e compositor Ezra Koening e também tá presente em outras importantes banda atuais da big apple, como TV On The Radio e Dirty Projections. Mas o som do VM agora tá mais polido, com o acréscimo de samples (de Toots & The Maytals a M.I.A.), as referências, mais variadas, e pelo jeito o negócio tá dando certo: o disco já tá no topo da parada da Billboard, tendo vendido 124.000 cópias apenas na primeira semana. O VM também tá escalado pra ser um dos headliners do importante festival californiano Coachella, em abril.

BEACH HOUSE – Norway

Outro que volta depois de um disco muito elogiado é o duo também americano, mas de Basltimore, Beach House, formado pelo múlti-instrumentista Alex Scally e a cantora Victoria Legrand (sobrinha do compositor francês Michel Legrand). ‘Teen Dream’, que sai na próxima terça-feira, 26, é o terceiro disco da dupla, vem dois anos depois do ótimo ‘Devotion’, e traz a mesma queda pelo dream pop dos trabalhos anteriores. Os caras citam como suas influências o gênio dos Beach Boys Brian Wilson, os Zombies, Neil Young e o Big Star, e o pessoal do MGMT, do Grizzly Bear (com quem Victoria gravou ano passado uma faixa pra trilha do filme ‘Lua Nova’ e Julian Casablancas, dos Strokes.

CASS McCOMBS – Harmonia

Mais uma americano, este nascido na californiana Concord, hoje vive em Los Angeles. Tem 32 anos de idade, já conta com cinco discos no currículo, o mais recente deles, ‘Catacombs’, lançado no ano passado. Trabalhava como funcionário de um velho cinema em um buraco qualquer da Califórnia até que com 23 anos resolveu pegar a estrada, mudando a todo instante até se fixar na mesma Baltimore do Beach House, onde gravou o primeiro disco, o E.P. ‘Not the Way’, em 2002. Nos anos seguintes, extensas turnês e participações em importantes festivais se seguiram, e sua reputação como compositor foi-se consolidando. McCombs faz um folk/country alternativo que lembra Neil Young, Wilco, Elliott Smith, Big Star e até Lennon.


2º bloco:
JOHN FRUSCIANTE – Enough of Me


Desde dezembro ex-guitarrista dos Chili Peppers, Frusciante, que completa 40 anos agora em março, lançou mais um disco que equilibra melodias pop com experimentalismos – mas já não tão radicais como nos tempos de seu esquisitíssimo álbum de estreia solo, ‘Niandra Lades and Usually Just a T-Shirt’, de 1995, período em que o cara já não mais fazia parte da banda e chegou a viver na rua, virou pele-e-osso e perdeu todos os dentes da boca em função do vício em heroína. Após uma jam session e a indispensável avaliação psicológica, voltou ao Red Hot em 1998 por insistência de Flea, que achou que o ex-Jane’s Addiction Dave Navarro não se encaixou no som do grupo, ajudando a manter as banda no topo das vendagens, até que em 2009, depois de lançar já seu décimo disco-solo, percebeu o quanto sua banda se acomodou nos últimos anos, e resolveu seguir em frente sozinho. ‘The Empyrean’ é o nome do disco, lançado mais ou menos por essa época no ano passado.


GRAHAM COXON – Brave the Storm


É outro guitarrista que saiu e voltou pra sua conhecida banda, mas ao contrário de Frusciante ainda não tomou a decisão de largar definitivamente o osso, embora sua atividade paralela venha mostrando mais consistência do que a principal. Apesar de tocar no londrino Blur desde o final dos anos 1980, Graham Coxon, 41 anos em março próximo, é alemão de Hannover. Seu primeiro disco-solo, ‘The Sky is Too High’, é de 1998, e foi lançado pelo selo Transcopic, fundado por ele próprio, e depois dele, vieram mais sete, sendo o mais recente, ‘The Spinning Top’, de 2009, que traz as mesmas referências ao som das colleges bands americanas (tipo Sonic Youth e Pixies), o pós-punk (já regravou Mission of Burma), mas também canções folk de primeira.

