segunda-feira, 28 de junho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (40)

Com atraso - problemas 'técnicos' e puro vacilo, mesmo -, vai aí o playlist do que tocou no último sábado, 26, no nosso 40o (!!!!!) programa. Sorry, moçada - mas fiquem ligados que no próxim tem um especial cascudo do Sonic Youth!

1º bloco:

JESSE MALIN & THE ST. MARK’S PLACE – Burning the Bowery
Novaiorquino do Queens, 42 anos, ex-vocalista do hardcore Heart Attack (na adolescência) e do giltter D Generation, desde 2001 em carreira-solo, gravando discos em que a tônica é o mix do som indie com as raízes da música americana – o folk, o blues, o country –, com fartas referências a Bob Dylan, Lou Reed, Neil Young e a seu ídolo Bruce Springsteen. Jesse já pintou por aqui no CM com uma faixa de seu excelente disco de estreia, ‘The Fine Art of Sel-Destruction’ (2003, produzido pelo ex-Whiskeytown Ryan Adams), vem de um álbum de covers e outro ao vivo, lançados em 2008, e há pouco lançou Love It to Life’, tendo como banda de apoio o St. Mark’s Social, grupo que descobriu ano passado.

BAND OF HORSES – On My Way Back Home
Americanos de Seattle, Washington, na estrada desde 2004, já com três álbuns no currículo, os dois primeiros pelo selo Sub Pop, uma das glórias da cidade, e o mais recente, o recém-lançado Infinite Army’, pela Fat Possum Records. O som é um mix de power pop com folk, country, harmonias vocais à Beach Boys ... Ou dseja, som indie com sabor de country rock californiano sessentista. Os múlti-instrumentistas Ben Bridwell e Mat Brooke são os sócios-fundadores do grupo, que agora é um quinteto, com todos colaborando nas composições.

BLITZEN TRAPPER – Heaven and Earth

Também americanos, do noroeste, ali pertinho de Seattle – de Portland, Oregon, lar do cineasta Gus Van sant e um celeiro de bandas indie super bacanas há pelo menos uns vinte anos. O BT também tem influência do country e do folk (Neil Young, em especial), mas igualmente do som lo-fi dos anos 1990 e do art rock dos 1970’s. Eric Earley, cantor e compositor, é o líder do grupo, na ativa já há 10 anos, e que antes de assinar com a Sub Pop em 2008 lançou trÊs discos às próprias custas. O trabalho mais recente, o quinto, é ‘Destroyer of the Void’, lançado há pouco.

2º bloco:

JESUS AND MARY CHAIN – Some Candy Talking

Patrimônio do som indie de todos os tempos e mesmo da história do rock, responsável por um dos álbuns mais barulhentos que já se ouviu – prestes a completar 25 anos de lançamento –, passou por Porto Alegre há exatos 20 anos, deixando um zunido insistente nos tímpanos de quem esteve presente à sua performance no Salão de Atos da Reitoria da UFRGS. Havia pendurado as chuteiras em 1999, depois de 15 anos de estrada, muitos excessos e brigas dos irmãos Reid, Jim e William, mas a partir de uma bem-sucedida apresentação no Festival Coachella, em 2007 – com direito a participação de Scarlett Johansen –, os irmãos resolveram reatar a parceria, e um disco novo é esperado para breve. Entre a dissolução e a volta, os álbuns de carreira foram relançados, coletâneas e um caprichado box set foi colocado no mercado, dando aos velhos e novos fãs a chance de curtir velhos clássicos, como ‘Some Candy Talking’, single lançado em 1986, um ano após o álbum de estreia, e a última gravação com o line-up original, tendo Douglas Hart no baixo e o dono do Priaml Scream, Bobby Gillespie, martelando um kit de bateria tão econômico quanto o de Moe Tucker no Velvet Underground.

