sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Paradão da Semana (24-28/08/2009)

It’s Not Me (Supergrass)
The Rolling People (Verve)
That’s Not Me (Beach Boys)
The Greatest (Cat Power)
Whispering Pines (The Band)
Hotel Yorba (White Stripes)
Tie Up My Hands (Starsailor)
I’m Only Sleeping (Beatles)
The Limit to Your Love (Feist)
Broken Arrow (Buffalo Springfield)
A House is Not a Motel (Love)
Bottle up and Explode! (Elliott Smith)
Um Lugar do Caralho (Júpiter Maçã)
A Thousand Trees (Stereophonics)
Could You Be The One? (Hüsker Dü)
Chinese Rocks (ao vivo, ‘Live at Max’s Kansas City ‘79’) (Johnny Thunders & The Heartbreakers)
Movement (LCD Sound System)
Country Honey (T-Rex)
Queen of the Underworld (Jesse Malin)
Tormenta (Wado)
Endlessly (Mercury Rev)
Drive (R.E.M.)
Uncontrollable Urge (ao vivo, Max’s Kansas City, maio de 1977, ‘Devo Live: The Mongoloid Years’) (Devo)
Electric Feel (MGMT)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quando eles eram jovens

Dylan pode vir de uma sequência de álbuns inspirados, Neil Young revelar considerável inquietude, Patti Smith seguir como fonte de inspiração pra cantoras/compositoras com atitude, Lou Reed segurar a onda e os Stones ainda terem gás pra saracotear pelos palcos planetários com 942 anos de idade nas costas, mas é inegável que nada se compara, no universo rock, ao frescor dos primeiros anos – a “fúria do jovem cão”, como chama o venerável Júlio Reny aquela época em que “o cara tem muita coisa a dizer, muita coisa guardada” chutando a porta pra sair. Não que o manjado ditame de que não se pode confiar em ninguém com mais de 30 anos ainda faça algum sentido: claro que é possível gravar boa música e até manter uma certa integridade com a idade – o sujeito, afinal, vai fazer o quê, se largar a cachaça a essas alturas do campeonato? (Se transpusermos essa conversa pro cinema, ainda dá pra lembrar o caso de Buñuel, que fez alguns – vários – de seus filmes mais provocativos depois dos 65 anos). Mas não adianta: sendo o rock uma música eminentemente relacionada à juventude – ao menos espiritual –, a comparação com as gravações dos primeiros anos é cruel, como uma leva de relançamentos recentes comprova. Vejamos:

PATTI SMITH
A poetisa punk já não era tão guria quando lançou seu álbum de estreia, ‘Horses’ – o disco de cabeceira de Bono e Michael Stipe, entre tantos outros, já tema de pauta aqui no CM – em 1975: tinha 28 pra 29 anos. Já havia labutado na imprensa musical e lançado alguns livros de poesia, e costumava se apresentar declamando seus versos na companhia do guitarrista Lenny Kaye até entrar em estúdio e gravar, com produção do ex-Velvet John Cale, seu debut. 'Horses' abre com os famosos versos “Jesus morreu pelos pecados de alguém, não pelos meus”, inseridos na versão de ‘Gloria’, do Them, segue com a levada reggae de ‘Redondo Beach’ e ainda traz as fundamentais ‘Birdland’, ‘Free Money’ e a épica ‘Land’, um poema em três partes em que a personagem é um garoto que é atacado por um bando. ‘Radio Ethiopia’, do ano seguinte, é o primeiro creditado a The Patti Smith Group, é mais acessível e tem grandes canções como ‘Ask the Angels’, ‘Pissing in a River’, ‘Pumpin (My Heart)’, além de mais um épico, a faixa-título. ‘Easter’ vem em 1978, interrompendo o ritmo de lançar um disco por ano por um motivo sui generis: em 1977, Patti quebra duas costelas em um show na Flórida e passa o ano de molho. É desse terceiro álbum, porém, sua música mais conhecida pelo grande público, a bela ‘Because the Night’, de autoria de Bruce Springsteen – hit de top 10 e tudo, o único de sua carreira –, além da incendiária e pol~emica ‘Rock’n’Roll Nigger’. ‘Wave’, de 1979, que tem produção de Todd Rundgren e conta com ‘Dancing Barefoot’ (gravada pelo U2) e a versão de ‘So You Want to Be (A Rock 'N’ Roll Star) dos Byrds, fecha o pacote – e a brilhante fase inicial da carreira de Patti, que logo após se recolheria ao aconchego do lar com o marido Fred ‘Sonic’ Smith, ex-guitarrista do MC5, e os filhos, passando a dedicar-se à sua poesia. Um breve reaparecimento deu-se em 1988, com ‘Dream of Life’, mas a definitiva volta à cena musical viria só após uma sucessão de perdas significativas – o marido e o irmão em 1994, e, antes, seu grande amigo Robert Mapplethorpe e o tecladista de sua banda, Richard Sohl –, com o dolorido ‘Gone Again’. Seus discos têm sido lançados regularmente no Brasil – apenas o último, o álbum de covers (Beatles, Stones, Nirvana, Neil Young, Doors, Dylan, Stevie Wonder) ‘Twelve’, a gravadora tá devendo. Pros completistas – ou mesmo pra aqueles que preferem resumir o negócio todo –, no entanto, a pedida é o CD duplo ‘Land (1975-2002)’, uma compilação bacana – que, curiosamente, não traz a faixa que lhe dá título -, contendo clássicos, hits, demos, faixas só lançadas em single (como sua estreia, ‘Piss Factory’) e gravações ao vivo. O que não dá é pra ignorar a obra de Patti, um daqueles cânones incontestáveis.








