quarta-feira, 1 de setembro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (47)

Tá aí o playlist do programa do último fim-de-semana. O próximo é um Especial inteirinho dedicado aos Pogues de Shane McGowan. Enjoy!


1º bloco:

ARIEL PINK’S HAUNTED GRAFFITI – Round And Round

Curioso grupo californiano de Los Angeles, na estrada desde 1996, obra do múlti-instrumentista, cantor e compositor Ariel Pink, um sujeito que recebe influências tanto da vanguarda do rock dos anos 1970 – Bowie, Roxy Music, Frank Zappa – quanto do pop radiofônico mais trivial, além do som da new wave dos anos 1980. Os primeiros dois discos do Haunted Graffiti, ‘Theb Doldrums’ (1999) e ‘Vital Pink’ (2000) foram gravados em esquema caseiro e não foram parar nas lojas: eram cópias caseiras, que Ariel Pink tirava do seu computador e fazia circular por aí. Só em 2004 é que o cara foi assinar um contrato com uma gravadora – no caso, a Paw Tracks, do pessoal do Animal Collective; o Haunted Graffiti, aliás, acabou sendo sendo a primeira banda fora do grupo do Animal Collective assinar com o selo. O mais recente álbum, ‘Before Today’, lançado em junho, já encontra o Ariel Pink’s Haunted Graffiti em novo lar, o lendário selo britânico 4AD, e é um dos mais elogiados discos do ano até aqui.

TAME IMPALA – Solitude Is Bliss
Grupo australiano muito bacana, formado em Perth em 1999, quando seus dois homens de frente, o vocalista e guitarrista Kevin Parker e o baixista Dominic Simper tinham apenas 13 anos. Foi só em 2007, com a entrada do baterista Jay Watson, que os caras resolveram tirar a cara pra fora da toca. O grupo é mais um que soube usar as modernas ferramentas da comunicação: chegou a ser disputado por várias gravadoras após postar músicas no seu endereço no MySpace, e quem acabou mordendo a isca foi a Modular Records, que mandou um e-mail pros caras depois de conhecer o som, e recebeu de volta uma demo com 20 canções. Em 2008, veio um E.P. homônimo e neste ano o álbum de estreia, ‘Innerspeaker’. O som dos caras busca suas principais referências na psicodelia do final dos anos 1960 – Hendrix, o Pink Floyd de Syd Barrett.

TITUS ANDRONICUS – A More Percfect Union
Grupo americano de Glen Rock, New Jersey, fundado em 2005, tirou seu nome de um lendário navio da marinha americana, e com dois álbuns no currículo: ‘The Airing of Grieviances’, de 2008, que faz referência a um episódio de Seinfeld, e ‘The Monitor’, deste ano. As influências vão de baluartes do indie rock como Pixies e Bright Eyes, a cantores e compositores clássicos do rock americano como Bruce Springteen. O novo disco tem uma penca de convidados, como o pessoal de bandas bacanas como as Vivian Girls, o Ponytail, os Felice Brothers e o Hold Steady, entre outros, e requintes como o uso de trombones, cellos, violinos e gaitas de fole, contrastando com seu som simples e enérgico, de verniz punk. ‘The Monitor’ é outro álbum entre os mais elogiados de 2010.


2º bloco:

J MASCIS + THE FOG – Where’d You Go

Mítica figura do rock americano das últimas três décadas, o hoje grisalho frontman do Dinosaur Jr., prestes a completar 45 anos de idade, natural de Amherst, Massachussets, um dos caras que revitalizou o uso da guitarra na cena indie, curiosamente começou tocando bateria, num grupo hardcore formado na adolescência com seu futuro parceiro de Dinosaur, Lou Barlow. Após desativar o grupo em 1997, formou nova banda, passando a se apresentar como J Mascis + The Fog, que deixou apenas dois álbuns, ‘More Light’ (2000) e ‘Free So Free’ (2002), antes de J fazer as pazes com Lou Barlow e reativar o Dinosaur. – antes, já havia gravado um disco solo acústico, chamado ‘Martin + Me’, em 1996. A personalidade do cara é tão marcante que qualquer um de seus projetos, além da qualidade, traz sua marca evidente, tanto nas composições, com sua dinâmica particular, equilibrando melodia e barulho, quanto nos vocais largadões e no modo de tocar guitarra, entre o groove, a melodia e o esporro. ‘More Light’, do The Fog, tem co-produção do não menos mítico Kevin Shields, do My Bloody Valentine.