THE PASTELS – Unfair Kind of Fame
Conterrâneos – também são escoceses de Glagow – e contemporâneos – na verdade, são até mais antigos, estão na ativa desde 1982 – do Jesus, embora jamais tenham interrompido a carreira, não têm nem dez discos no currículo, pois lançam seus trabalhos com longos intervalos entre um e outro. Stephen Pastel, o líder, cantor, compositor e guitarrista, é o cara que fez a coisa acontecer na cena pop de meados dos anos 1980 na Escócia: seu lendário selo 53rd & 3rd lançou, entre várias bandas importantes, sobretudo da famosa ‘class of 86’, os Shop Assistants, o BMX Bandits (embrião do Teenage Fanclub), os Vaselines e até o próprio Jesus And Mary Chain. A música simples, despojada, preguiçosa, mas emotiva e com boas melodias, foi então apelidada pela imprensa britânica de “shambling pop”, e os Pastels eram chamados de “anorak” band (anoraks são aquelas blusas de gola longa, tipo “cacharrel”, baratas e muito usadas pelo pessoal da época). O álbum mais recente dos Pastels é ‘Two Sunsets’, do ano passado, recém o segundo lançado nos anos 2000. A banda teve grandes momentos nos anos 1980 e 1990, e o E.P. Unfair Kind of Fame’, de 1997, é um deles.

WE’VE GOT A FUZBOXX (AND WE’RE GONNA USE IT) – XXX Sex
O “Jesus And Mary Chain de saias”, quarteto feminino inglês de Birmingham, durou apenas cinco anos (1985 a 1990), mas resolevu voltar este ano. As meninas era muito jovens quando gravaram o primeiro single, ‘XXX Sex’, em 1986 – a vocalista e violinista Vix não tinha 18 anos completos –, e deixaram dois álbuns. A propósito do nome da banda, a escolha deu-se a partir da frase pronunciada de maneira radiante pela múlti-instrumentista e também vocalista Maggie Dunne quando as garotas compraram seu primeiro pedal de distorção: “Nós temos um fuzzbox e vamos usá-lo!”.

THAT PETROL EMOTION – Can’t Stop
Contemporâneos do Jesus, dos Pastels e do Fuxxbos, só que irlandeses de Derry, deram o pontapé inicial em 1984, embora seus fundadores, os irmãos Sean (guitarra) e Damian O’Neil (baixo) já fossem veteranos: foram antes integrantes dos clássicos Undertones, a mais importante banda do punk irlandês (e que já foi atração do CM, naturalmente). O TPE fazia um rock igualmente energético, barulhento e politizado, com boas melodias e baseado no contraponto das duas guitarras. Tinha o atlético americano Seteve Mack como seu frontman e deixou apenas cinco discos, sendo o mais marcante deles o primeiro, ‘Manic Pop Thrill’, de 1986.


3º bloco: BRIAN ENO – ‘Here Come the Warm Jets’ (1974)
Um dos poucos caras na história da música pop e do rock que pode efetivamente ser chamado de gênio, cuja influência é incalculável não apenas por trafegar por vários estilos – antecipando alguns, inclusive –, mas principalmente por mudar a maneira como a música é percebida. Brian Eno, auto-intitulado ‘não músico’ (pra ele, sempre mais interessou a textura sonora do que as demonostrações de técnica), pioneiro da ‘ambient music’, artista múlti-mídia, um dos caras que primeiro e melhor fizeram a fusão de ritmos étnicos com o rock e o pop, produtor de discos marcantes do U2, David Bowie, Talking Heads, Laurie Anderson, Coldplay e outros, é verbete incontestável da música contemporânea.

Brian Peter George St. Baptiste de la Salle Eno, inglês de Woodbridge, nascido em 15 de maio de 1948, estudou arte na escola, tendo como inspiração inicial a pintura minimalista. Começou a utilizar um gravador como intrumento musical, inspirado em uma obra do compositor Steve Reich chamada ‘It’s Gonna Rain’, que era justamente uma “orquestra de tapes”. LaMonte Young, Terry Reilly e John Cage eram outras de suas referências, assim como as músicas que ouvia no rádio quando criança – o doo wop e os primódios do rock americano dos anos 1950, que conheceu ouvindo a rádio do exército americano, que tinha uma base na área rural de Suffolk, onde viviam Eno e sua família. Eno descreve essa música que ouvia na infância como “de marte”. Encorajado pelo pintor Tom Philips, seu professor no St. Joseph’s College, entrou na Scratch Orchestra de Cornelius Cardew, quando fez suas primeiras gravações. Daí para o rock ...