JIM O’ROURKE – All Downhill From Here

Outro guitarrista importante da cena alternativa, também quarentão, mas com uma trajetória um pouco diferente dos dois anteriores: entrou para uma conhecida banda alternativa – no caso, o Sonic Youth – depois de se tornar conhecido pelo trabalho-solo, pelo sem-número de colaborações com músicos de vanguarda (John Zorn, Kronos Quartet, os alemães do Faust) e de ter feito parte do grupo experimental Gastr Del Sol (que, por coincidência, mostramos no próximo programa). O’Rourke, que só toca em dois álbuns do SY (‘Murray Street’, de 2002, e ‘Sonic Nurse’, de 2005), é natural de Chicago, grava desde 1989, tem mais de 20 álbuns lançados, sendo o mais recente ‘The Visitor’, de 2009 – composto por uma única faixa, de 38 minutos –, e um dos melhores ‘Eureka’, de 1999.

3º bloco: CAPTAIN BEEFHEART & HIS MAGIC BAND (‘Safe as Milk’, 1967)
Um dos caras mais originais da história do rock, por conta dos vocais peculiaríssimos, letras esquisitas, avassaladora mistura de ritmos que incluem free jazz, o blues do Delta do Mississipi e rock garageiro, Captain Beefheart, apesar de quase 40 anos de carreira e de álbuns clássicos como seu disco de estreia, ‘Safe as Milk’, lançado no mágico ano do verão do amor, 1967, e o terceiro, ‘Trout Mask Replica’, de 1969, sempre manteve-se muito, mas muito à margem das paradas de sucesso, mas a influência sobre as mais variadas vertentes do rock desde então – do punk ao pós-rock, do krautrock à new wave – é imensa. Ritmos complexos, melodias atonais, guitarra dissonante, letras surreais, além da persona controversa – ditador com os músicos que o acompanhavam, distante em relação a seu público –, tudo contribui para a aura de maldito, que carregou até sua morte, pouco antes de completar 65 anos, em janeiro de 2006.

Nascido Don Glen Vliet (mais tarde trocado para Van Gliet) em Glendale, bairro de Los Angeles, na Califórnia, já era declarado menino prodígio aos quatro anos de idade por um amigo da família, o escultor português Agostinho Rodrigues, e aos 13, lhe foi oferecido um curso de escultura na Europa, que a família recusou por achar que arte era coisa de veado. Por essa época, mudaram-se para o deserto de Mojave, e foi aí que Vliet conheceu um de seus grandes amigos, o cara que influenciaria sua guinada para a música – por essa época, Vliet já aprendia sozinho a tocar sax e harmônica. Mais tarde, ambos, Zappa e, após um semestre na faculdade, largariam os estudos e mudariam para Cucamonga, onde planejavam fazer um filme, que acabaria não rolando, enquanto Zappa fundava sua banda, os Mothers of Invention. Vliet voltou para Mojave e lá, já sob a alcunha de Captain Beefeheart, criava sua Magic Band, com os guitarristas Alex St. Clair e Doug Moon (logo substituído por Antennae Jimmy Semens), o baixista Jerry Handley e o baterista Paul Blakely (que logo deu lugar a John ‘Drumbo’ French). O ano era 1964, e os caras faziam sucesso tocando blues em festinhas teenage até atrair a atenção da A&M Records, que lhes ofereceu contrato. O sucesso do primeiro single, ‘Diddy Wah Diddy’, levou à gravação do primeiro disco, embora o presidente da gravadora tenha vetado faixas como ‘Frying Pan’, ‘Electricity’ e ‘Zig Zag Wanderer’, por achá-las muito negativas – de qualquer maneira, as duas últimas acabariam entrando no disco, chamado ‘Safe as Milk’, e lançado no final de 1967. Um tal Ry Cooder participou das gravações.

