sexta-feira, 14 de maio de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (34)

Este é o COMPANHIA MAGNÉTICA deste sábado, dia 15, às 22h na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Tem três lançamentos de 2010 (um deles desta semana), mais clássicos de quatro bandas dos anos 1980 e 90 que fazem aniversário e/ou resolveram retomar as atividades. Enjoy!


1º bloco:

THE DEAD WEATHER – Die by the Drop


Um dos dois projetos paralelos do cabeça dos White Stripes, o cantor/guitarrista/compositor Jack White – o outro são os Raconteurs –, o Dead Weather surgiu no verão de 2008, quando os Raconteurs excursionavam com o duo The Kills, e de maneira inusitada: como White estava impedido de cantar por conta de uma bronquite, a vocalista dos Kills, Alison Mosshart, foi chamada a subir no palco e substituí-lo em algumas canções. Deu tão certo que Jack e Alison resolveram juntar esforços em um outro grupo, e chamaram pra se juntar a eles o baixista ‘Little Jack’ Lawrence e o guitarrista Dean Fertita, que toca no Queens of The Stone Age. Detalhe: no TDW, Jack White é baterista. O som dos caras é um blues-rock sombrio, e a primeira gravação do quarteto foi um cover de Gary Numan, ‘Are Friends Electric?’. A primeira apresentação do Dead Weather deu-se em março do ano passado, e o disco de estreia, ‘Horehound’, veio no verão americano. O segundo álbum, ‘Sea of Cowards’, saiu na terça-feira desta semana, dia 11, lá fora.

HERE WE GO MAGIC – Collector

Mais uma banda bacana a sair do Broklyn novaiorquino, o HWGM é obra de um sujeito chamado Luke Temple, cantor e compositor, que, antes de se aventurar pela música, era artista visual – o cara é muralista, e vagava por vários cantos da América até se fixar em Nova Iorque . O som do grupo é um mix de folk, country, pop indie, com referências aos anos 1980 e 1990, e os caras já têm dois discos: o debut, homônimo, lançado ano passado, e ‘Pidgeons’, colocado no mercado americano este ano, pelo selo Secretly Canadian.

THE RADIO DEPT. – Heaven’s On Fire

Esta banda é sueca, muito influenciada pelo som shoegazer britânico da virada dos anos 1980 para os 90 (Slowdive, My Bloody Valentine, Jesus & Mary Chain), e já tem uma certa estrada: o álbum de estreia, ‘Lesser Matters’, é de 2003. Na verdade, a primeira encarnação do grupo data de 1995, fundada por Elin Almered e Johan Duncanson, mas não durou muito. Três anos depois, já com Martin Larsson no lugar de Almered, voltaram decididos, gravando uma demo que logo enviaram para uma popular revista sueca chamada Sonic, que gostou e inclui uma das canções em um CD-sample encartado em uma de suas edições. O influente selo indie Labrador gostou e contratou os caras, e em 2005 veio a consagração a nível internacional, quando os caras tiveram três música incluídas na trilha do filme ‘Maria Antonieta’, de Sofia Coppola. O quinto álbum, ‘Clinging to a Scheme’, saiu há menos de um mês.


2º bloco:

SUNNY DAY REAL ESTATE – In Circles

Influente grupo americano de Seattle, surgido em 1992, logo após o advento do grunge, registrou seus álbuns pela mesma gravadora Sub Pop que fez a fama do gênero, mas diferentemente de seus conterrâneos Nirvana, Tad e Mudhoney, sempre fizeram um som mais elaborado e melódico, que serviu de inspiração inclusive para o povo emo. A curta história do Sunny Day é das mais curiosas, recheada de mistério: originalmente um trio – Dan Hoerner (guitarra e vocais), Nate Mendel (baixo) e William Goldsmith (bateria) –, com a entrada do vocalista Jeremy Enigk o grupo parece que passou a assumir uma postura enigmática: só liberaram uma foto para divulgação na imprensa, concederam apenas uma entrevista, e por alguma razão que se desconhece, jamais tocaram na Califórnia com o quarteto completo. O primeiro disco, ‘Diary’, saiu em 1994, mesma época em que Enigk se convertia ao Cristianismo, e no ano seguinte, logo após o lançamento de ‘LP2’ resolveram parar. Voltariam dois anos depois, já sem Mendel, que se juntou ao Foo Fighters, e gravaram mais três álbuns – um deles ao vivo –, até decidirem parar de vez, em 2001. Ano passado, retomaram as atividades e estão nas escalações dos festivais de rock mais importantes do hemisfério norte deste ano.

THE HOUSE OF LOVE – Christine

Banda muito popular no Reino Unido no final dos anos 1980/início dos 90, uma guitar band que mixava melodias à la Smiths, psicodelia e ruído, muito comparada também ao Jesus & Mary Chain, até por ser da mesma gravadora – a mítica Creation Records, do visionário Alan McGhee. Guy Chadwick, vocalista e guitarrista, era o compositor e principal figura do grupo, que deixou quatro álbuns até 1994, quando resolveram encerrar as atividades. O primeiro, sim plesmente intitulado ‘The House of Love’, saiu em 1988, teve grande impacto na Inglaterra e foi relançado ano passado lá fora. O segundo, também homônimo, é conhecido como “o álbum da borboleta”, em função da capa, e compõe junto com o antecessor, a nata de sua discografia. Após 10 anos de hiato, Chadwick e o guitarrista Terry Bickers resolveram reativar o HOL, com o mesmo baterista Pete Evans, mas Matt Jury no lugar do baixista original, Chris Groothuizen, e o resultado foi o disco ‘Days Run Away’, lançado em 2005. Consta que ainda estão na ativa. Ano passado, saiu um disco ao vivo gravado na BBC.