Eno entra no Roxy Music em 1971, mas num primeiro momento não participava dos shows, apenas limitando-se a operar seu sintetizador VCS3, a mesa de som e os tapes pré-gravados, mas logo ficou claro que as suas esquisitices ajudavam a definir mais claramente o conceito Roxy de fazer música – ‘Remake/Remodel’ –, retrabalhando influências que vinham da música pop americana, forjando um rock experimental. Outra coisa que logo ficou clara é que o Roxy era pequeno demais para suas duas figuras mais sui generis, Eno e o frontman Bryan Ferry, e depois do segundo disco do grupo, ‘For Your Pleasure’, de 1973, Eno decidiu pular fora, já tendo engatilhada uma colaboração com outra figura da vanguarda do rock, o guitarrista Robert Fripp, do King Crimson, no álbum ‘Pussyfooting’. Mas seu primeiro álbum-solo ainda marcado pelas experiências glam do Roxy, viria no ano seguinte.

‘Here Come The Warm Jets’, recheado de participações especiais (o citado Fripp, o guitarrista Chris Spedding, o baixista Busta Jones, e todo o Roxy Music à exceção de Bryan Ferry), foi gravado de maneira pouso usual: Eno queria juntar músicos cujos estilos não tivessem nada a ver uns com os outros – de preferência, com formações até mesmo antagônicas. Orientava os caras utilizando linguagem corporal e dança, e pedia que os caras cantassem versos nonsense, que seriam a base para as futuras letras das canções. Depois que cada um gravava sua parte em separado, Eno condensava e mixava tudo, muitas vezes resultando em algo totalmente diferente do que fora registrado. Quanto ao título – “Aí vão os jatos quentes” –, Eno na época disse que referia-se a urina. Vinte e cinco anos depois, em uma entrevista esclareceu que na verdade a expressão descrevia o som que buscava para a sonoridade da guitarra da faixa-título.

O álbum teve excelente repercussão junto à crítica – o lendário Lester Bangs o definiu como “incrível” e a ele seguiram-se outras obras-primas do rock experimental, como ‘Taking Tiger Mountain (By Strategy)’, ‘Another Green World’ e ‘Before and After Science’ (todos relançados remasterizados nesta década pelo selo AstralWerks), os famosos discos ambient – ‘Music For Airports’, ‘Music For Films’ – e colaborações com John Cale, David Byrne, além das suas produções que entraram para a história, como a trilogia berlinense de David Bowie e alguns dos discos mais bem-sucedidos do U2. O disco mais recente de Eno é ‘Ambient: The Plateaux of Mirror’, do ano passado.

Needles in the Camel’s Eye
Baby’s On Fire
Driving Me Bacwards
Some of Them Are Old

sexta-feira, 18 de junho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (39)

O programa deste sábado, 19, tá do c*: três lançamentos quentíssimos (novas do Arcade Fire, Japandroids e Wavves), quatro bandas de meninas muito bacanas (Cibo Matto, Le Tigre, Luscious Jackson e o Men - que esteve entre nós semana passada) e um tesouro escondido (o Pylon, conterrâneo e contemporâneo de R.E.M. e B-52's - ambos, aliás, idolatravam os caras). É às 22h na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!


1º bloco:

ARCADE FIRE – Month of May

Banda canadense de Montreal, do primeiríssimo time do rock atual, fez um show até hoje muito lembrado em Porto Alegre em 2005, abrindo para os Strokes no futuro Pepsi On Stage, na perna gaúcha do Tim Festival. Na ativa desde 2003, com dois álbuns ultra-elogiados no currículo, ‘Funeral’ (2004) e ‘Neon Bible’ (2007), tá voltando com o aguardadíssimo ‘The Suburbs’, que sai em breve. Apresentações teatrais, referências musicais as mais variadas (bossa nova, canção francesa, punk rock, o pós-punk dos anos 1980, o indie rock dos 1990), o grupo liderado pelo casal Win Butler e Régine Chassagne tocou nos principais festivais de rock do planeta, apresentou-se na campanha à presidência de Barrack Obama, abriu para o U2 e chegou a fazer mais de um show a cada três dias no intervalo de um ano tempos atrás.

JAPANDROIDS – Art Czars
Também canadenses, esses de Vancouver, mas com um approach totalmente diferente: duo de guitarra e bateria – Brian King é o homem das cordas, David Prowse é o responsável pelas baquetas –, tem no punk e no powerpop suas maiores inspirações. Um álbum de carreira apenas, ‘Post-Nothing’, um dos melhores do ano passado (mostramos aqui no programa), tiveram uma coletânea de faixas dispersas, ‘No Singles’, lançada recentemente no mercado, assim como dois singles, ‘Younger Us’ e este ‘Art Czars’.

