sexta-feira, 17 de setembro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (49)

O playlist do programa da semana passada, pra registro. Em instantes, o de amanhã - o 50º!

1º bloco:

OBERHOFER – I Could Go
É cria de um garoto chamado Brad Oberhofer, de apenas 19 anos, que nem álbum completo tem ainda: tem apenas alguns singles, que já viraram objeto de culto entre o povo indie, um E.P., recém-lançado, ‘o0Oo0Oo’, e vídeos feitos pelos próprios caras e postados no Youtube e no MySpace. Oberhofer é orinudo de Tacoma, Washington, e começou a gravar seu material na casa dos pais mesmo, antes de se mudar pro Brooklyn, em Nova Iorque, pra um apartamento que faz pouco tempo andou incendiando – mas pelo menos os caras conseguiram salvar o sofá e um arquivo com algumas gravações.

WILD NOTHING – Chinatown
Banda novíssima, formada no ano passado, por Jack Tatum, ex-Jack and the Whale e Facepaint, faz um pop indie inspirado na famosa ‘class of 86’ – as bandas inglesas de meados dos anos 1980 que faziam um som melodioso e despojado, inspirado nos Smiths, tipo The Loft, Pastels e Shop Assistants. O Wild Nothing, que chamou a atenção com uma versão de ‘Cloudbusting’, de Kate Bush, tem apenas dois singles e um álbum, ‘Gemini’, lançado este ano.

THE MICROPHONES – The Moon
Banda cult americana de Olympia, Washington, berço da mítica gravadora K Records, que lançou todos os seus discos, assim como das outras bandas do líder Phil Evrum, D+ e Old Time Relijun. Fazia um som lo-fi muito bacana, por vezes barulhento, por vezes delicado, falando de amores perdidos ou sobre as memórias da infância. Evrum, que começou a tocar nos anos 1990 em uma banda chamada Anacortes, anunciou o fim dos Microphones em 2004 pra iniciar outro projeto chamado Mount Eerie, mas dois anos depois lançou um disco usando novamente o nome da antiga banda, de modo que desde mais ou menos 2007 não se sabe se os Microphones ainda vivem ou não. De qualquer maneira, o álbum de 2001, ‘The Glow Pt. 2’, segue sendo um dos mais festejados do som alternativo da década.



2º bloco:

MELVINS – Evil New War God
Patrimônio da barulheira, uma das principaisbandas do rock americano dos últimos 25 anos, passaram à história não apenas pelo brutal mix de Black Sabbath, punk rock e experimentalismos, mas por serem uma das principais inspirações do grunge, em especial do Nirvana – Kurt Cobain não apenas era fã de carteirinha, como acabou virando produtor do grupo. Estão na estrada há 25 anos, são da mesma Aberdeen, no estado de Washington, onde nasceram Cobain e seu parceiro Krist Novoselic. Apesar da força de Kurt e do estouro do Nirvana ter aberto as portas para um sem-número de bandas, os Melvins não duraram muito no universo das grandes gravadoras: após excelentes serviços prestados à causa indie, assinaram com a Atlantic no começo dos 90’s, mas foram dispensados após três discos – um deles, justamente ‘Houdini’ (1993), produzido por Kurt. Voltaram ao gueto independente, e desde então gravam pela Ipecac Records, selo de propriedade do maluco Mike Patton, vocalista do Faith No More. A última porrada é o recém-lançado ‘The Bride Screamed Murder’. Na atual formação, além dos sócios-fundadores Dale Crover (bateria) e Buzz Osbourne (guitarra e vocal), há ainda Jared Williams (baixo e vocais) e um segundo baterista, Coady Williams.

TAD – Jinx
Uma das bandas que mais claramente foi influenciadas pelos Melvins – e também pela Gang Of Four, pelo Killing Joke e pelo Birthday Party. A mais escrotona das bandas do grunge de Seattle, durou exatos dez anos – de 1988 a 1998 –, começou gravando pela Sub Pop, passou por outras gravadoras – entre eles, a Elektra –, deixou apenas 5 álbuns, até seu vocsliasta, Tad Doyle, decidir formar outro grupo, o Hog Molly, que lançou apenas um disco e também desapareceu. Mais tarde, Tad teria outras duas bandas, Hoof e Brothers of Sonic Cloth, seu projeto atual. O rotundo Tad, além de grasnar suas brutais composições, na companhia de Gary Thorstensen (guitarra), Kurt Danielson (baixo) e Steve Weid (bateria, depois substituído por Josh Sinder), tinha como profissão a atividade de açougueiro. ‘8-Way Santa’, o segundo álbum, de 1991 – produzido pelo mesmo Butch Vig que pilotou as picapes de ‘Nevermind’, do Nirvana, no mesmo ano, é o melhor disco do Tad.