THE WEDDING PRESENT – Brassneck

Outra sensação do rock inglês surgida na metade dos anos 1980 – e também comparada aos Smiths –, surgiu em Leeds em 1985, anunciou seu fim em 1997 mas também resolveu retornar à atividade em meados dos anos 2000. David Gedge, cantor e compositor, e único remanescente da formação original, é, basicamente, o dono da bola, mexendo constantemente no line-up do grupo. Ele era líder de uma banda chamada The Lost Pandas, que acabou, basicamente, quando sua namorada, a baterista do grupo, o deixou pra ficar com o guitarrista. Gedge e o baixista, então, renomearam o grupo como “O Presente de Casamento”, uma referência a um de seus grupos favoritos, o australiano The Birthday Party (“O Presente de Aniversário”), de Nick Cave. Mais uma banda bacana a cair nas graças do lendário DJ da BBC John Peel, o TWP fez sua primeira aparição no rádio. O primeiro álbum do grupo, que o tornou uma sensação nos meios universitários britânicos, faz outra homenagem, esta ao craque irlandês do Manchester United dos anos 1970 George Best, mas é o seguinte, ‘Bizarro’ (1989), produzido por Steve Albini, o preferido pela maioria dos fãs do grupo. Acaba de sair uma edição especial comemorativa aos 21 anos de lançamento do disco no hemisfério norte.


3º bloco:

THE SOFT BOYS – ‘Underwater Moonlight’ (1980)


Um dos grupos mais influentes do pós-punk britânico, influência confessa do R.E.M., do Yo La Tengo, dos Replacements, do Dream Syndicate e uma infinidade de guitar bands psicodélicas americanas, o quarteto liderado pelo cantor, compositor e guitarrista Robyn Hithcock durou apenas cinco anos, o suficiente pra imprimir sua marca e deixar pelo menos dois discos clássicos, o primeiro, ‘A Can of Bees’ (1979), e o segundo, ‘Underwater Moonlight’ (1980), um poderoso mix de Beatles, Byrds, Buffalo Springfield, Syd Barrett, Television e Big Star. De quebra, as letras originais de Robyn Hitchcock, um dos compositores mais respeitados do rock dos anos 1980, 90 e 2000.

Os Soft Boys – que inicialmente chamavam-se Dennis and the Experts – iniciaram em 1976 em Cambridge, na Inglaterra, bem no olho do furacão, quando o punk explodia na ilha. Além de Hitchcock, a formação inicial tinha Morris Windsor na bateria, Andy Metcalfe no baixo, e Rob Lamb, que foi logo substituído po Alan Davies, na outra guitarra, e a primeira gravação foi um E.P. chamado ‘Give It to The Soft Boys’, registrado na sala da casa de Hitchcock em 1976. Logo, a formação mudaria, com a saída Davies, entrando Kimberley Rew em seu lugar. O álbum de estreia, ‘A Can of Bees’, foi gravado já com essa formação, mas logo Metcalfe também sairia, para a entrada de Matthew Seligman e saiu em 1979. A obra-prima da banda viria no ano seguinte.

‘Underwater Moonlight’ juntava à perfeição o senso melódico com a energia punk em canções como ‘I Wanna Destroy You’, canções pop ganchudas como a faixa-título com as udanças de ritmo como a nervosa ‘Insanely Jealous’. Uma pena que um disco dessa envergadura e com tamanho apelo pop não tenha servido para manter a banda na ativa: os caras resolveram se separar logo depois, deixando ainda dois discos póstumos, o E.P ‘2 Halfs For the Price of One’ (1981), e uma compilação de gravações feitas mais ou menos na mesma época de ‘Underwater ...’, ‘Invisible Hits’ (1983). Robyn Hitchcock partiria em respeitada carreira solo logo a seguir, lançando material sob o nome de Robyn Hitchcock & The Egyptians, tendo Morris Windsor e Andy Metcalfe como músicos de apoio, enquanto que Seligman tornou-se um requisitado músico de estúdio e Kimberley Rew juntou-se à banda Katrina & The Waves. Os Soft Boysa ainda se reuniriam duas outras vezes, em 1994, para uma breve tour pelo Reino Unido, e em 2001, por conta dos 20 anos (21, na verdade) do lançamento de ‘Underwater Moonlight’, que recebeu uma edição dupla, caprichada, da americana Matador Records. Ainda registraram mais um disco, ‘Nextdoorland’, em 2002, mas fecharam o boteco definitivamente no ano seguinte. Hitchcock, que acaba de lançar mais um disco-solo – o bastante elogiado ‘Propellor Time’ –, pode ser visto em pontas dos filmes mais recentes do diretor Jonathan Demme – ‘Sob o Domínio do Mal’, ‘O Casamento de Rachel’ –, seu velho fã e amigo.

I Wanna Destroy You
Kingdom of Love
Insanely Jealous
Underwater Moonlight



Os Soft Boys: melhor banda a unir a urgência punk às melodias folk psicodélicas sessentistas


O incansável Robyn Hitchcock, em seu 'cameo' em 'O Casamento de Rachel': novo disco, pra variar, foi bastante elogiado

Nenhum comentário:

Postar um comentário