WAVVES – Post Acid
Projeto do malucão Nathan Williams, californiano de San Diego, um skatista largadão que faz um som lo-fi garageiro, que abandonou seu emprego como atendende de uma loja de discos pra se dedicar full-time a seus três maiores prazeres: andar de skate, compor músicas e consumir cannabis. Sem gravadora, começou a digitalizar seus singles, até que chamou a atenção da imprensa especializada e fãs de música indie. ‘Wavvves’, o disco, veio no ano passado, e o cara não para: ‘Post Acidé o single mais recente, recém lançado.


2º bloco:

CIBO MATTO – Beef Jerky

Dupla de japonesinhas muito bacana formada em Nova Iorque na primeira metade dos anos 1990, fazia um mix de funk, tropicalia, melodias pop, batidas de hip-hop, deixaram apenas dois álbuns e separaram-se logo depois do segundo, ‘Stereo Type A’, de 1999. Miho Hatori (vocalista) e Yuka Honda (tecladista e responsável também pelos samplers) chegaram em momentos diferentes à big apple, foram se conhecer lá mesmo e antes do Cibo Matto (“loucura por comida”, em italiano), ainda tocaram juntas em uma banda noise chamada Leitoh. Honda havia sido integrante do Brooklyn Funk Essentials, enquanto Hatori fora do grupo de rap Kimidori, em Tóquio. Sean Lennon e o baterista de Jon Spencer, Russel Simmins, chegaram a fazer parte da banda por um curto período. ‘Viva! La Woman’, de 1996, é um dos discos mais divertidos da década de 1990.

LUSCIOUS JACKSON – Daughters of The Chaos
Geralmente relacionadas aos Beastie Boys – as meninas gravavam pelo selo do trio, Grand Royal, e Kate Schellenbach foi a primeira baterista dos Beasties, no tempo em que os caras tocavam hardcore –, o Luscious Jackson fazia uma colagem com referências muito parecidas com as do Cibo Matto, mas o som, mais denso, remetia também ao típico rock indie americano dos anos 1990. Gabby Glaser (guitarrista e vocalista), Jill Cunniff (baixista e vocalista) e a citada Schellenbach conheceram-se na adolescência em Nova Iorque, quando frequentavam a cena musical da cidade – Cunniff, inclusive, editava um fanzine chamado The Decline of Art. Formaram o Luscious em 1991, já tendo Vivain Trimble (tecladista) na formação. O primeiro E.P., ‘In Search of Manny’ (1993), foi sensação entre o povo indie, assim como o álbum de estreia, ‘Natural Ingredients’ (1994), que rendeu uma tour nacional abrindo para o R.E.M. em 1995. ‘Fever In Fever Out’ (1996), produzido por Daniel Lanois, é bem variado, e ‘Electric Honey’ (1999), já sem Vivain, é honesto mas não segurou a onda: as meninas se separaram um ano depois.

LE TIGRE – What’s Yr Take On Cassavetes
Trio americano, tem sua figura central em Kathleen Hanna, ex-líder do barulhento Bikini Kill, feminista radical, editora de fanzine, inspiradora do hino do grunge – Kurt cobain escreveu ‘Smells Like Teen Spirit’ inspirado em uma frase que ela deixou no espelho de sua casa, quando eram namorados, e mulher de Ad Roc, dos Beastie Boys. Na verdade, o Le Tigre tinha sido fundado pra ser um projeto solo dela, mas aos poucos Johanna Fateman (também fanzineira) e Sadie Benning (cineasta) foram se impondo. Bening só participou do primeiro álbum, homônimo, lançado em 1999, que trazia um som que mixava punk, pop, samples e batidas eletrônicas, sendo sbstituída por J.D. Sampson a partir do segundo, ‘Feminist Sweepstakes’ (2001). ‘This Island’, o mais recente, é de 2004, e é o primeiro lançado por uma grande gravadora – no caso, a Universal. O Le Tigre está de férias desde 2007, e nesse meio-tempo, Fateman e J.D. aproveitaram pra fundar outro projeto, o Men.