NEIL YOUNG
O ‘godfather of grunge’, que este ano já despejou no mercado um álbum de inéditas, ‘Fork Road’, vem tendo sua obra pregressa relançada – e até mesmo lançada – lá fora com capricho nos últimos anos: além da edição, pela primeira vez em CD, do clássico álbum maldito ‘On the Beach’ (o sombrio disco de 1974, um dos preferidos de Kurt Cobain, que marca uma fase especialmente trágica na vida de Young), do ótimo ‘American Stars ‘N Bars’ (de ‘Like a Hurricane’ e ‘Star of Bethlehem’) e de outros menos votados – ‘Hawks and Doves’, ‘Reactor’ e a famigerada aventura eletrônica de ‘Trans’-, algumas preciosidades há muito guardadas têm vindo à tona, mais ou menos nos moldes dos ‘Bootleg Series’ de Dylan: os registros ao vivo ‘Live at the Fillmore East 1970’, ‘Live at the Massey Hall 1971’ e ‘Sugar Mountain: Live at the Canterbury House 1968’ trazem o ex-Buffalo Springfield solidificando seu trabalho de cantor e compositor solo, em apresentações marcantes – especialmente os shows de 1970, acompanhado do Crazy Horse, e de 1971, em que antecipa canções que seriam gravadas em ‘Harvest’ e ‘On the Beach’. O caixotão há pouco editado lá fora, ‘Neil Young Archives, Vol. 1: 1963-1972’, deixa tudo com ares de super-retrospectiva, mas além do investimento vultoso – são 8 CD’s, mais DVD (também disponível em Blu-Ray) –, e de trazer quase tudo o que foi registrado nos primeiros álbuns, mais suas canções com Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young, têm coisas que só vão interessar aos fãs mais doentes do cara, tipo registros de sua banda inicial, The Squires, e gravações com Comrie Smith (who?). Os quatro álbuns iniciais de sua carreira é que compõesm um capítulo à parte na história do rock.
Neil Young’, o primeiro, de 1969, certamente é o mais modesto do pacote, mas tem ‘The Loner’ – filha de ‘Mr. Soul’, dos seus tempos de Buffalo Springfield, na pegada hard – e ‘The Old Laughing Lady’, por exemplo, e outros belos momentos como ‘If I Could Have Her Tonight’ e ‘What Did You Do to My Life?’. A maturidade viria com os três discos seguintes. ‘Everybody Knows This Is Nowhere’, também de 1969, é a primeira colaboração com sua banda definitiva, o Crazy Horse, enxutinho – 7 faixas, 40 minutos –, escancara ainda mais no volume e na microfonia, mas também tem seus momentos de calmaria, como nas acústicas ‘Round & Round (It Won’t Be Long)’ e ‘The Losing End (When You’re On)’, ótimas canções pouco lembradas. O que marca mesmo, contudo, são as pauladas: o álbum abre com ‘Cinnamon Girl’ e fecha com ‘Cowgirl in the Sand’, e tem lá pelo meio ‘Down by the River’ (‘Down by the River/I Shot My Baby’, ele vocifera). Já é demonstrado por aí o gosto por verdadeiras jams gravadas que marcaria seu trabalho com o CH – quem viu, nem que seja pela TV, o show no Rock in Rio 2, de 2001, sabe bem do que se trata: os caras estendem as músicas ao máximo de entrega e tensão, pra que Young dê vazão à sua angústia, extraindo solos de guitarra em que a ênfase não é na sua capacidade técnica como instrumentista – e ele toca bem pra burro –, mas na emoção. Cordas são rebentadas, guinchos são ouvidos, e os magistrais ruídos tirados do abuso do instrumento, a exemplo de seu ídolo Hendrix, funcionam a favor. ‘After the Gold Rush’, de 1970, traz uma coleção de clássicos, da faixa-título a ‘Southern Man’, de ‘Only Love Can Break your Heart’ a ‘Don’t Let It Bring You Down’. É talvez o disco que mais forneça repertório pros shows de Neil Young até hoje, assim como o platinado trabalho posterior. Além dos comparsas do Crazy Horse e de velhos colaboradores como Jack Nietzche e Stephen Stills, ‘Gold Rush’ traz o prodígio Nils Lofgren, 17 anos à época, esbanjando desenvoltura tanto no piano quanto na guitarra. A essa altura, Neil Young já consolidou-se. Na sequência, ‘Harvest’, lançado em 1972, só o confirma como um dos grandes talentos de sua geração, e é também o disco preferido de Young e de seus fãs: foi o que mais vendeu até hoje, chegando às paradas sobretudo apoiado pelo single ‘Heart of Gold’, número um nos charts de então (curiosamente, foi sucedida por ‘A Horse with No Name’, do America, claramente “inspirada” no som de Young). A cortante ‘The Needle and the Damage Done’ (registrada ao vivo), ‘Old Man’, ‘Out on the Weekend’, ‘Are You Ready for the Country?’, ... a bolacha é uma sucessão de canções populares e permanentes. A levada é bem folk de raíz, e a banda da vez é The Stray Gators, mas a London Symphony Orchestra também diz presente, embelezando ‘A Man Needs a Maid’. Tem, ainda, participações de Linda Rondstadt a James Taylor, passando por seus parceiros David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash. Esse álbum já havia recebido uma edição comemorativa de 30 anos de lançamento, em 2002, em DVD Áudio, e agora chega também ao compact disc tradicional – remasterizada, como os outros três, como pediam os fãs há muito. De Young, fica faltando apenas ‘Time Fades Away’, o controverso álbum ao vivo lançado logo a seguir, em 1973, até hoje não lançado em CD.