Já considerado difícil e idiossincrático demais, Beefheart encontraria problemas no álbum seguinte, ‘Strickly Personal’, cuja mixagem foi feita à sua revelia, o que levaria o cara a quebrar os pratos com a gravadora e migrar pra recém-fundada Straight Records, do amigo Zappa, que lançaria o clássico terceiro disco, o duplo ‘Trout Mask Replica’, em 1969. Beefeheart passaria os anos 1970 gravando discos regularmente, até anunciar sua retirada da música em 1982, para dedicar-se à pintura, vindo a expor seus trabalhos em 1985, com grande sucesso, sendo comparado a craques como Francis Bacon e Jackson Pollock. Infelizmente, em 1990 descobriu que era portador de esclerose múltipla, acabou por se retirar da pintura também, no final da década. Passou os últimos anos severamente debilitado, em uma cadeira de rodas, vindo a falecer em 6 de janeiro de 2006. 'Safe as Milk', seu brilhante álbum de estreia, foi relançado lá fora ano passado, remasterizado e com faixas-bônus.

Sure Nuff ‘N’ Yes I Do
Zig Zag Wanderer
Call On Me
Dropout Boogie
Abba Zaba



Mr. Captain Beefheart, primeiro e único: o mundo não estava preparado pra ele

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (17º Programa)

Tá aí o playlist do programa deste sábado, 16/01, às 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!

1º bloco:
THE xx – Crystalised


Grupo londrino novíssimo, foi formado em 2008, por quatro ex-colegas de high school – um já pulou fora –, que registrou um dos álbuns mais aclamados de 2009, intitulado apenas ‘xx’. Tem dois vocalistas, Oliver Sim e Romy Madley Croft, que cantam juntos todas as músicas do grupo, que faz um som minimal, com influência evidente de Cure (dos primeiros álbuns, ‘Three Immaginary Boys’ e ‘Seventeen Seconds’), Pixies e até o r&b contemporâneo de Rihanna e Aaliyah.

THE WAVVES – So Bored

Projeto de um sujeito largadão, californiano de San Diego, chamado Nathan Williams, skatista e maconheiro inveterado, que largou seu emprego de atendente em uma loja de discos pra se dedicar à música (basicamente, gravações caseiras feitas num velho gravador cassete sobrevivente dos anos 80 e um software bem básico no computador). Passou a disponibilizar material gratuito na internet até lançar o primeiro disco, ‘Wavves’, em 2008, e o quase homônimo ‘Wavvves’ (só tem um ‘v’ a mais) no ano passado.

TIMES NEW VIKING – Move to California

Grupo americano de Columbia, Ohio, formado por um trio de ex-estudantes de arte, na ativa desde 2004, faz um som lo-fi com farta influência do power pop e do punk e já tem quatro álbuns, sendo os dois últimos lançados pela prestigiada Matador Records. Excursionam constantemente, já tocaram em grandes festivais, como o Coachella, e tiraram o nome da banda de uma brincadeira nonsense com os caracteres aqueles popularmente usados nos nossos micros, Times New Roman. ‘Born Again Revisited’ é o aclamado álbum de 2009.

2º bloco:
GODSPEED YOU BLACK EMPEROR – Moya

Grupo canadense de Montreal, formado em 1994, de molho desde 2003, um dos baluartes do pós-rock, com uma formação das mais estranhas – três guitarristas, dois baixos, glockenspiel, viola, cello, metais, tapes pré-gravados, e um sem-número de músicos no palco –, seus shows também são conhecidos pelo apelo visual, uma vez que os caras produzem os filmes que são projetados durante as apresentações. Tem quatro álbuns e um E.P. – este o elogiado ‘Slow Riot For New Zero Kanada’, de 1999.

TRANS AM – Armed Response

Também na onda do pós-rock que emergiu no início da década de 1990, o Trans Am surgiu em Washington DC há 20 anos, lançando material pelo mesmo selo Thrill Jockey de Chicago responsável por colocar no mercado o Tortoise e Labradford, entre outros. O Trans Am, assim como os outros baluartes do gênero, faz som instrumental, mas com farto uso de eletrônica, aproximando-se tanto do krautrock quanto de uma sonoridade mais roqueira. Apesar de fundado em 1990, só foi lançar o primeiro álbum seis anos depois. Um de seus melhores discos é ‘The Surveillance’, o terceiro, de 1998. Ano passado, saiu uma compilação de gravações ao vivo, ‘What Day Is It Tonight? (Trans Am Live 1993-2008)’.