MEN – Off Our Backs
Grupo novaiorquino formado originalmente por dois terços do Le Tigre, Johanna Fateman e J.D. Samson, embora só essa última ainda permaneça como integrante full-time – Johanna colabora como compositora e produtora mas não excursiona, dedicando-se a outros projetos. Juntaram-se às duas, integrantes de outro projeto de J.D., o Hirsute: Michael O’Neill (que toca também no Ladybug Transistor) e Ginger Brooks Takahashi. A banda, que ainda não tem contrato com nenhuma gravadora, tem um E.P. de três faixas lançado este ano, e na semana passada, apresentou-se em Porto Alegre, no Beco, no braço gaúcho do festival PopLoad, organizado pelo jornalista Lúcio Ribeiro, junto com os Girls.


3º bloco: PYLON – ‘Gyrate’ (1980)/‘Chomp’ (1983)

Mais uma daquelas bandas muito mais faladas do que ouvidas, esta, os fãs de R.E.M. e B-52’s em algum momento já ouviram a respeito: da mesma cidade que as bandas de Michael Stipe e Kate Pierson, o Pylon foi o precursor da cena nwe wave de Athens, no estado americano da Georgia, foi uma grande inspiração para os outros grupos da cidade, mas infelizmente nunca fez sucesso sequer minimamente comparável com os conterrâneos, e nem mesmo uma forcinha de seus fãs/discípulos/amigos deu jeito. Deixou apenas dois álbuns em cinco anos, animou-se a voltar cinco anos depois, mas acabou desistindo de novo, mas nos últimos anos sua obra tem experimentado uma espécie de revisão, com seus dois primeiros discos sendo relançados de forma caprichada.

O guitarrista Randy Bewley e o baixista Michael Lachowski, estudantes de artes na Universidade da Geórgia, fundaram o Pylon em 1978, inspirados no som da cena novaiorquina do CBGB (Television, Talking Heads, Ramones) e tomaram emprestado título de um romance de William Faulkner. Ensaiavam num loft alugado de um artista local, Curtis Crowe, que logo tornaria-se o baterista do grupo, e completariam a formação no mesmo meio: depois de testar vários candidatos, Vanessa Briscoe, também estudante de artes, ficou com o posto. O show de estreia do grupo foi em março de 1979, no mesmo momento em que os conterrâneos do B-52’s ganhavam as paradas do país com o single ‘Rock Lobster’. O primeiro single do Pylon viria no começo de 1980, ‘Cool’, tendo ótima recepção da crítica e logo virando um hit underground. ‘Gyrate’, o disco de estreia, viria em seguida e logo após teve a chance de apresentor-se no Central Park novaiorquino abrindo para o B-52’s. O disco seguinte, ‘Chomp’, veio em 1983 depois de constantes tours pela América, mas a banda a essas alturas já andava desmobilizada, inclusive por não ter ficado satisfeita com o álbum, e então resolveram se separar.

Quatro anos se passaram, e numa famosa entrevista dada à revista Rolling Stone, quando sua banda era eleita a melhor da América, o baterista do R.E.M., Bill Berry, agradeceu mas fazendo a ressalva que a honra cabia ao Pylon, uma grande influência no trabalho de seu grupo - o R.E.M inclusive gravou 'Crazy', do Pylon, no álbum 'Dead Letter Office'. Somando-se a isso, o lançamento da coletâneaHits’, pelo selo dB, inspirou então os caras a voltarem, e o Pylon então lançou mais um disco, ‘Chain’, em 1990, mas o guitarrista Bewley logo anunciaria sua saída, ocasionando nova dissolução. O último show do grupo, no auge do estouro do grunge, foi realizado na Athens natal, em 22 de novembro de 1991. Nos últimos anos, sua música foi resgatada pelo selo DFA (de James Murphy, do LCD Sound System), com o relançamento dos dois primeiros discos, expandidos – ‘Gyrate Plussaiu em 2007, ‘Chomp More’, em 2009. Bewley faleceu em 2005, vítima de ataque cardíaco.

Cool
Volume
Feast On My Heart
Beep
Crazy

sexta-feira, 11 de junho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (38)

Tá aí o playlist do programa deste sábado, 12, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede), às 22h. E dá-lhe anos 70! Enjoy ('engaged' or 'single')!

1º bloco:

JÓNSI - Go Do

Alcunha do islandês Jon Thor Birgisson, durante 16 anos vocalista do atmosférico, viajandão e cult Sigur Sós, baluarte do pós-rock dos anos 1990 e 2000. ‘Go’, deste ano, é seu primeiro álbum-solo – antes, no ano passado, havia lançado um outro projeto fora do Sigur, ‘Riceboy Sleeps’, do projeto Jónsi & Alex, em parceria com Alex Somers – que também participa de ‘Go’, assim como Samuli Kosminen e o arranjador e compositor Nico Muhli.