STEVIE WONDER
Tem um de seus discos fundamentais – o preferido de CM, se é que interessa – posto nas lojas brasileiras, com precinho camarada e em embalagem ‘eco pack’: ‘Innervisions’ é a mais bem sucedida calibragem soul/jazz do pop negro da gloriosa década de 1970 de um dos mais assombrosos talentos da música afro-americana de todos os tempos: Little Stevie tinha apenas 23 anos, vinha de dois clássicos consecutivos – ‘Music of My Mind’, de 1970, e ‘Talking Book’, de 1972, pra muitos seu melhor álbum –, e lançava então seu 21º (!!!!!) trabalho em agosto de 1973. Os temas sociais – ‘Living in the City’ –, a espiritualidade – ‘Visions’, o hit ‘Higher Ground’ (aquela mesma, regravada pelos Red Hot Chili Peppers) –, a política – Richard Nixon, a quem seria endereçada ‘You Have’t Done Nothing’ no álbum seguinte, já era alvo aqui da sensacional ‘He’s Misstra-Know-It-All’ -, ... tudo é explorado com brilhantismo nas canções do prodígio aqui. Um álbum magnífico, de um talento superior, daqueles que não surgem toda hora. Os igualmente indispensáveis ‘Fulfillingness’ First Finale’ (1975) e ‘Songs in the Key of Life’ (duplo, de 1976) viriam na sequência, pra colocar um enorme ponto de interrogação nos fãs da melhor música produzida na América: quem foi o grande soulman da época, Stevie ou seu companheiro de Motown, o revolucionário, emotivo e sofisticado Marvin Gaye, que, chutando o balde e impondo suas condições a Berry Gordy, o chefão da gravadora, acabaria, também, influenciando a grande guinada do próprio garoto multiinstrumentista? COMPANHIA MAGNÉTICA não tem a resposta, nem sequer pensa no assunto; abraça os dois e vai em frente.








Por enquanto, era isso. Na parte 2, tem Lou Reed, Bowie e Stones.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Paradão da Semana (17-21/08/2009)

Definition (Kruder & Dorfmeister)
The Bogus Man (Roxy Music)
Downed City (Fugazi)
Tattoo (The Who)
All I Need (Air)
Elephant Talk (King Crimson)
The Destroyed Room (Sonic Youth)
House in the Country (Kinks)
Inside-Looking Out (Animals)
Human Highway (ao vivo, ‘Year of the Horse’) (Neil Young & Crazy Horse)
Rise Above (Black Flag)
The Coming of Spring (Rapture)
I’ll Feel a Whole Lot Better (Byrds)
First We Take Manhattan (ao vivo, ‘Live in London’) (Leonard Cohen)
Minor Threat (Minor Threat)
Hands Around My Throat (Death in Vegas & Nicola Kuperus)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Versinhos bacanas (25) - Purple Haze (Jimi Hendrix)

“Purple haze all in my brain
Lately things just dont seem the same
Actin funny, but I dont know why
scuse me while I kiss the sky
Purple haze all around
Dont know if Im comin up or down
Am I happy or in misery?
What ever it is, that girl put a spell on me
Help me
Help me
Oh, no, no
Hammerin
Talkin bout heart n...s-soul
Im talkin about hard stuff
If everbodys still around, fluff and ease, if
So far out my mind
Somethings happening, somethings happening
Ooo, ahhh
Ooo, ahhh,
Ooo, ahhh
Ooo, ahhh, yeah!
Purple haze all in my eyes, uhh
Dont know if its day or night
You got me blowin, blowin my mind
Is it tomorrow, or just the end of time?
Ooo
Help me
Ahh, yea-yeah, purple haze, yeah
Oh, no, oh
Oh, help me
Purple haze, tell me, baby, tell me
I cant go on like this
Purple haze
Youre makin me blow my mind...mama
Purple haze, n-no, nooo
Purple haze, no, its painful, baby


