sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (18)

Sábado, 23, 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede), tem mais um COMPANHIA MAGNÉTICA - o penúltimo antes da nossa primeira retrospectiva, com os melhores de 2009, que rola em todo o mês de fevereiro. Já tem lançamentos quentes de 2010 nesse próximo programa. Confere aí o playlist (e enjoy the show)!

1º bloco:
VAMPIRE WEEKEND – Horchata


Aguardado segundo álbum da banda novaiorquina, sensação há menos de dois anos com o homônimo debut eleito pela publicações especializadas como um dos melhores álbuns de 2008. A segunda vinda chama-se ‘Contra’, saiu lá fora há quase exatos 10 dias (12 de janeiro), tem a mesma influerência do pop africano – que valeu o apelido de ‘Upper West Side Soweto’ ao grupo liderado pelo cantor e compositor Ezra Koening e também tá presente em outras importantes banda atuais da big apple, como TV On The Radio e Dirty Projections. Mas o som do VM agora tá mais polido, com o acréscimo de samples (de Toots & The Maytals a M.I.A.), as referências, mais variadas, e pelo jeito o negócio tá dando certo: o disco já tá no topo da parada da Billboard, tendo vendido 124.000 cópias apenas na primeira semana. O VM também tá escalado pra ser um dos headliners do importante festival californiano Coachella, em abril.

BEACH HOUSE – Norway

Outro que volta depois de um disco muito elogiado é o duo também americano, mas de Basltimore, Beach House, formado pelo múlti-instrumentista Alex Scally e a cantora Victoria Legrand (sobrinha do compositor francês Michel Legrand). ‘Teen Dream’, que sai na próxima terça-feira, 26, é o terceiro disco da dupla, vem dois anos depois do ótimo ‘Devotion’, e traz a mesma queda pelo dream pop dos trabalhos anteriores. Os caras citam como suas influências o gênio dos Beach Boys Brian Wilson, os Zombies, Neil Young e o Big Star, e o pessoal do MGMT, do Grizzly Bear (com quem Victoria gravou ano passado uma faixa pra trilha do filme ‘Lua Nova’ e Julian Casablancas, dos Strokes.

CASS McCOMBS – Harmonia

Mais uma americano, este nascido na californiana Concord, hoje vive em Los Angeles. Tem 32 anos de idade, já conta com cinco discos no currículo, o mais recente deles, ‘Catacombs’, lançado no ano passado. Trabalhava como funcionário de um velho cinema em um buraco qualquer da Califórnia até que com 23 anos resolveu pegar a estrada, mudando a todo instante até se fixar na mesma Baltimore do Beach House, onde gravou o primeiro disco, o E.P. ‘Not the Way’, em 2002. Nos anos seguintes, extensas turnês e participações em importantes festivais se seguiram, e sua reputação como compositor foi-se consolidando. McCombs faz um folk/country alternativo que lembra Neil Young, Wilco, Elliott Smith, Big Star e até Lennon.


2º bloco:
JOHN FRUSCIANTE – Enough of Me


Desde dezembro ex-guitarrista dos Chili Peppers, Frusciante, que completa 40 anos agora em março, lançou mais um disco que equilibra melodias pop com experimentalismos – mas já não tão radicais como nos tempos de seu esquisitíssimo álbum de estreia solo, ‘Niandra Lades and Usually Just a T-Shirt’, de 1995, período em que o cara já não mais fazia parte da banda e chegou a viver na rua, virou pele-e-osso e perdeu todos os dentes da boca em função do vício em heroína. Após uma jam session e a indispensável avaliação psicológica, voltou ao Red Hot em 1998 por insistência de Flea, que achou que o ex-Jane’s Addiction Dave Navarro não se encaixou no som do grupo, ajudando a manter as banda no topo das vendagens, até que em 2009, depois de lançar já seu décimo disco-solo, percebeu o quanto sua banda se acomodou nos últimos anos, e resolveu seguir em frente sozinho. ‘The Empyrean’ é o nome do disco, lançado mais ou menos por essa época no ano passado.


GRAHAM COXON – Brave the Storm


É outro guitarrista que saiu e voltou pra sua conhecida banda, mas ao contrário de Frusciante ainda não tomou a decisão de largar definitivamente o osso, embora sua atividade paralela venha mostrando mais consistência do que a principal. Apesar de tocar no londrino Blur desde o final dos anos 1980, Graham Coxon, 41 anos em março próximo, é alemão de Hannover. Seu primeiro disco-solo, ‘The Sky is Too High’, é de 1998, e foi lançado pelo selo Transcopic, fundado por ele próprio, e depois dele, vieram mais sete, sendo o mais recente, ‘The Spinning Top’, de 2009, que traz as mesmas referências ao som das colleges bands americanas (tipo Sonic Youth e Pixies), o pós-punk (já regravou Mission of Burma), mas também canções folk de primeira.