ESPERS – That Wich Darkly Thrives
Trio americano da Filadélfia, já está no seu terceiro álbum – ‘Espers III’ foi lançado em 2009 – e o som é um mix de Velvet Underground, Love, Byrds ... psicodelia californiana sessentista, folk britânico, ruído. Nos discos, ao cantor e compositor Greg Weeks e suas parceiras Meg Baird e Brooke Sietinsons juntam-se diversos colaboradores.

THE POLYPHONIC SPREE – Soldier Girl
Outro projeto psicodélico – este, de Dallas Texas –, no caso, um combo gigantesco liderado pelo maluco-beleza Tim DeLaughter, que antes era frontman da banda garageira Tripping Daisy, que enceroou suas atividades em 1999 com a morte por overdose do guitarrista Wes Berggren. Um ano depois, Tim recolheu seus colegas de TD e mais uma galera e fundou o Polyphonic Spree, que faz um som pop psicodélico e sinfônico, com referências a Beach Boys e Flaming Lips e chega a Ter mais de 20 integrantes no palco. O PS tem cinco álbuns, o primeiro deles sendo ‘The Beginning Stages of ...’, de 2002, e o mais recente o ao vivo ‘Live From Austin, TX’, de 2007.


2º bloco:

'FLAMING LIPS AND STARDEATH AND WHITE DWARFS WITH HENRY ROLLINS AND PEACHES doing The Dark Side of the Moon’ (2010)


Homenagem divertida do patrimônio psicodélico de Oklahoma City e convidados – a banda do sobrinho do líder dos Lips, Wayne Coyne, Dennis, mais a bagaça canadense Peaches e o ícone punk americano Henry Rollins – ao clássico do som progressivo do Pink Floyd lançado em 1973, que ficou 15 anos nas paradas e até hoje é um dos três discos mais vendidos de todos os tempos. O curioso é que os Flaming Lips sempre tiveram muito mais afinidade com o som frenético do Pink Floyd de Syd Barrett do que com a música elaborada e rococó da era Roger Waters.

De qualquer maneira, os Lips já haviam se aventurado em recriar clássicos dos anos 1970 – ‘Ballroom of Mars’, do T-Rex, ‘Baba O’Reily’, do The Who, ‘Under Pressure’, do Queen e David Bowie – e já haviam gravado com o Stardeath and White Darfs uma versão de ‘Borderline’, de Madonna, e esta versão de ‘The Dark Side of The Moon’ já havia sido apresentada na virada do ano. O Stardeath existe desde o final de 2004, tem apenas um álbum (‘The Birth’, de 2009), um single (‘Toast & Marmalade For Free’) e um E.P. homônimo (de 2005) no currículo, mas já esxcursionaram com Deerhoof, Explosions in the Sky, British Sea Power e o próprio Flaming Lips.

Time/Breathe (Reprise)
Us and Them
Brain Damage



3º bloco: SUICIDE – ‘Suicide’ (1977)/‘Suicide’ (1980)

Provavelmente a mais obscura entre todas aquelas bandas de quem se pode dizer que geraram um número absurdo de crias e nas mais variadas vertentes do pop, do rock , da música experimental e da electronica. Com 40 anos de carreira, apenas uma dezena de álbuns, muitas idas e vindas, o Suicide jamais chegou perto de ter uma canção nas paradas ou um álbum entre os mais vendidos, mas poucos grupos podem se gabar de ter influenciado tanta gente, que vai dos duos tecnopop dos anos 1980 ao pessoal do som industrial, do punk rock dos anos 1970 ao som indie dos anos 2000.

O Suicide foi formado em 1970 em Nova Iorque por Alan Vega, cantor e compositor, e Martin Rev, responsável pelos sintetizadores (inicialmente, o cara usava um velho órgão Farfisa avariado) e drum machines, e os caras logo começaram a chamar a atenção pelas suas paresentações caóticas no circuito de artes do Lower East Side da cidade. À música, agressiva e minimal, somava-se uma postura que logo seria uma das marcas registradas do Suicide: a atitude de confronto do vocalista, provocando a plateia – e muitas vezes causando mesmo um conflito generalizado. É famosa a gravação ‘23 Minutes Over Brussels’, um show (ou tentativa) em Bruxelas na Bélgica que durante 23 minutos não acontece muita coisa além de Vega e a audiência se insultarem. Consta que o Suicide foi a primeira banda da história a definir sua música como ‘Punk’, no flyer de um de seus primeiros shows, em novembro de 1970 – o termo eles recolheram de um artigo do lendário crítico Lester Bangs.