(JIMI HENDRIX tinha 23 anos e passagens pelas bandas de apoio de Little Richard, King Curtis e Isley Brothers quando começou a revolucionar a música popular em março de 1967. Seu segundo single – entre ‘Hey Joe’, lançado em 1966, e ‘The Wind Cries Mary’, também de 1967 –, ‘Purple Haze’, talvez sua canção mais conhecida, abriga também um dos riffs mais lembrados da história. O uso do instrumento arquetípico do rock passaria a mudar depois dele: microfonia, agora, é forma de arte, e virtuosismo não necessariamente é sinônimo de chatice, pretensão e auto-indulgência. A naturalidade com que o norte-americano virava do avesso o instrumento e tirava sons impossíveis, fazendo o feedback funcionar a favor e não contra, o tornaram um marco na história e uma referência para seus pares. Incômoda, inclusive: Eric Clapton, chamado de Deus pelos fãs que pichavam os muros da fervilhante swingin’ London, disse que chegou a pensar na possibilidade de se aposentar depois de ver/ouvir o bruxo em ação.
A letra da música, por sua vez, faz claríssima alusão ao LSD: a “névoa púrpura”, que faz os acontecimentos recentes não parecerem mais os mesmos e confundem a percepção, foi inspirada em um sonho de Hendrix, em que se via caminhando embaixo d’água, sendo salvo por sua fé em Jesus – a canção originalmente tinha o título de ‘Purple Haze, Jesus Saves’. Termina pedindo licença para beijar o céu, em um dos versos igualmente mais conhecidos de todos os tempos e típico da era psicodélica.
‘Purple Haze’ conta com o apoio da melhor de suas bandas, o Experience, arregimentado pelo produtor Chas Chandler, ex-baixista dos Animals: o baixista Noel Redding e o sensacional Mitch Mitchel – que rivaliza com John Bonham e Keith Moon como o maior do instrumento –, ingleses, ambos já falecidos. Mas é a fúria, o veneno e o suíngue de Hendrix que saltam aos ouvidos, mixando peso, melodia, groove e ruído na dose certa. Sua música, definida por ele como “freaky and funky”, influenciou desde o funk rock de Sly and the Family Stone – com quem faria uma jam no dia em que morreu –, ao soul psicodélico de George Clinton e seu P-Funk ao caldeirão multirreferencial de Prince, passando pela anarquia dos Red Hot Chilli Peppers dos primeiros anos.
Ao vivo, então, o magnetismo do guitarrista americano, que atravessou o Atlântico para lançar-se ao estrelato em terras britânicas, chegava ao auge da forma, com suas performances literalmente incendiárias – é só conferir no documentário sobre Woodstock recém relançado e no álbum duplo contendo a íntegra da mesma lendária apresentação.
Uma pena que tenha morrido aos 27 anos, em setembro de 1970: seu talento superior de músico, compositor, arranjador e, principalmente, de experimentador maluco, que, em apenas quatro anos, o fez um dos – no máximo – cinco maiores criadores da história do rock e o Pelé dos guitarristas, nos leva a imaginar quantas galáxias mais visitaria.)

Hendrix em ação: como Michael Jordan, Sinatra, ‘Cidadão Kane’ ou Shakespeare, o bruxo não tem concorrência

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Paradão da Semana (11-14/08/2009)

Until I Believe in My Soul (Dexy’s Midnnight Runners)
Hard to Handle (Otis Redding)
Márcio Leonardo e Telmo (Tim Maia)
Purple Haze (Jimi Hendrix)
Walking On the Moon (Police)
Nobody Knows the Trouble I’ve Seen (Sam Cooke)
A História de Jorge (Jorge Ben)
The Payback (James Brown)
Straight to the Top (Rhumba) (Tom Waits)
Ask the Angels (Patti Smith)
Calma (Rita Lee)
Agora Falando Sério (Chico Buarque)
Turn Blue (Iggy Pop)
Sweet Dream Fade (Laura Nyro)
Inútil Paisagem (Wanda Sá)
Que Loucura (Sérgio Sampaio)

Tony Wilson, o verdadeiro último romântico

Filmes de rock não são coisa particularmente frequente - e os bons, então, são raros. As narrativas ficcionais – tipo 'rock-cine-biografias' – não chegam a caracterizar exatamente um subgênero cinematográfico, ao contrário dos documentários, embora ambos sofram a influência decisiva da linguagem do vídeo-clipe, e raramente interessam a quem é identificado com o universo em questão. Daí, talvez, a pouca repercussão junto à crítica cinematográfica, salvo exceções, tipo 'The Last Waltz' ou 'Stop Making Sense'. São basicamente filmes para serem curtidos, na maioria, e a questão afetiva é, no fim das contas, mais importante do que qualquer outra coisa – o mesmo se dá com documentários futebolísticos, de interesse ainda mais restrito e voltados para um público mais específico.

