sexta-feira, 21 de maio de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (35)

No programa deste sábado, 22, às 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede), tem três lançamentos muito legais, o resgate de três obscuridades bacanas do final dos anos 1970/início dos 1980 e uma palhinha de uma coletânea recém-lançada que dá uma geral na carreira de uma cult band inglesa dos anos 1990. Enjoy!


1º bloco:
SURFER BLOOD - Swim

Surf music indie da melhor qualidade, um dos melhores discos a pintar no mercado este ano, o álbum de estreia da banda de West Palm Beach, Flórida, de recentíssima formação: começaram a tocar ano passado apenas. ‘Astro Coast’ tem melodias pop grudentas, peso e uma levada indie que os aproxima de clássicas guitar bands americanas, como Pavement e Built To Spill, além de esculpirem em alguns momentos um paredão sonoro que lembra as experimentações de Kevin Shields do My Bloody Valentine, além do papa do wall of sound do pop sessentista, Phil spector. São um quinteto, formado pelo cantor e guitarrista John Paul Pitts, o baterista Tyler Schwarz, o guitarrista Thomas Fekete, o baixista Brian Black e o percussionista Marcos Marchesani, são queridinhos de órgãos como o influente site Pitchfork e já excursionaram com Art Brut e Japandroids.

THE BLACK KEYS – Tighten Up
O duo americano de Akron, Ohio – Dan Auerbach, guitarra e voz, e Patrick Carney, bateria –, na estrada desde 2001, está de volta comBrothers’, álbum com uma levada soul sessentista, som de órgãozinho análogo e efeitos de phasing e fuzz nas guitarras e até uma versão do clássico ‘Never Gonna Give You Up’, da dupla de compositores Gamble & Huff, já gravado por “n” artistas. ‘Brothers’ sucede o aclamado ‘Attack & Release’ (2008), que teve produção de Danger Mouse, e ‘Blacrock’, Álbum em colaboração com vários artistas de hip-hop, como Mos Def, RZA e Ludacris, entre outros. O BK também tem se apresentado por aí com gente como Public Enemy, The Roots e TV On The Radio.

THE TALLEST MAN ON EARTH – King of Spain
“O Homem Mais Alto do Mundo” é a alcunha do sueco Kristian Matsson, um trovador folk de timbre de voz peculiar, também cantor de uma banda chamada Montezumas. Tem dois álbuns, o aclamadíssimo ‘Shallow Grave’, lançado há dois anos, e ‘The Wild Hunt’, que saiu no mês passado, além de um EP de estreia, homônimo. O curioso é que o cara, mesmo sendo nórdico, utiliza não só elementos da música de raíz dos Estados Unidos – fazendo um som bem cru, aliás, que remete a Dylan e Woody Guthrie –, mas mesmo termos e expressões antigas do inglês falado na América do Norte. The Tallest Man On Earth grava para o selo americano Dead Oceans.


2º bloco:

THE UNITS – High Pressure Days

Sensacional banda californiana de San Francisco, uma das pioneiras do “synthpunk” (ou seja, o punk rock que utilizava sintetizadores em vez de guitarras), que teve vida curta – de 1978 a 1984 –, e teve lançada lá fora a coletânea ‘History of The Units: The Early Years: 1977-1983’, no final do ano passado. Misto de grupo de rock e artistas performáticos, seus shows eram espetáculos múlti-mídia com projeções de filmes satíricos e anti-conformistas com fortes críticas ao consumismo – uma compilação destes filmes, ‘Unit Training Film #1’, chegou a passar em algumas salas de cinema alternativas da bay area de San Francisco, na época. A coletânea que está no mercado gringo é basicamente uma reunião do primeiro álbum, ‘Digital Stimulation’ (1980), e vários singles. Mesmo obscuros, desconhecidos do grande público, os Units tocaram com Iggy Pop, Orchestral Manouvres In The Dark, Soft Cell, Police, XTC, Gary Numan, Psychedelic Furs e os conterrâneos Dead Kennedys.

THE PLIMSOULS – Everyday Things
Outra banda californiana – mas de Los Angeles –, fundada no final dos anos 1970 – também em 1978 –, igualmente de curta duração – encerrou as atividades em 1983 –, e com pegada punk – mas fundindo o rock garageiro ao soul dos 60’s, os Plimsouls tinham no vocalista e compositor Peter Case, autor de ‘Hangin’ On the Telephone’, depois gravada pelo Blondie, a principal figura. Jamais deixaram de ser uma banda cult e sequer conseguiram que sua fama local atravessasse o Atlântico, mas foram um dos mais quentes grupos a fazerem o circuito de clubs da Sunset Strip, em L.A. em sua época. Saiu há pouco lá fora um disco ao vivo dos caras, gravado justamente numa dessas apresentações, em uma noite de Halloween, ‘Live! Beg, Borrow & Steal: October 31, 1981 Whisky a Go Go’, mas a faixa que a gente ouve é do segundo e último álbum de estúdio dos caras, ‘Everywhere at Once’, de 1983. Os caras têm outro disco ao vivo, lançado em 1988, lançado com a banda já inativa. Os Plimsouls voltaram em 1995, com Clem Burke, ex-Blondie, na bateria, e ainda registraram o álbum ‘Kool Trash’, em 1998, e penduraram as chuteiras definitivamente. Peter Case tem uma respeitada carreira-solo, em discos que mixam o rock ao blues e ao folk.