Já o nome, Suicide, veio de uma revista em quadrinhos do Motoqueiro Fantasma, ‘Satan Suicide’, que Vega adorava. ‘Ghost Rider’, aliás, o nome original do Motoqueiro, é o nome da mais clássica música da banda, que abre seu primeiro e fundamental disco, o álbum homônimo de 1977, e tem sido constantemente sampleada (‘Born Free’, mais recente e impressionante single da M.I.A., é toda baseada nela) e citada (a levada de ‘Silver Trembling Hands’, dos Flaming Lips, é claramente inspirada nela também). O segundo disco do Suicide, também homônimo, de 1980, com produção do líder dos Cars, Ric Ocasek e sensivelmente mais melódico, é outro clássico, mas a ele segue-se um período de hiato que só vai ser quebrado com a volta do grupo no final dos anos 1980, abraçado pelo selo Wax Trax e o pessoal da cena industrial (Cabaret Voltaire, Ministry, Front 242). Mas o Suicide tem admiradores famosos em outras paragens: Bruce Springsteen é fã de carteirinha, assim como o R.E.M., o Jesus & Mary Chain, Nick Cave, o pessoal do Joy Division/New Order, Soft Cell, Steve Albini, Primal Scream Spiritualise, Peaches, Henry Rollins. O álbum de carreira mais recente do duo é ‘American Supreme’, de 2002, mas os caras seguem na ativa: ano passado, tocaram o primeiro álbum inteirinho no festival All Tomorrow’s Parties, e repetitam a dose em maio deste ano em Londres, abrindo para Iggy & The Stooges, que, por sua vez, tocaram o clássico ‘Raw Power’ de cabo a rabo. Alan Vega sempre foi fã da banda de Iggy Pop, chegou a definir a música dos Stooges como “grande arte” após ver um show dos caras no começo dos anos 1970.

Ghost Rider
Rocket USA
Cheree (remix)
Diamonds, Fur Coat, Champagne
96 Tears (live at CBGB’s 1977)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (37)

Conforme o prometido, tá aí o especial dedicado às Ramones de saias, as Runaways de Joan Jett, Sandy West, Lita Ford, Jackie Fox e Cherie Currie. Tá aí o playlist do prorama, que como sempre vai ao ar no sábado, 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!


1º bloco:
Uma das principais bandas femininas da história do rock, referência pra pelo menos três gerações de bandas de garotas – das punks inglesas de primeira época (Slits, Raincoats, Kleenex/Liliput), as Riot Grrls dos anos 1990 (Bikini Kill, Hole, L7, Sleater-Kinney, Babes In Toyland e 7Year Bitch) e até as meninas iradas dos anos 2000, como The Donnas. Recentemente, a trajetória das Runaways foi contada em filme, simplesmente chamado ‘The Runaways’ – lançado em março no mercado norte-americano.
A origem das meninas remonta ao ano de 1975, em Los Angeles, onde a guitarrista Joan Jett e a baterista Sandy West apresentaram-se ao produtor, compositor e agitador californiano Kim Fowley, sugerindo-lhe a ideia de formar um grupo só de meninas. Detalhe é que as duas não se conheciam – encontraram-se com Fowley em ocasiões diferentes, mas ele passou o telefone de uma a outra, e elas então encontraram-se e passaram a ensaiar juntas, mostrando depois o resultado ao cara. Saíram então a procurar as outras integrantes, e a primeira a entrar foi a baixista e cantora Micki Steele, dando origem ao power trio que fez as primeiras apresentações públicas das Ruanaways. Logo, seriam adicionadas também Lita Ford, guitarrista de apenas 16 anos, e Cherie Currie, que seria a vocalista principal – e também tinha apenas 16 anos. Mas Micki acabaria deixando o grupo – pra reaparecer depois nas Bangles –, sendo substituída primeiro por Peggy Foster, que ficou apenas um mês, e finalmente por Jackie Fox, completando o line-up clássico que gravaria o primeiro disco, ‘The Runaways’, em 1976.