Digo isso de saída, já me vacinando, porque um dos filmes que mais me emocionaram e divertiram nos últimos anos tá saindo mês que vem em DVD – ficou pouquíssimo tempo em cartaz nos cinemas, mas vez que outra aparece na programação da TV a cabo. Não sei se ‘A Festa Nunca Termina’ (ou ‘24-Hour Party People’, o que dá quase na mesma) , do inglês Michael Winterbottom – do polêmico ‘9 Canções’, do contudente ‘O Caminho para Guantánamo’ e de dramático ‘O Preço da Coragem’ – é um grande filme, de méritos estéticos ímpares ou coisa que o valha. Sei que conta – muito bem e com muito senso de humor – uma história que me é cara, a vida de um sujeito por quem nutro profunda admiração: Tony Wilson, o fundador do selo britânico Factory e um dos donos do falecido Haçienda, uma das casas noturnas mais quentes de Manchester por um bom tempo.

Wilson era um excêntrico repórter e apresentador da emissora Granada Television, de Manchester. Comandava um programa chamado ‘So It Goes’, uma espécie de revista cultural, no início dos anos 1970, e mais tarde seria também um dos âncoras do ‘Granada Reports’, o jornal da emissora. Detestava a cena musical de então (NOTA que se faz necessária: eu também, até hoje e cada vez mais), aquele período chinfrim de transição, de um conformismo e auto-indulgência quase absolutos, que vai do fim da era psicodélica ("o sonho acabou", manja?) até a explosão punk – que justamente deu o insight pra que Wilson mudasse sua vida e a cena rock de sua cidade. A história, todo mundo que acompanha a música pop com interesse conhece de cor: Tony foi ver um show dos Sex Pistols no Lesser Free Trade Hall de Manchester em junho de 1976 e, impressionado – sua definição do espetáculo foi "nada menos do que uma epifania" -, resolveu montar um selo de gravação que desse oportunidade à nova música, nervosa, sombria, desafiadora que surgia nas garagens do Reino Unido. A Factory Records então é fundada em 1978, tendo como bandas-síntese o Joy Division e o Durutti Column. O produtor das principais gravações do selo era um mago dos estúdios, o temperamental, arrogante e seboso Martin Hannett, roubado da Rabid Records. A grana era escassa, e assim continuou até o final: todo lucro que algum produto saído da "fábrica" rendia era reinvestido na gravadora ou ... torrado em festas, drogas, emprestado ou adiantado para as bandas, que davam um jeito de gastar tudo na farra e não produzir porra nenhuma: foi o caso dos doidões Happy Mondays, que conseguiram convencer Wilson a dar-lhes uma quantia razoável pra refugiarem-se nas Bahamas, onde preparariam um novo álbum, longe do burburinho de Manchester e aproveitariam pra se desintoxicar – o cantor Shaun Ryder, além de consumidor contumaz de ecsasy (chegou a temer ficar encarcerado no Brasil, às vésperas da vinda dos HM para o Rock in Rio 2, pois pretendia desembarcar aqui com vasta munição), tinha problemas sérios com a heroína, e uma vez iniciado tratamento pra se livrar da droga utilizando metadona, acabou previsivelmente viciado nas duas. Claro que não gravaram porra nenhuma, e a grana só serviu pra forrar ainda mais o estoque de porcarias consumidas apaixonadamente pelo grupo no Caribe. Nem o sucesso estrondoso de ‘Blue Monday’, do New Order, até hoje o single independente mais vendido da história, aliviou o caixa da gravadora. Mas Wilson não tava nem aí, achava que tinha uma missão, e era isso que interessava - o que ocasiona quase cenas de pugilato com seus sócios. É comovente o apoio que dá a Vinny Reilly (durutti Column), quando este toca a sua música – difícil, inclassificável, até para os padrões radicais da época – para quase ninguém no Haçienda.

O filme basicamente é dividido em duas partes, cada uma correspondendo a uma das duas cenas musicais que tiveram a Factory em seu epicentro: o lúgubre primeira leva pós-punk de fins da década de 1970 e sua quase antítese, a colorida e hedonista cena rave – que apelidaria a cidade de ‘Madchester’ – da virada dos 80 para os 90. Na primeira, o enfoque é o drama do Joy Division e seu depressivo, epilético e por fim suicida cantor Ian Curtis – num registro bem mais plausível do ator Sean Harris do que o entregue por Sam Reilly em ‘Control’: percebe-se a dor e a tormenta sem fim de Ian em seu olhar, ao contrário do que ocorre no filme de Anton Corbijn. Na segunda, a doideira inconsequente e o hedonismo ‘sobre o amanhã ainda nem pensei’ dos Happy Mondays de Shaun Ryder – o ator Danny Cunningham, além de muito parecido com o frontman dos Mondays, está particularmente engraçado no papel. Por sua vez, o retrato afetivo/cômico de Wilson é valorizado pela brilhante atuação de Steve Coogan, cuja performance chegou a ser elogiada por seu colega e compatriota Alfred Molina no sketch que ambos dividem em ‘Café e Cigarros’, de Jim Jarmusch. Participantes das duas cenas de Manchester aparecem no filme: Mark E. Smith (The Fall) surge na fila do Haçienda, Vinny Reilly (Durutti Column) cruza a tela em um show, assim como Mani, dos Stone Roses.