WAYNE COUNTY & THE ELECTRIC CHAIRS – Storm The Gates of Heaven
Figuraça da cena novaiorquina dos anos 1970, Wayne Rogers, nascido em 13 de julho de 1947 (tem 63 anos de idade, portanto) em Dallas, na Georgia, entrou para os anais da história por ser, se não o primeiro, o mais famoso transexual do meio. Atuou em vários filmes dirigidos por Andy Warhol e assumiu seu nome de guerra em um espetáculo chamado ‘Femme Fatale’. Em 1972, fazia performances vestido de drag no lendário Max’s Kansas City e já cantava com o aopio de uma banda curiosamente chamada The Back Street Boys, mas como não arrumava gravadora, mudou-se para Londres, onde registrou seu primeiro álbum, ‘The Electric Chairs’, em 1977, ano do estouro punk na ilha. Ainda mudaria-se pra Berlin – onde transformou-se de Wayne em Jane – até voltar pra América em 1980. Um de seus registros clássicos é ‘Storm the Gates of Heaven’, de 1978.










3º bloco: AMERICAN MUSIC CLUB – ‘Everclear’ (1991)

Cultuada e prolífica banda californiana de San Francisco, durou 12 anos, deixou 9 álbuns, revelou um excelente compositor, mas sua trajetória, ainda que amplamente respaldada pela imprensa especializada – em 1991, o vocalista Mark Eitzel foi eleito “compositor do ano” pela Rolling Stone –, não foi muito diferente da maioria das bandas indie das três últimas décadas: sua passagem pelo mainstream foi discreta, e num dado momento os caras decidiram se separar. Mas assim como a maioria das bandas cult, beneficiaram-se com a aura criada em torno de si, e acabaram decidindo voltar dez anos depois.

Tudo começou em 1983, quando o itinerante John Mark Eitzel, depois de perambular por Okinawa, Taiwan, Reino Unido e Ohio, volta para sua San Francisco natal. Antes de unir-se ao guitarrista Scott Alexander, ao baterista Greg Bonnell e ao baixista Brad Johnson e fundarem o American Music Club, Eitzel lançara dois singles com outras duas bandas, The Cowboys e The Naked Skinnies. O AMC teria algumas mudanças de formação, mas seu núcleo básico se consolidaria com Eitzel, Danny Pearson (baixo), Matt Morelli (bateria), Brad Johnson (transefiro para os teclados) e o guitarrista Vudi. Os dois primeiros álbuns, ‘The Restless Stranger’ (1985) e ‘Engine’ (1987) chamaram a atenção para o ecletismo sonoro e as composições de Eitezl, mas foi só no terceiro, ‘California’ (1988), que o grupo firmou-se como uma das forças do underground americano, a essas alturas apoiado também nas caóticas apresentações do grupo: apesar da aparente calmaria das canções – o AMC é um dos inventores do chamado slowcore –, Eitzel, alcóolatra desde os 14 anos, frequentemente desafiava seus demônios em pleno palco, com resultados absolutamente imprevisíveis.

O álbum seguinte, ‘United Kingdom’, curiosamente seria lançado apenas no Reino Unido, como o título já sugere, embora tenha sido todo gravado em um hotel de San Francisco. E o quinto pôs definitivamente os nomes dos caras em destaque: ‘Everclear’ foi eleito álbum do ano pela Rolling Stone e Eitzel o melhor compositor. Mas em termos de resultado prático, nada mudou muito. É eitzel quem recorda: “Eu lembro que estávamos na Alemanha quando soubemos da eleição da Rolling Stone, e aquilo me fez realmente bem. Mas no próximo show haviam apenas 20 pessoas na platéia, e eram caras do exército, que acharam que pelo nome – ‘Clube Americano de Música – fôssemos uma espécie de ‘American Freedom-Fighters’”. O fato é que o grande público não se sensibilizou com canções como ‘Rise’, uma candidata a hit que teve alguma rotação no 120 Minutes (o ‘Lado B’ da MTV americana) nem com canções como ‘Sick of Food’, uma das mais pungentes músicas sobre o drama da AIDS, e o álbum não teve maior repercussão. Lançariam apenas mais um disco, ‘San Francisco’, em 1994, e então desistiram.

Voltaram em 2004 com ‘Love Songs For Patriots’, sucedido por ‘The Golden Age’, lançado há dois anos. Quem sabe, agora vai.


Why Wont’t You Stay
Rise
Crabwalk
The Confidential Agent
Sick Of Food

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