Cherry Bomb
You Drive Me Wild
Blackmail
Secrets
Dead End Justice



2º bloco:
A repercussão do primeiro álbum não poderia ter sido melhor: além das boas vendas e da aclamação da crítica, rendeu uma grande turnê pela América do Norte, com shows lotadíssimos, tocando com artistas que vão de Cheap Trick a Van Halen e Tom Petty and The Heartbreakers – todos abrindo para as garotas. O divertido era como as meninas tomavam seus ídolos como modelos: Cherie se inspirava em David Bowie, Joan, em Keith Richards e Suzi Quatro, Lita, em Richie Blackmore e Jeff Beck, Sandy, em Roger Taylor (Queen), e Fox em Gene Simmons. As meninas eram figuras frequentes entre as cenas punk novaiorquina – tocavam seguidamente com os Dead Boys, o Blondie e seus amigos Ramones – e londrina – com os Pistols e o Damned.

O segundo disco, ‘Queens of Noise’, saiu em 1977, e rendeu a primeira turnê mundial, com passagem marcante pelo Japão, onde ocupavam o quarto lugar em vendas entre artistas estrangeiros – somente atrás do Abba, do Kiss e do Led Zeppelin –, foram tema de vários programas de TV – incluindo um especial inteirinho dedicado a elas –, sendo mesmo objeto de uma idolatria absurda a tal ponto de Joan Jett descrevê-la como similar à beatlemania. Em Tóquio, registraram seu álbum ao vivo, ‘Live In Japan’, também lançado em 1977, mas com o sucesso vieram as primeiras baixas: Jackie Fox pulou fora, fazendo com que Joan temporariamente ocupasse a posição de baixista – na volta, Vickie Blue, com 17 anos, assumiria o posto. Na volta, a cantora Cherie Currie também largaria o grupo, fazendo com que Joan assumisse o posto de única vocalista – posição que dividia com a dissidente, que logo lançaria um álbum-solo, com a participação de sua irmã, Marie.

Queens of Noise
Born to Be Bad
I Love Playin’ With Fire
California Paradise
Hollywood



3º bloco:

O quarto álbum das Runaways, ‘Waiting For The Night’, de 1977, além de inferior aos anteriores, marcou o início do fim para as garotas: por questões de grana e gerenciamento, separaram-se do antigo protetor Kim Fowley, e por tabela também ficaram sem gravadora – uma vez que o contrato com a Mercury/Polygram estava atrelado à pessoa de Kim. A figura do produtor na banda, aliás, gera muita controvérsia até hoje: em um documentário chamado ‘Edgeplay’, Jackie, Cherie e seus pais, além dos pais de Sandy, acusam Fowley de ter jogado as meninas umas contra as outras como forma de dominá-las e até de ter praticado abusos sexuais. O fato é que as Runaways lançariam apenas mais um disco, ‘And Now ... The Runaways’, em 1978 – e com mais uma mudança, Laurie McCallister no lugar de Vicki –, até decidir encerrar as atividades, em abril de 1979. O último show havia sido na noite da passagem do ano.

Desde então, Joan Jett formou sua própria banda, Joan Jett & The Blackhearts, e o próprio selo, Blackhearts Records, e firmou-se como um ícone do rock, Lita Ford investiu na carreira de metaleira farofa, sob os auspícios de Sharon Osbourne (gravou até com Ozzy), Micki Steele juntou-se às Bangles, Cherie envolveu-se com drogas pesadas, fez filmes e gravou discos, Vickie trabalha como produtora e diretora de filmes, Laurie, após projetos mal-sucedidos largou a música, e Jackie foi estudar: estudou linguística e italiano e formou-se em direito em Harvard, além de ser fotógrafa amadora. Sandy, após tocar com a Sandy West Band nos anos 1980 e 1990 e gravar com John Entwistle (The Who), foi diagnosticada com câncer no sistema linfático em 2005, falecendo no ano seguinte.

Em março deste ano, estreou o filme ‘The Runaways’, dirigido por Floria Sigismondi e baseado nas memórias de Cherie Curie, que no filme é interpretada por Dakota Fanning. Joan Jett, cujo papel é interpretado por Kristen Stewart, é uma da produtoras executivas da fita, com a qual Jackie Fox não quis se envolver, o que ocasionou a mudança do nome de sua personagem para Robin.

I Wanna Be Where The Boys Are (ao vivo)
Neon Angels On The Road to Ruin (ao vivo)
Wasted