LET’S ACTIVE – Every Word Means No
Banda oitentista de Chapel Hill, da Carolina do Norte, liderada por um dos caras mais influentes mais do rock americano dos anos 1980, o prolífico Micth Easter, produtor dos clássicos primeiros discos do R.E.M., um álbum do Pavement, outro do Helium, dono dos famosos Drive-In Studios, e ex-integrante de uma banda chamada The Sneakers. O Let’s Active durou de 1981 a 1988, deixou três álbuns e alguns E.P.s – sendo o primeiro, ‘Afoot’, de 1983, um clássico –, e um som grudento (no bom sentido), com melodias que lembram os 60’s, de acento sulista, que exerceu grande influência em várias college bands americanas. Mitch, que tá com 55 anos de idade, lançou seu primeiro álbum-solo, ‘Dynamico’, só em 2007.


3º bloco:

SLOWDIVE – ‘The Shining Breeze: The Slowdive Anthology’ (col., 2010)


Caso típico daquelas bandas muito mais faladas do que ouvidas, o Slowdive geralmente é um dos citados quando se ouve o termo “shoegazer’ – algo como o cara que fita os sapatos, numa referência à postura tímida e distante e o som etéreo e viajandão dos caras –, embora as outras bandas citadas do gênero, como My Bloody Valentine, Ride e Jesus & Mary Chain sejam bastante populares entre os curtidores do som alternativo. O Slowdive surgiu em 1989 em Reading, terra de um dos mais populares festivais de rock na Inglaterra, encerrou as atividades seis anos depois, deixou apenas três álbuns, gravados quando os integrantes do grupo mal haviam saído da adolescência que teimam em soar de uma rara beleza quase vinte anos após lançados. A recém-lançada coletânea dupla ‘The Shining Breeze: The Slowdive Anthology’ cobre do primeiro E.P., ‘Slowdive’, lançado em 1990, até o terceiro e derradeiro álbum ‘Pygmalion’, de 1995.

O nome da banda veio de um sonho do baixista Nick Chaplin, um dos integrantes originais, junto com a vocalista e guitarrista Rachel Goswell – fã de carteirinha dos Smiths –, o também vocalista e guitarrista Neil Halstead (amigo de infância de Rachel), o guitarrista Christian Savill e Adrian Sell, o primeiro de vários bateristas. Não demorou muito para que assinassem com o selo Creation – não por acaso, o mesmo de Jesus & Mary Chain e My Bloody Valentine –, e os primeiro single chamaram logo a atenção da crítica especializada e do povo indie, tendo excelente repercussão. Pela altura do terceiro, ‘Holding Our Breath’, lançado em junho de 1991, já eram uma das sensações do que a imprensa britânica apelidou de “a cena que celebra a si mesma” – que incluía ainda o Curve, o Lush, o Swervedriver e até o recém surgido Blur, o que no caso não tinha nada a ver com narcisismo, mas referia-se basicamente a uma turma que saía junto pra fazer festa, em que os caras iam uns nos shows dos outros e de quem se esperava fosse fazer algo de relevante.

O disco de estreia do Slowdive, ‘Just For a Day’, saiu na Inglaterra em setembro de 1991, justamente no momento em que a América era sacudida pelo bombástico ‘Nevermind’, do Nirvana, e apesar de o disco frquentar o Top 10 indie britânico, a cena shoegaze já andava saindo de moda, e a imprensa musical da ilha, que tradicionalmente abandona rapidinho as bandas que pouco antes incensou – o famoso esquema do “a melhor banda do mundo esta semana” –, já não dava mais muita bola pros caras. Ao debut, seguiu-se a coletânea de singles ‘Blue Day’ – que continha uma versão de ‘Golden Hair’, canção de Syd Barrett a partir de poema de James Joyce, e mais um disco de carreira, ‘Souvlaki’ (1993), que teve até o luxuoso auxílio de Brian Eno em algumas faixas, mas teve problemas na divulgação no mercado americano, uma vez que a turnê agendada não contou com o principal: por conta de uma inacreditável trapalhada da gravadora SBK, o disco só foi sair nos EUA muito tempo depois.

Antes de retirar-se de cena, o Slowdive ainda gravaria o controverso ‘Pygmalion’, álbum de atmosfera ambient que desgostou Chaplin e Savill, que resolveram pular fora em meio às gravações, vindo a ser praticamente um trabalho-solo de Halstead. Halstead, porém, reuniu o que sobrou do grupo – sua velha amiga Rachel e o baterista Ian McCutcheon, e fundou o Mojave 3, que faz um som eminentemente acústico – e etéreo – e já tem cinco discos no currículo.

Alison
Catch The Breeze
Dagger
Machine Gun
Souvlaki Spacestation

Nenhum comentário:

Postar um comentário