sexta-feira, 28 de maio de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (36)

O programa deste sábado, 29, às 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!


1º bloco:
THE NATIONAL – Bloodbuzz Ohio

Outra sensação da cena do Brooklyn novaiorquino, já com alguma estrada – o quinteto já tem cinco discos no currículo, o último deles recém-lançado, ‘High Violet’. Ao cantor de peculiar voz de barítono Matt Berninger somam-se duas duplas de irmãos, os Devendorf, Scott (guitarra) e Bryan (bateria), e os Dessner, Aaron (baixo) e Bryce (guitarra). O National surgiu no final da década de 1990 numa cena em as bandas de Nova Iorque – Interpol, Stokes, Yeah Yeah Yeahs, The Walkmen – vinham com grande influência do pós-punk, especialmente o britânico, mas mixando o seu chamber pop com elementos do country rock e da música de raíz americana, além do britpop.

LCD SOUND SYSTEM – Dance Yrself Clean
Um dos mais incensados grupos da segunda metade dos anos 2000, já estreou com um clássico absoluto, o single ‘Losing My Edge’, lançado em 8 de julho de 2002, com suas várias referências bacanas na letra (Can, Gil Scott-Heron, Captain Beefheart, Eric B & Rakim, Pere Ubu, The Germs, Sun Ra, Faust, The Sonics e mais umas duas dezenas) e no som (o electro, a disco, o punkfunk do PIL e da Gang Of Four). James Murphy, o dono da bola e também o cara por trás do influente selo DFA (além de remixador pra artistas como Metro Area, N.E.R.D. e Le Tigre), foi eleito o cara mais cool do planeta por várias publicações descoladas. Os dois incensados álbuns anteriores do LCD, ‘LCD Sound System’ (2005) e ‘Sound of Silver’ (2007), naturalmente criaram uma exagerada expectativa em torno do novo, ‘This Is Happening’, que acaba de sair no mercado.

SLEIGH BELLS – A/B Machines
Pra fechar o bloquinho de lançamentos, mais um do Brooklyn, este um duo formado pelo compositor e produtor Derek Miller e a vocalista Alexis Krauss que iniciou suas atividades no ano passado, apresentando-se no famoso indie CMJ Festival. Alice era cantora de uma banda chamada Rubyblue e Derek, de um grupo de hardcore, o Poison the Well. Mixam melodias pop, samples bacanas (os Kinks, por exemplo) e muito barulho, e seu disco de estreia, ‘Treats’, também saiu recentemente.


2º bloco:
MOJAVE 3 – Who Do You Love

Banda inglesa formada em 1995 dos escombros do Slowdive, pelo líder daquele grupo, Neil Halsted (vocal e guitarras), sua velha amiga Rachel Goswell e o baterista Ian McCutcheon. Tem em comum com o Slowdive o gosto pelo som atmosférico e viajandão, mas aqui o negócio tá mais pra Bob Dylan, Bob Dylan, Nick Drake – compositores com quem Halsted geralmente é comparado – e The Band do que pra Pink Floyd fase Syd Barrett. Tem cinco discos no currículo, todos lançados pelo conceituado selo britânico $AD (Cocteau Twins, Pixies), sendo o primeiro deles ‘Ask Me Tomorrow’, de 1996, e o mais recente, ‘Puzzles Like You’, de 2006. Um dos melhores é ‘Out of Tune’, de 1998.

(SMOG) – I Was a Stranger
Durante quase 20 anos alcunha do cantor, compositor e múlti-instrumentista Bill Callahan – que hoje usa seu verdadeiro nome –, o (Smog) é um daqueles famosos grupos de um homem só, com Callahan comandando as ações e eventualmente chamando músicos de apoio para as gravações e as apresentações ao vivo. Foi um dos balurates do som lo-fi dos anos 1990 – na verdade, começou suas gravações caseiras, lançadas apenas em cassete, em 1988 –, logo assinando com o influente selo Drag City, de Chicago, pelo qual lançou todos os seus discos, de ‘Forgotten Foundation’ (1992) a ‘A River Ain’t Too Much To Love’ (2005), passando por clássicos como ‘Red Apple Falls’ (1997). A melancolia folk de Callahan, com referências que vão de Nick Drake a Syd Barrett, teve seu último lançamento no ano passado com ‘I Wish I Were an Eagle’, um dos melhores discos de 2009 e o terceiro assinando com o próprio nome.