BELLRAYS – That’s Not The Way It Should Be
Grande banda californiana de Riverside, na estrada há aproximadamente 20 anos, é o projeto de um casal: Bob Venuum, originalmente guitarrista, depois tornado baixista, e sua mulher, a vocalista Lisa Kekoula, dona de um vozeirão que lembra algumas das maiores divas da soul music. O som dos BellRays, profundamente enraizado no final dos anos 1960 – quando o rock ficava cada vez mais barulhento e a black music americana, mais envenenada –, geralmente é descrito como um mix do som protopunk de Detroit (Stooges, MC5) com e a voz das grandes soul ladies (tipo Aretha Franklin e Tina Turner). Dos vários álbuns lançados pelo grupo desde o ao vivo ‘Let It Blast’ (1999, o pontapé inicial, ao vivo), apenas o regular ‘Have a Little Faith’, de 2006, saiu no Brasil. O mais recente é ‘Hard, Sweet and Sticky’, de 2008, que equilibra bem a fúria dos primeiros discos, com o clima de r’n’b vintage e toques jazzísticos das gravações mais recentes.

HELLACOPTERS – Hopeless Case of a Kid In Denial
Quinteto sueco formado em 1994 que até já se apresentou em Porto Alegre, abrindo para Sepultura e Deep Purple, uns 7 anos atrás, também retira suas referências básicas do som protopunk – não apenas a música de Detroit dos Stooges e MC5, mas também os autralianos do Radio Birdman, além do hard rock do Cheap Trick. Por sinal, antes de penetrar no mercado americano via o mítico selo de Seattle Sub Pop Records, os caras primeiro tornaram-se cult na Austrália e em certos cantos da Europa. Têm vários álbuns lançados, e um dos mais bacanas é ‘High Visibility’, de 2002, o primeiro lançado no Brasil.


3º bloco: THE LIGHTNING SEEDS – ‘Cloudcuckooland’ (1989)/‘Sense’ (1992)/ ‘Jolification’ (1994)

Esta se encaixa direitinho naquele conceito de “banda de um homem só”: por muito tempo foi apenas um projeto do múlti-instrumentista e produtor inglês Ian Broudie, que sequer tinha vida fora dos estúdios de gravação. Só foi fazer sua primeira turnê em 1994, cinco anos após a fundação do “grupo”, pra divulgar o lançamento do terceiro álbum – mas o Lightning Seeds, a essa altura, já havia se estabelecido como um dos principais grupos do então emergente britpop, com sua melodias ensolaradas e referências que vão da psicodelia ao synthpop.

Brodie nasceu em Liverpool em 4 de agosto de 1958, e sua primeira banda mais ou menos conhecida foi o Big In Japan, lendário grupo punk da cidade que surgiu no final dos anos 1970 na mesma cena da qual emergiriam também os lisérgicos Echo & The Bunnymen e The Teardrop Explodes. Após o fim desse grupo em 1979, passou por outras bandas, como The Original Mirrors e Care, enquanto fazia fama como produtor: ele pilotou as pickups nos dois primeiros álbuns do Echo & The Bunnymen, ‘Crocodiles’ (1980) e ‘Heaven Up Here’ (1981), além de discos do The Fall e do Wah!. Foi em 1989, já com o primeiro single, ‘Pure’, que Brodie estabeleceu-se com o novo grupo, batizado de Lightning Seeds, que, assim como no curto período em que teve este projeto Care, era aklgo totalmente idealizado por ele mesmo, apenas contando com músicos de apoio, contratados. Mas nem o sucesso estrondoso da canção nas paradas, nem a boa repercussão do álbum de estreia, ‘Cloudcuckooland’, também de 1989, fez com que abandonasse sua atividade de produtor: bandas como The Primitives e Sleeper, além da cantora Alison Moyet devem boa parte de seu sucesso ao trabalho competente de Brodie na mesa de som.

No álbum seguinte, ‘Sense’ (1992), Brodie já contava com o auxílio do programador Simon Rogers, ex-The Fall, mas foi só em ‘Jolification’ (1994), que o cara decidiu montar sua primeira banda de verdade, para excursionar. Datam daí seus primeiros shows em dez anos, desde a época dos Original Mirrors. Em 1996 viria ‘Dizzy Heights’, em 1999, ‘Tilt’, e só no ano passado, quebrando um hiato de dez anos sem lançar nada, portanto, viria um novo álbum, ‘Four Winds’, já com a banda totalmente reformulada por Brodie.

All I Want
Pure
Sense
The Life of Reiley
Perfect

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