Então, pra finalizar, voltando lá ao início do texto, assim que adquirir minha cópia de ‘A Festa Nunca Termina’, vou poder rever o filme e, quem sabe, chegar a uma conclusão se a obra vai além da diversão (garantida) e do retrato afetivo de uma época (ou duas, pra ser mais exato) importante da música pop. Só sei que vou me divertir de novo e de novo e de novo ... O filme é pra quem se identifica com gandaia, anarquia, terrorismo cultural, hedonismo. E pra quem tem sentimentos, é claro. (A propósito: Tony Wilson faleceu há dois anos, em agosto de 2007, aos 57 anos, vítima de ataque cardíaco. Ele tinha câncer no fígado.)


O verdadeiro Wilson na labuta: herói de quem ama o rock de verdade

O Wilson do filme, interpretado pelo impagável Coogan, na companhia de sua primeira mulher, Lindsay/Shirley Henderson: estupefato após ver os Pistols


PS - a trilha, claro. É essa aí abaixo, saiu no Brasil na época - hoje, talvez, requeira uma busca mais demorada:

1. Anarchy in the UK (Sex Pistols)/2. 24 Hour Party People (Happy Mondays)/3. Transmission (Joy Division)/4. Ever Fallen in Love (Buzzcocks)/5. Janie Jones (The Clash)/6. New Dawn Fades (New Order featuring Moby)/7. Atmosphere (Joy Division)/8. Otis (The Durutti Column)/9. Voodoo Ray (A Guy Called Gerald)/10. Temptation (New Order)/11. Loose Fit (Happy Mondays)/12. Pacific State (808 State)/13. Blue Monday (New Order)/14. Move Your Body (Marshall Jefferson)/15. She's Lost Control (Joy Division)/16. Hallelujah [Club Mix] (Happy Mondays)/17. Here to Stay [Full Length Vocal] (New Order)/18. Love Will Tear Us Apart (Joy Division)

Frases e diálogos inesquecíveis (25) - TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE

Bob Woodward: 'The story is dry. All we've got are pieces. We can't seem to figure out what the puzzle is supposed to look like. John Mitchell resigns as the head of CREEP, and says that he wants to spend more time with his family. I mean, it sounds like bullshit, we don't exactly believe that...'

Deep Throat: 'No, heh, but it's touching. Forget the myths the media's created about the White House. The truth is, these are not very bright guys, and things got out of hand.'

Bob Woodward: 'Hunt's come in from the cold. Supposedly he's got a lawyer with $25,000 in a brown paper bag.'

Deep Throat: 'Follow the money.'

Bob Woodward: 'What do you mean? Where?'

Deep Throat: 'Oh, I can't tell you that.'

Bob Woodward: 'But you could tell me that.'

Deep Throat: 'No, I have to do this my way. You tell me what you know, and I'll confirm. I'll keep you in the right direction if I can, but that's all. Just... follow the money.'

(Um dos melhores thrillers dos anos 1970, ‘Todos os Homens do Presidente’, dirigido pelo experimentado Alan J. Pakula – ‘A Trama’, ‘Klute – Seu Passado o Condena’ – é a transposição, evidentemente mui resumida, para as telas do best-seller homônimo da dupla de jornalistas do Washington Post Bob Woodward e Carl Bernstein, que detalha as investigações a partir da invasão dos escritórios democratas em um prédio de Washington D.C. chamado de Watergate, em 1972, que vai revelar um rumoroso caso de espionagem política e culminará com a renúncia de Richard ‘Tricky Dick’ Nixon.
O diálogo acima, entre WOODWARD/ROBERT REDFORD e o misterioso GARGANTA PROFUNDA/HAL HOLBROOK, talvez seja o mais elucidativo da trama, quando a fonte insiste para que o repórter siga a trilha do dinheiro, em boa parte oriundo de doações ilegais de campanha. O presidente Nixon, então no auge da popularidade – recém reeleito com ampla maioria de votos, ainda podia se gabar de ter melhorado as relações dos EUA com as vermelhas China e União Soviética –, é pego no contrapé quando a inquieta dupla de repórteres passa a desconfiar que há algo mais por trás da estranha invasão dos escritórios. E havia mesmo: no decorrer da investigação, vieram à tona as contribuições ilegais à campanha de reeleição de Nixon e o uso do FBI e outras agências governamentais pelos republicanos com fins políticos – os planos iam desde atrapalhar a campanha democrata a implicar o partido adversário em supostas atividades criminais. Em princípio, Woodward e Bernstein – Dustin Hoffman, já despontando como um dos grandes atores da América –, enfrentaram ameaças fora e restrições dentro do jornal, mas contaram com o apoio decisivo do editor-executivo, Ben Bradlee – Jason Robards Jr. –, que mandou-os seguir em frente.
A identidade do Garganta Profunda – cuja alcunha, obviamente, vem do famoso filme pornô com Linda Lovelace, também de 1972 – só seria revelada anos mais tarde, por ele mesmo: Mark Felts, vice-presidente do FBI, contrariado por ter sido preterido ao posto máximo do bureau – chegou ao cargo de Diretor Associado, o segundo na hierarquia –, só admitiria ser o informante da dupla de repórteres em 2005, três anos antes de sua morte, aos 95 anos de idade.
Além da competente direção de Pakula e da carismática dupla principal, ‘Todos os Homens do Presidente’ beneficia-se da feliz escolha do elenco de apoio – Martin Balsam, Jack Warden, Jane Alexander, Ned Beatty – e do sempre ótimo trabalho de câmera de Gordon Willis, e ainda foi lançado justamente no simbólico ano do bicentenário americano, 1976, que levou os democratas de novo ao poder, com a eleição de Jimmy Carter. Um ano depois, Nixon concederia ao apresntador de TV David Frost a histórica entrevista em que admitiria finalmente ter traído o povo americano – por sua vez, tema do filme de Ron Howard recém lançado nas locadoras, um dos melhores exibidos no Brasil esse ano.
Pakula, produtor do tocante ‘O Sol é Para Todos’ e realizador do amargo ‘A Escolha de Sofia’, nasceu em abril de 1928 em Nova Iorque, vindo a falecer em um acidente automobilístico, em 1998, numa via expressa de sua cidade natal.)