EELS – My Descent Into Madness
Também um projeto ligado basicamente a uma pessoa só – e um sujeito tão atormentado quanto Callahan: no caso o tambémamericano Mark Oliver Everett, conhecido por ‘E’ nos meios pop. E fundou o Eels em Los Angeles em 1995, mixando folk, blues, pop sessentista e até elementos eletrônicos, numa sonoridade que às vezes lembra os primeiros discos de Beck. Seu segundo disco, ‘Electro-Shock Blues’, lançado em 1996, é um dos melhores álbuns da década de 1990, uma profunda reflexão sobre a morte – comparado a clássicos como ‘Tonight’s The Night’, de Neil Young, e ‘Magic and Loss’, de Lou Reed – tendo como mote o passamento de vários familiares e amigos num curto espaçod e tempo. O novo disco do Eels, ‘Tomorrow Morning’, fecho da trilogia composta por ‘Hombre Lobo’ (2009) e ‘End Times’ (deste ano), já é o nono de carreira – fora os álbuns-solo de E e participações em trilhas sonoras.


3º bloco:

THE FLESHTONES – ‘It’s Super Rock Time!: The I.R.S. Years (1980-1985)’ (col., 2010)


Tá aí uma banda que consegue agradar tanto aos fãs do punk rock e do som alternativo – foi da primeira geração da ‘new wave’ novaiorquina, em meados dos anos 1970 – e aos roqueiros mais tradicionais. Desde a fundação, em 1976, os Fleshtones vem construindo uma sólida carreira, com mais de 20 álbuns, e a parte mais expressiva dessa trajetória, os primeiros cinco anos de gravações, está resumida na recém lançada compilação ‘It’s Super Rock Time!: The I.R.S. Years (1980-1985)’, que o selo australiano Raven Records põe no mercado.

A origem dos Fleshtones já é por si só mítica: Keith Streng, que seria o baixista, e Jan-Marek Pakulski, que assumiria o baixo, encontraram instrtumentos perdidos no porão da casa que alugavam, e chamaram seus amigos Lenny Calderon, baterista, e Peter Zaremba, vocalista, tecladista e gaitista, pra se juntarem a eles. Estrearam no mítico C.B.G.B.’s em 19 de maio de 1976, e logo, logo, já estariam se apresentando também em outros palcos tradicionais de Nova Iorque, como o Max’s Kansas City, o Club 57 (onde viraram habitués), o Irving Plaza, a Danceteria, além de outros clubs famosos em outras paragens, como o Maxwell’s, de Hoboken (New Jersey) e o 9:30 de Washington D.C.. Por essa época, dividiam um espaço de gravações com os Cramps no Bowery, e logo depois assinariam contrato com a Red Star Records – que tinha io Suicide no seu cast.

A música dos Fleshtones fazia um mix de rhythm’n’blues e rock de garagem, com guitarras distorcidas por pedais de fuzz e um toque sessentista dado pelos teclados Farfisa, tinha o apoio ao vivo e nas gravações da metaleira do Action Combo, formado pelos irmãos Gordon (sax alto e harmônica) e Brian (sax tenor) Spaeth – o primeiro tornou-se integrante fixo do grupo em 1983. Lançaram seu primeiro single, ‘American Beat’ em 1979 – a canção seria regravada cinco anos depois para a trilha sonora de ‘Despedida de Solteiro’ –, e logo foram contratados pela I.R.S. Records (mesma gravadora do R.E.M.) em 1980. Lançaram seu primeiro E.P., ‘Up-Front’, no mesmo ano, e o álbum de estreia, ‘Roman Gods’, viria em 1982, e seguiram-se a ele ‘Blast Off!’ (com gravações não lançadas pela Red Star), também de 1982, e ‘Hexbreaker’, em 1983 – esses são considerados os melhores trabalhos do grupo.

Embora extremamente populares no circuito underground e com uma grande e fiel audiência, nos charts não jamais se repetiu o sucesso dos Fleshtones: a melhor posição nas paradas um 174º lugar com ‘Roman Gods’. Mesmo assim, os caras continuaram tendo respaldo popular e até presença na mídia: Zaremba foi o mestre de cerimônias do programa da I.R.S. na MTV, ‘I.R.S. Records Presents The Cutting Edge’, que foi ao ar entre 1984 e 1987, e o grupo também apareceu no episódio final do ‘Andy Warhol’s Fifteen Minutes’, show do artista pop na mesma MTV, em 1987. Mesmo sem gravadora, no final dos anos 1980 continuavam a tocar em algumas das casas noturnas mais quentes da América e abriam turnês para nomes históricos como James Brown e Chuck Berry. Nos últimos anos, têm lançado alguns de seus trabalhos mais aclamados, pelo antenado selo Yep Roc Records, pra quem gravam desde 2003.

I’ve Gotta Change My Life
The Girl From Baltimore
R-I-G-H-T-S
Deep in My Heart
Hope Come Back
American Beat ‘84

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