FUCK BUTTONS – Flight of a Feathered Serpent

Duo inglês da sombria Bristol, Andrew Hung e Benjamin John Power fundaram o FB em 2004, e desde então já tocaram com vários dos principais grupos indie da atualidade, como Liars e Deerhunter. Fazem uma curiosa mistura de pós-rock e música eletrônica dançante – em especial o trance –, que rendeu um dos discos mais elogiados de 2009, ‘Tarot Sport’, segundo álbum da dupla, produzido pelo mago Andrew Weatherall (Two Lone Swordsmen, Sabres of Paradise, o homem que pilotou as picapes em ‘Screamadelica’, do Primal Scream).

3º bloco: FUGAZI (‘Repeater’, 1990)
Uma das bandas mais queridas do universo indie americano, tanto que há jornalistas que chegam a dizer que representaram pros jovens dos anos 1990 o que Bob Dylan representou aos pais deles – o que é um evidente exagero. De qualquer maneira, o líder do grupo, Ian MacKaye, sempre teve também uma aura de guru da molecada desde os tempos de Minor Threat, sua ex-banda, a primeira organização ‘straight edge’ da história do rock: os caras não bebiam, não tomavam drogas, defendiam o respeito à mulher e pregavam o auto-controle e atacavam o stablishment com fúria – ficaram famosos os CDs com preço impresso na capa (não custavam mais que 10 dólares) e os shows com entradas a cinco. As duas bandas (MT e Fugazi) lançaram todo o seu material pela independente Dischord, de propriedade de McKaye – isso que quando do estouro do grunge, quando as grandes gravadoras voltaram suas garras para as bandas alternativas, o Fugazi foi uma das mais assediadas. McKaye sempre disse não.

Além do guitarrista e cantor McKaye, a formação original do Fugazi tinha ainda o baterista Brendan Canty (ex-Rites of Spring, uma banda que Kurt Cobain adorava) e o baixista Joe Lally – Guy Picciotto, o outro vocalista e guitarrista, também ex-Rites of Spring, juntou-se a eles logo depois. As performances do Fugazi também tornaram-se clássicas, por conta da intensidade (principalmente a movimentação frenética de Guy Picciotto) e os esporros da banda em quem praticava mosh – a ponto de Fugazi, depois de pedir pros caras pararem sem ser atendido, oferecer a grana do ingresso de volta pros sujeitos cairem fora. O Fugazi gravou dois E.P.’s em 1987 e 1988 – o primeiro deles contava com uma das mais clássicas canções do grupo, ‘Suggestion’, em que, tal qual Chico Buarque, McKaye assume o ponto de vista de uma mulher pra falar sobre a frustração de ser tratada como um objeto sexual –, compilados depois em CD (‘13 Songs’) até registrar seu clássico disco de estreia, ‘Repeater’, lançado em abril de 1990. A música do quarteto lembra até mais o Rites of Spring de Picciotto e Canty do que o Minor Threat de MacKaye, por conta das varioações de ritmo e da dinâmica não-linear das canções.

O Fugazi lançou mais cinco discos de estúdio (o igualmente clássico ‘Steady Diet of Nothing’, em 1991, ‘In On the Kill Taker’, em 1993, ‘Red Medicine’, 1995, ‘End Hits’, 1998, e ‘The Argument’, em 2001) e desde 2002 está ‘de férias’. McKaye continua a tocar a Dischord, enquanto Lally também possui a sua gravadora, Tolotta, e Picciotto começou a fazer filmes. O Fugazi tem um documentário, chamado ‘The Instrument’, lançado em 1999 e dirigido por Jem Cohen, amigo de longa data da banda.

Repeater
Merchandise
Styrofoam
Shut the Door



Fugazi ao vivo: garantia de noite agitada (no palco e na plateia)


O doutrinador McKaye (à esquerda, com o Sonic Youth Thurston Moore): artista brilhante e incorruptível, apesar de uma certa falta de senso de humor

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (16)

Te liga na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede) neste sábado, 09/01, às 22h. Tá aí o que vai tocar. Enjoy!

