sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (17º Programa)

Tá aí o playlist do programa deste sábado, 16/01, às 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!

1º bloco:
THE xx – Crystalised


Grupo londrino novíssimo, foi formado em 2008, por quatro ex-colegas de high school – um já pulou fora –, que registrou um dos álbuns mais aclamados de 2009, intitulado apenas ‘xx’. Tem dois vocalistas, Oliver Sim e Romy Madley Croft, que cantam juntos todas as músicas do grupo, que faz um som minimal, com influência evidente de Cure (dos primeiros álbuns, ‘Three Immaginary Boys’ e ‘Seventeen Seconds’), Pixies e até o r&b contemporâneo de Rihanna e Aaliyah.

THE WAVVES – So Bored

Projeto de um sujeito largadão, californiano de San Diego, chamado Nathan Williams, skatista e maconheiro inveterado, que largou seu emprego de atendente em uma loja de discos pra se dedicar à música (basicamente, gravações caseiras feitas num velho gravador cassete sobrevivente dos anos 80 e um software bem básico no computador). Passou a disponibilizar material gratuito na internet até lançar o primeiro disco, ‘Wavves’, em 2008, e o quase homônimo ‘Wavvves’ (só tem um ‘v’ a mais) no ano passado.

TIMES NEW VIKING – Move to California

Grupo americano de Columbia, Ohio, formado por um trio de ex-estudantes de arte, na ativa desde 2004, faz um som lo-fi com farta influência do power pop e do punk e já tem quatro álbuns, sendo os dois últimos lançados pela prestigiada Matador Records. Excursionam constantemente, já tocaram em grandes festivais, como o Coachella, e tiraram o nome da banda de uma brincadeira nonsense com os caracteres aqueles popularmente usados nos nossos micros, Times New Roman. ‘Born Again Revisited’ é o aclamado álbum de 2009.

2º bloco:
GODSPEED YOU BLACK EMPEROR – Moya

Grupo canadense de Montreal, formado em 1994, de molho desde 2003, um dos baluartes do pós-rock, com uma formação das mais estranhas – três guitarristas, dois baixos, glockenspiel, viola, cello, metais, tapes pré-gravados, e um sem-número de músicos no palco –, seus shows também são conhecidos pelo apelo visual, uma vez que os caras produzem os filmes que são projetados durante as apresentações. Tem quatro álbuns e um E.P. – este o elogiado ‘Slow Riot For New Zero Kanada’, de 1999.

TRANS AM – Armed Response

Também na onda do pós-rock que emergiu no início da década de 1990, o Trans Am surgiu em Washington DC há 20 anos, lançando material pelo mesmo selo Thrill Jockey de Chicago responsável por colocar no mercado o Tortoise e Labradford, entre outros. O Trans Am, assim como os outros baluartes do gênero, faz som instrumental, mas com farto uso de eletrônica, aproximando-se tanto do krautrock quanto de uma sonoridade mais roqueira. Apesar de fundado em 1990, só foi lançar o primeiro álbum seis anos depois. Um de seus melhores discos é ‘The Surveillance’, o terceiro, de 1998. Ano passado, saiu uma compilação de gravações ao vivo, ‘What Day Is It Tonight? (Trans Am Live 1993-2008)’.

FUCK BUTTONS – Flight of a Feathered Serpent

Duo inglês da sombria Bristol, Andrew Hung e Benjamin John Power fundaram o FB em 2004, e desde então já tocaram com vários dos principais grupos indie da atualidade, como Liars e Deerhunter. Fazem uma curiosa mistura de pós-rock e música eletrônica dançante – em especial o trance –, que rendeu um dos discos mais elogiados de 2009, ‘Tarot Sport’, segundo álbum da dupla, produzido pelo mago Andrew Weatherall (Two Lone Swordsmen, Sabres of Paradise, o homem que pilotou as picapes em ‘Screamadelica’, do Primal Scream).

3º bloco: FUGAZI (‘Repeater’, 1990)
Uma das bandas mais queridas do universo indie americano, tanto que há jornalistas que chegam a dizer que representaram pros jovens dos anos 1990 o que Bob Dylan representou aos pais deles – o que é um evidente exagero. De qualquer maneira, o líder do grupo, Ian MacKaye, sempre teve também uma aura de guru da molecada desde os tempos de Minor Threat, sua ex-banda, a primeira organização ‘straight edge’ da história do rock: os caras não bebiam, não tomavam drogas, defendiam o respeito à mulher e pregavam o auto-controle e atacavam o stablishment com fúria – ficaram famosos os CDs com preço impresso na capa (não custavam mais que 10 dólares) e os shows com entradas a cinco. As duas bandas (MT e Fugazi) lançaram todo o seu material pela independente Dischord, de propriedade de McKaye – isso que quando do estouro do grunge, quando as grandes gravadoras voltaram suas garras para as bandas alternativas, o Fugazi foi uma das mais assediadas. McKaye sempre disse não.

Além do guitarrista e cantor McKaye, a formação original do Fugazi tinha ainda o baterista Brendan Canty (ex-Rites of Spring, uma banda que Kurt Cobain adorava) e o baixista Joe Lally – Guy Picciotto, o outro vocalista e guitarrista, também ex-Rites of Spring, juntou-se a eles logo depois. As performances do Fugazi também tornaram-se clássicas, por conta da intensidade (principalmente a movimentação frenética de Guy Picciotto) e os esporros da banda em quem praticava mosh – a ponto de Fugazi, depois de pedir pros caras pararem sem ser atendido, oferecer a grana do ingresso de volta pros sujeitos cairem fora. O Fugazi gravou dois E.P.’s em 1987 e 1988 – o primeiro deles contava com uma das mais clássicas canções do grupo, ‘Suggestion’, em que, tal qual Chico Buarque, McKaye assume o ponto de vista de uma mulher pra falar sobre a frustração de ser tratada como um objeto sexual –, compilados depois em CD (‘13 Songs’) até registrar seu clássico disco de estreia, ‘Repeater’, lançado em abril de 1990. A música do quarteto lembra até mais o Rites of Spring de Picciotto e Canty do que o Minor Threat de MacKaye, por conta das varioações de ritmo e da dinâmica não-linear das canções.

O Fugazi lançou mais cinco discos de estúdio (o igualmente clássico ‘Steady Diet of Nothing’, em 1991, ‘In On the Kill Taker’, em 1993, ‘Red Medicine’, 1995, ‘End Hits’, 1998, e ‘The Argument’, em 2001) e desde 2002 está ‘de férias’. McKaye continua a tocar a Dischord, enquanto Lally também possui a sua gravadora, Tolotta, e Picciotto começou a fazer filmes. O Fugazi tem um documentário, chamado ‘The Instrument’, lançado em 1999 e dirigido por Jem Cohen, amigo de longa data da banda.

Repeater
Merchandise
Styrofoam
Shut the Door



Fugazi ao vivo: garantia de noite agitada (no palco e na plateia)


O doutrinador McKaye (à esquerda, com o Sonic Youth Thurston Moore): artista brilhante e incorruptível, apesar de uma certa falta de senso de humor

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