O farejador incansável WOODWARD/REDFORD trocando uma ideia com sua fonte, o misterioso GARGANTA PROFUNDA/HAL HOLBROOK: ressentimento do diretor relegado do FBI deu o empurrão que levou à trilha da grana e fez a casa cair. Isso não te diz nada?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Paradão da Semana (03-07/08/2009)

Novocaine for the Soul (Eels)
Superball (Helium)
Finally Free (Elf Power)
Banquet (Bloc Party)
Stepping Out of Line (Au Pairs)
Packs of Three (Arab Strap)
Now It’s On (Grandaddy)
The Shiney Sea (Apples in Stereo)
Roland (Interpol)
I Found That Essence Rare (Gang of Four)
Requiem (Killing Joke)
Ymaelodi Â'r Ymylon (Super Furry Animals)
She’s Unreal (Meat Beat Manifesto)
Thru the Haze (Jaz Klash)
Green Fingers (Siouxsie & The Banshees)
Chewing the Apple of Your Eye (Flaming Lips)
Fyuz (Add N To (X))
Midwest (Spring Heel Jack)

Frases e diálogos inesquecíveis (24) – A Noiva de Frankenstein (JAMES WHALE)

Dr. Pretorius: ‘Você sabe quem é Henry Frankenstein, e quem é você?

O Monstro: ‘Sim, eu sei. Ele me fez dos mortos. Eu adoro mortos. Odeio vivos (*).’

Pretorius: ‘Você é bastante sábio (**).’

(*) ‘Hate living’.

(**) ‘You’re wise in your generation’.


(Diálogo entre o cientista louco Dr. Pretorius/Ernst Thesiger e o Monstro/Boris Karloff, no impagável ‘A NOIVA DE FRANKENSTEIN’, dirigido por James Whale em 1935. O melhor de todos os filmes baseado na obra de Mary Shelley, em vez de assustar, diverte: trata-se de uma das melhores comédias de todos os tempos, travestida de filme de horror, valorizada sobretudo pelos diálogos de duplo sentido, como o reproduzido acima, e o subtexto – a trama pode ser entendida tanto como uma ode à tolerância quanto uma parábola gay (em uma determinada sequência, o monstro fugitivo, com quem Whale claramente simpatiza, encontra guarida na casa de um cego, que o acolhe e agradece aos céus por não estar mais entregue à solidão). O filme começa com um diálogo entre Mary Shelley/Elsa Lanchester, seu marido, o poeta Percy Shelley/Douglas Walton e o amigo Lord Byron/Gavin Gordon, sobre a repercussão da obra dela, ‘Frankenstein’, nos meios literários. Mary observa que seu intuito era narrar uma fábula moral, em que um homem resolve brincar de Deus e desencadeia trágicas consequências, e acrescenta que a história do Dr. Victor Frankenstein/Colin Clive e sua criatura não acabaram ali. A partir daí, ficamos sabendo que o Monstro sobreviveu ao incêndio narrado no primeiro filme – ‘Frankenstein’, rodado quatro anos antes –, e, paralelamente, o bizarro Pretorius chantageia Victor Frankenstein para que o ajude num outro experimento: criar uma companheira para o Monstro. A sequência do "nascimento" da nova criatura é um momento antológico do cinema de ficção, assim como o visual da noiva – também encarnada por Elsa Lanchester –, com os desenhos de raios de luz que ornamentam sua cabeleira. Os cenários, exagerados e distorcidos, inspirados no expressionismo alemão, também contribuem para o clima do filme. O realizador James Whale, retratado em seus últimos dias por Bill Condom em 1998 em ‘Deuses e Monstros’ – que deu uma indicação ao Oscar para sir Ian McKellen pelo papel – nasceu em Dudley, na Inglaterra, em 22 de julho de 1893, e faleceu em 29 de maio de 1957, em Hollywood, afogado na sua piscina de sua casa. Já havia se retirado do cinema em 1941, logo após iniciar ‘They Dare Not Love’, completado por Charles Vidor. Deixou clássicos do horror como a excelente versão de ‘O Homem Invisível’, de 1933, e ‘A Casa Sinistra’, de 1932, e a segunda – e, para muitos, melhor – versão de‘Show Boat’, musical do trio Edna Farber/Jerome Kern/Oscar Hammerstein II. O primeiro ‘Frankenstein’, de 1931, filme que marcaria sua carreira, foi o segundo longa que dirigiu.)