JIM O’ROURKE – All Downhill From Here

Outro guitarrista importante da cena alternativa, também quarentão, mas com uma trajetória um pouco diferente dos dois anteriores: entrou para uma conhecida banda alternativa – no caso, o Sonic Youth – depois de se tornar conhecido pelo trabalho-solo, pelo sem-número de colaborações com músicos de vanguarda (John Zorn, Kronos Quartet, os alemães do Faust) e de ter feito parte do grupo experimental Gastr Del Sol (que, por coincidência, mostramos no próximo programa). O’Rourke, que só toca em dois álbuns do SY (‘Murray Street’, de 2002, e ‘Sonic Nurse’, de 2005), é natural de Chicago, grava desde 1989, tem mais de 20 álbuns lançados, sendo o mais recente ‘The Visitor’, de 2009 – composto por uma única faixa, de 38 minutos –, e um dos melhores ‘Eureka’, de 1999.

3º bloco: CAPTAIN BEEFHEART & HIS MAGIC BAND (‘Safe as Milk’, 1967)
Um dos caras mais originais da história do rock, por conta dos vocais peculiaríssimos, letras esquisitas, avassaladora mistura de ritmos que incluem free jazz, o blues do Delta do Mississipi e rock garageiro, Captain Beefheart, apesar de quase 40 anos de carreira e de álbuns clássicos como seu disco de estreia, ‘Safe as Milk’, lançado no mágico ano do verão do amor, 1967, e o terceiro, ‘Trout Mask Replica’, de 1969, sempre manteve-se muito, mas muito à margem das paradas de sucesso, mas a influência sobre as mais variadas vertentes do rock desde então – do punk ao pós-rock, do krautrock à new wave – é imensa. Ritmos complexos, melodias atonais, guitarra dissonante, letras surreais, além da persona controversa – ditador com os músicos que o acompanhavam, distante em relação a seu público –, tudo contribui para a aura de maldito, que carregou até sua morte, pouco antes de completar 65 anos, em janeiro de 2006.

Nascido Don Glen Vliet (mais tarde trocado para Van Gliet) em Glendale, bairro de Los Angeles, na Califórnia, já era declarado menino prodígio aos quatro anos de idade por um amigo da família, o escultor português Agostinho Rodrigues, e aos 13, lhe foi oferecido um curso de escultura na Europa, que a família recusou por achar que arte era coisa de veado. Por essa época, mudaram-se para o deserto de Mojave, e foi aí que Vliet conheceu um de seus grandes amigos, o cara que influenciaria sua guinada para a música – por essa época, Vliet já aprendia sozinho a tocar sax e harmônica. Mais tarde, ambos, Zappa e, após um semestre na faculdade, largariam os estudos e mudariam para Cucamonga, onde planejavam fazer um filme, que acabaria não rolando, enquanto Zappa fundava sua banda, os Mothers of Invention. Vliet voltou para Mojave e lá, já sob a alcunha de Captain Beefeheart, criava sua Magic Band, com os guitarristas Alex St. Clair e Doug Moon (logo substituído por Antennae Jimmy Semens), o baixista Jerry Handley e o baterista Paul Blakely (que logo deu lugar a John ‘Drumbo’ French). O ano era 1964, e os caras faziam sucesso tocando blues em festinhas teenage até atrair a atenção da A&M Records, que lhes ofereceu contrato. O sucesso do primeiro single, ‘Diddy Wah Diddy’, levou à gravação do primeiro disco, embora o presidente da gravadora tenha vetado faixas como ‘Frying Pan’, ‘Electricity’ e ‘Zig Zag Wanderer’, por achá-las muito negativas – de qualquer maneira, as duas últimas acabariam entrando no disco, chamado ‘Safe as Milk’, e lançado no final de 1967. Um tal Ry Cooder participou das gravações.

Já considerado difícil e idiossincrático demais, Beefheart encontraria problemas no álbum seguinte, ‘Strickly Personal’, cuja mixagem foi feita à sua revelia, o que levaria o cara a quebrar os pratos com a gravadora e migrar pra recém-fundada Straight Records, do amigo Zappa, que lançaria o clássico terceiro disco, o duplo ‘Trout Mask Replica’, em 1969. Beefeheart passaria os anos 1970 gravando discos regularmente, até anunciar sua retirada da música em 1982, para dedicar-se à pintura, vindo a expor seus trabalhos em 1985, com grande sucesso, sendo comparado a craques como Francis Bacon e Jackson Pollock. Infelizmente, em 1990 descobriu que era portador de esclerose múltipla, acabou por se retirar da pintura também, no final da década. Passou os últimos anos severamente debilitado, em uma cadeira de rodas, vindo a falecer em 6 de janeiro de 2006. 'Safe as Milk', seu brilhante álbum de estreia, foi relançado lá fora ano passado, remasterizado e com faixas-bônus.

Sure Nuff ‘N’ Yes I Do
Zig Zag Wanderer
Call On Me
Dropout Boogie
Abba Zaba



Mr. Captain Beefheart, primeiro e único: o mundo não estava preparado pra ele

2 comentários:

  1. Bacana o programa! Tenho acompanhado todos os sábados aqui em Brasília. Abraços do teu irmão, Manco.

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  2. Bah, velhinho, só agora fui ver teu comentário aqui - o teu e de outro amigo meu, ex-colega de Rádio Unisinos que tá morando em São Paulo. Audiência qualificada é isso, é o que realmente interessa - pelo menos os amigos dão uma força, rá rá rá! Abraço do irmão José - aquele cuja família deve aumentar este ano.

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