1º bloco:

DANIEL JOHNSTON – Mind Movies


Ídolo de Kurt Cobain, do pessoal do Sonic Youth, Yo La Tengo, Butthole Surfers, e mais uma afinidade de importantes artistas indie americanos, o californiano Daniel Dale Johnston, que completa 50 anos no ano que vem, é mais um daqueles casos de artistas que, a despeito de sérios problemas psiquiátricos, acabaram tornando-se influentes – como Syd Barret, Brian Wilson e mais recentemente Bill Callahan. É também um dos precursores da onda lo-fi dos anos 1990 – desde o primeiro lançamento, ‘Songs of Pain’, cassete de 1980, é adepto das gravações caseiras, com sua voz geralmente acompanhada por um singelo violão ou piano. Tem mais de 20 discos, o mais recente é ‘Is and Always Was’, de 2009.

KURT VILE – Overnite Religion

Também americano, mas da Filadélfia, e também adepto das gravações caseiras, que costumava vender, no início de carreira, em edições limitadas no formato de CDR’s. O amor à música vem de berço: seu pai, fã da música americana de raíz, foi quem deu-lhe o primeiro instrumento, um banjo. Depois de muito lançar suas músicas de forma amadora, estreou por uma gravadora em 2008, com o aclamado ‘Constant Hitmaker’. Em 2009, trabalhoy bastante: saíram o míni-álbum ‘God is Saying This to You’, o E.P. ‘The Hunchback’ e o segundo disco, ‘Childish Prodigy’.

GRAVENHURST – Song Among the Pine

Banda britânica baseada em Bristol, por conta da paixão do líder Nick Talbot, cantor, compositor e múlti-instrumentista, por algumas bandas da sombria cidade inglesa que, nos anos 1990 fizeram fama por conta de um som climático e viajandão, como Flaying Saucer Attack e Third Eye Foundation. À época, Talbot tinha outro grupo, Assembly Communications, que encerrou as atividades por conta da morte, por atropelamento, de um dos integrantes. Então, resolveu formar um novo grupo, que juntasse o filk tradicional ao som onírico das bandas shoegaze – mais ou menos uma cruza entre o Fairport Convention e o My Bloody Valentine. O Gravenhurts tem quatro discos, sendo o mais recente o elogiadíssimo ‘The Western Lands’, de 2007.


2º bloco:

REIGNING SOUND – Stick Up For Me


Projeto de um cidadão de Memphis, Tennesse, chamado Greg Cartwright, figura conhecida no underground roqueiro americano por conta de bandas como The Oblivians, The Compulsive Gamblers e ’68 Comeback. O RS mixa o protopunk do MC5 com a soul music dos anos 1960, já excursionou com os Hives, tem entre seus fãs o lendário Little Steven Van Zandt (ex-parceiro de Bruce Springsteen) e já serviu de banda de apoio para a mítica Mary Weiss (ex-Shangri-Las). Tem dois discos ao vivo e quatro de estúdio – o último é ‘Love and Curses’, do ano passado.

DELTA 72 – Just Another Let Down

Banda também americana, da Filadélfia, já extinta – durou apenas sete anos, entre 1994 e 2001 –, com referências muito parecidas às do Reigning Sound: o som de Detroit do final dos 60’s (MC5, Stooges, Alice Cooper), a soul music, Stones e Faces – e com o molho black realçado realçado pela sonoridade peculiar do órgão Farfisa de Sarah Stolfa, fundadora do grupo junto com o guitarrista e vocalista Gregg Foreman e o baterista Benjamin Azzara. Deixaram apenas três discos, sendo os mais considerados o primeiro, ‘The R & B of Membership’ (1996) e o último, ‘000’ (2000).

COME – Submerge

Banda cult dos anos 1990, de Boston, formada em 1990 e dissolvida em 2001, também tinha influência do som garageiro e do blues, mas com uma diferença marcante em relação às outras duas anteriores: um lado sombrio, fim-de-linha, que lembrava os piores pesadelos góticos dos anos 1980. Seus fundadores foram a vocalista Thalia Zedek, ex-integrante da Band of Susans e outras bandas da cena indie americana, por muito tempo junkie de carteirinha e lésbica militante, e Chris Brokaw, também baterista do Codeine. O Come deixou quatro ótimos álbuns: o primeiro, ‘Eleven: Eleven’ (1992), e o último, ‘Gently Down the Stream’ (1998), e bancou a banda de apoio do mítico Steve Wynn, ex-líder do Dream Syndicate, em ‘Melting in the Dark’ (1996). Como curiosidade, Thalia, em seu primeiro disco-solo, regravou ‘Manhã de Carnaval’, de Antonio Maria e Luís Bonfá.