O quarteto Victor Frankenstein/Colin Clive, a Noiva/Lanchester, o Monstro/Karloff e Dr. Pretorius/Ernst Thesiger: poucos filmes são tão divertidos - e sugestivos - como esse precursor do "terrir" do talentoso Whale

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Versinhos bacanas (24) - A Design For Life (MANIC STREET PREACHERS)

"Libraries gave us power
Then work came and made us free
What price now for a shallow piece of dignity

I wish I had a bottle
Right here in my dirty face to wear the scars
To show from where I came

We dont talk about love we only want to get drunk
And we are not allowed to spend
As we are told that this is the end

A design for life
A design for life
A design for life
A design for life

I wish I had a bottle
Right here in my pretty face to wear the scars
To show from where I came

We dont talk about love we only want to get drunk
And we are not allowed to spend
As we are told that this is the end

A design for life
A design for life
A design for life
A design for life

We dont talk about love we only want to get drunk
And we are not allowed to spend
As we are told that this is the end

A design for life
A design for life
A design for life
A design for...
"

(‘A Design For Life’, MANIC STREET PREACHERS. Clássico do britpop dos anos 90 – lançado em abril de 1996, no auge da onda, quando Oasis e Blur digladiavam-se pela preferência popular e dos críticos –, o primeiro single do álbum ‘Everything Must Go’, além da melodia arrebatadora, do belo arranjo de cordas e dos versos inspirados de Nicky Wire – na tradição política da banda, adepta ferrenha do socialismo – tira boa parte de sua força do momento por que vivia a banda então: o principal compositor dos Manics, o depressivo Richey James – que certa vez, em uma entrevista na TV, talhou um ‘4 Real’ no próprio braço pra convencer o entrevistador de que seu sofrimento era verdadeiro, além de outros episódios de auto-mutilação em pleno palco – havia desaparecido sem deixar rastro meses antes: seu carro foi encontrado à beira do Tâmisa e desde então é dado como morto. Em frangalhos, o trio restante – Nicky, o baixista, amigo de Richey desde sempre, James Dean Bradfiled, guitarrista e vocalista, e Sean Moore, baterista – resolveu ir em frente. Os Preachers, a mais conhecida banda da forte cena galesa dos 90 – que inclui Super Furry Animals, Catatonia, Gorky’s Zygotic Mynci – vinha de álbuns de grande repercussão – ‘Generation Terrorists’, de 1992, ‘Gold Against the Soul’, de 1993, e principalmente ‘The Holy Bible’, de 1994 – quando foi pego pela tragédia, mas deu a volta por cima com o quarto disco, ‘Everything Must Go’, de 96, justamente precedido pelo single em questão, com sua orquestração à la Phil Spector – o inglês Starsailor, herdeiro da cena britpop, recorreria de fato ao lendário produtor americano em ‘Silence is Easy’, de 2004, com bons resultados, mas que não chegam nem perto dos galeses – letra explorando o conflito de classes e performance na medida, equilibrando classe e emoção. ‘A Design For Life’, que teve seu título inspirado no primeiro E.P. do Joy Division, ‘An Ideal For Living’, chegou ao número 2 da para britânica, e à canção seguiram-se outras quatro a figurarem no Top 10. Na eleição dos melhores de 1996 da NME, Nicky, James e Sean fizeram barba, cabelo e bigode, levando os prêmios de single, álbum e banda do ano. O disco mais recente dos Preachers, ‘Journal For Plague Lovers’, saiu lá fora em maio. Por aqui nada, por enquanto.)

Os Manic Street Preachers, ainda com o atormentado Richey: das trevas, fez-se a luz

domingo, 2 de agosto de 2009

Paradão da Semana (27-31/07/2009)

Nebraska (Bruce Springsteen)
Dink’s Song (Bob Dylan)
Foggy Notion (Velvet Underground)
The Pigs (Suede)
Bug Powder Dust (Kruder & Dorfmeister Session) (Bomb The Bass)
Darkheart Braindead (Tom Waits)
Naked in the Jungle (Van Morrison)
1970 (Stooges)
A Design For Life (Manic Street Preachers)
2001 Spliff Odyssey (Thievery Corporation)
New + Improved (Herbaliser)
Eu Tou Por Fora da Jogada (Trio Mocotó)
Abrigo de Vagabundos (Adoniran Barbosa)
Straight Jacket (João Donato)
Groovallegiance (Funkadelic)
Mushroom Clouds (Love)
Apeman (Kinks)
Seeing Red (Red Snapper)
Mr. Funky Samba (Banda Black Rio)
Cordas de Aço (Cartola)
Mustang Cor de Sangue (Marcos Valle)
Visions (Stevie Wonder)
In Time (Sly & The Family Stone)
Tribal Gathering (Byrds)
Because (Beatles)