3º bloco: MINUTEMEN (‘Double Nickels on the Dime’, 1984)

Mais um exposto do pós-punk americano a pintar por aqui, e outra banda que, apesar de curta duração – apenas cinco anos, entre 1980 e 1985 –, deixou sua marca incontestavelmente no cenário indie americano (e no mainstream também), influencaindo uma penca de artistas e um enorme séquito de fãs, por conta das avassaladoras performances ao vivo – arrasadoras e constantes, pois os caras viviam na estrada, registrando suas músicas sempre que tivessem um tempinho entre um show e outro – atingindo também a marca impressionante de cinco álbuns lançados em cinco anos, entre 1981 e 1985, sendo que o seu clássico álbum duplo de 1984 tinha nada menos que 43 faixas. Não deixa de ser irônico: uma obra superlativa, na qualidade e na quantidade, formada por músicas minúsculas, alguma nem sequer atingindo um minuto de duração.

O Minutemen surgiu da amizade do guitarrista e vocalista D. Boon e do baixista Mike Watt, que começaram a tocar juntos na adolescência, nos anos 1970, em San Pedro, na Califórnia. Dos covers de hits do hard rock da época, passaram logo ao punk assim que a onda começou a ganhar corpo, em 1976. Formaram então um quarteto, chamado The Reactionaries, reduzido a um trio, pois o segundo guitarrista logo pulou fora. As canções já eram curtíssimas – daí a brincadeira contida no nome, Minutemen. O primeiro baterista, Frank Tonche, chegou a gravar o primeiro E.P. do grupo, mas logo foi substituído por George Hurley, consolidando-se assim a formação que registraria os cinco álbuns da banda: ‘’The Punch Line’ (1981), ‘What Makes a Man Start Fire?’ (1982), ‘Buzz or Howl Under the Influence of Heat’ (1983), ‘Double Nickels on the Dime’ (1984) e ‘3-Way Tie (For Last)’ (1985), todos editados pela SST, de Losa Angeles – selo de propriedade de Greg Ginn, guitarrista do Black Flag (com quem, aliás, o Minutemen dividiu um E.P., ‘Minutemen’, de 1985). Desses, o que se sobressai é o quarto, ‘Double Nickels ...’, álbum duplo eleito um dos melhores do ano de 1984 tanto por revistas alternativas quanto por publicações mainstream. O disco ainda era uma resposta bem-humorada aos colegas de selo Hüsker Dü, que pouco antes haviam registrado o seu clássico álbum duplo ‘Zen Arcade’. Detalhe é que o álbum dos Hüskers tinha 23 faixas, 20 a menos que o do Minutemen – que aproveitava pra tirar onda com a banda de Grant Hart e Bob Mould no encarte: “Take that, Hüskers”.

Mas justamente no momento em que chegava ao auge da popularidade e do prestígio, após o lançamento do quinto disco, já sendo namorado por grandes gravadoras, a tragédia se abateu sobre a banda: D. Boon sofre um acidente de carro e morre, em dezembro de 1985. Ainda seriam lançados erm seguida dois discos com gravações ao vivo do Minutemen, e Waytt e Hurley consideravam seriamente a possibilidade de abandonar a carreira musical, até que surge o guitarrista Ed Crawford, fã de carteirinha do grupo, e os convence a seguir em frente. Os três formam então um novo trio, o fIREHOSE, que deixou seis discos até prendurar as chuteiras, em 1994. O respeitadíssimo Mike Watt, além dos três discos-solo que gravou, participou de ‘n’ projetos desde então e tem tocado com os Stooges desde que a velha banda de Iggy Pop resolveu volta à aitva, em 2003.

Viet Nam
It's Expected I'm Gone
Toadies
Corona
The Glory of Men
History Lesson, Pt.2
West Germany
This Ain't No Picnic
Untitled Song for Latin America



Os politizados Homens-Minuto: com Hüsker Dü, Replacements, Sonic Youth, R.E.M., Mission of Burma, ... mais um glorioso representante da última grande geração do rock americano