sexta-feira, 16 de abril de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (30)

No nosso trigésimo programa, tem anarquia, groove e pegada punk, sons hipnóticos, anos 1970, 1980 (no espírito), 1990 e 2000. Te liga na FM CULTURA (107.7 ou www.fmcultura.com.br) neste sábado, dia 17, às 22h e enjoy! Here's the playlist:

1º bloco:

WOLF PARADE – Call It a Ritual


Banda canadense formada em Montreal em 2003, de cara já deu pé quente, ao estrear nos palcos abrindo para o Arcade Fire e caindo também nas graças de Isaack Brock, o líder do Modest Mouse, que também faz as vezes de caça-talentos da gravadora Sub Pop. Quando contratados pelo lendário selo de Seattle, já tinham dois EP’s, lançaram mais um em 2005, e no mesmo ano veio o disco de estreia, ‘Apologies to the Queen Mary’, que transformou os caras e seu o som abrasivo e ao mesmo tempo elaborado um dos musts da cena indie daquele ano, com o WP já sendo geralmente citado pela a imprensa ao lado de outras conceituadas bandas canadenses, como o Broken Social Scene. Em 2008, veio o segundo álbum, o ainda mais aclamado ‘At Mount Zoomer’.

BROKEN SOCIAL SCENE – World Sick

Um combo de músicos canadenses vindos de outras bandas – Stars, Metric (que tocamos no programa da semana passada, Do Make Say Think, entre outras –, começou em 1999 em Ontario pelas mãos dos amigos de longa data Kevin Drew, ex-K.C. Accidental, e Brendan Canning, ex-By Divine Right. O conceito é justamente este: um monte de amigos se divertindo – os caras chegaram a ter 11 integrantes à época do segundo disco, o premiado ‘You Forget It in People’, de 2002. Além desse, são mais dois álbuns de carreira e uma coletânea de raridades, e o novo álbum, ‘Forgiveness Rock Record’, sai mês que vem lá fora.

HEALTH – Die Slow

Grupo californiano de Los Angeles, na ativa desde 2005, começaram fazendo uma penca de shows gratuitos e gravaram seu primeiro disco, homônimo, em um espaço chamado The Smell, exercitando à vontade a anarquia sonora e a estética ‘do it yourself’, fazendo uso de batidas tribais, noise, e um instrumento chamado Zoothorn, que vem a ser um misto de microfone e pedal para guitarras. Ano passado, saiu o segundo disco dos caras, ‘Get Color’.


2º bloco:

REDD SNAPPER – Image of You


Uma das melhores bandas a fundir funk, hip-hop e texturas jazzísticas, utilizando instrumentos elétricos, samplers e parafernália eletrônica, o Red Snapper foi fundado em Londres em 1993 e não chegou a durar dez anos em sua “primeira existência” – enceraram as atividades em 2002 pra retornar cinco anos depois. Deixaram grandes discos – em especial os aclamados ‘Making Bones’ (o segundo, de 1998) e ‘Our Aim is to Satisfy’ (o terceiro, de 2000). Basicamente um trio, formado pelo guitarrista David Ayers, o baixista Ali Friend e o baterista Richard Thair, reforçados por vocalistas e rappers convidados. O último disco, o da volta, é ‘Pale Blue Dot’, é de 2008.

HERBALISER – Shattered Soul

Também londrinos, também originários da cena britânica do início dos anos 1990 e seu caldeirão de referências, tem diferenças significativas em relação ao Red Snapper no que se refere à formação e aos elementos que marcam presença mais forte em sua música: o Herbaliser é um projeto do baixista baixista Jake Wherry e do DJ Ollie Teeba, e os grooves venenosos dos caras têm como principais inpirações o hip-hop da old school (Sugar Hill Gang, Jungle Brothers), trilhas de filmes blaxploitation e o funk jazzificado de artistas como Roy Ayers e Ramsey Lewis. Têm oito álbuns, a maior parte deles lançada pelo selo Ninja Tune (de propriedade de Jonathan More e Matt Black, do Coldcut), e um dos mai legais é ‘Very Mercenary’ (1999).

NIGHTMARES ON WAX – Ethnic Majority

Outro inglês – este de Yorkshire –, e também um pouco mais antigo – é de 1988 –, e totalmente eletrônico. É obra dos DJ’s George Evelyn e Robin Taylor-Firth, e cria da efervescente cena pós-rave britânica, que absorvia influências de todos os lados: a house e o electro novaiorquinos, o techno de Detroit, a acid britânica, ofunk, o soul e o hip-hop. Os dois primeiros singles do NOW, ‘Dextrous’ e ‘Aftermath’, são clássicos da electronica dos anos 1990, assim como os discos ‘Smokers Delight’ (1995) e ‘Carboot Soul’ (1999). A dupla tem ainda várias colaborações – como com o De La Soul – e remixes –, e segue na ativa: os dois álbuns mais recentes foram lançados em 2008 e 2009.


3º bloco:

RADIO BIRDMAN – ‘The Essential (1974-1978)’ (col., 2001)


Juntamente com The Saints, um dos pilares do punk rock australiano, esta banda de Sydney paga forte tributo à cena de Detroit: na canção ‘Do The Pop’, o vocalista Rob Younger canta ter visto os Stooges e o MC5, e o próprio nome do grupo foi tirado de um dos versos iniciais da canção ‘1970’, da banda de Iggy Pop – na verdade, a canção jamais cunhou essa expressão, trata-se de uma adaptação que eles fizeram (‘Out of my mind on saturday night/ 1970 rollin’ in sight/ Radio burnin’ up above/ Beautiful baby, feed my love’). O Radio Birdman teve curta existência, apenas quatro anos, e o melhor de sua produção está nesta coletânea, que dá uma geral nos álbuns ‘Radios Appear’ e ‘Living Eyes’ e os E.P.’s ‘Burn My Eye’ e ‘More Fun’. ‘The Essential’ preencheu uma importante lacuna, já que as clássicas gravações do sexteto havia muito tempo estavam disponíveis apenas no mercado australiano, quando lançada nos Estados Unidos, em 2001, com texto do expert David Fricke, da Rolling Stone, pelo selo Sub Pop. Curiosamente, ‘Sub-Pop’ era como a banda definia sua música.

O cantor Rob Younger e o guitarrista Deniz Tek, este americano de nascimento, fundaram o grupo em 1974, logo após deixarem suas bandas – The Rats e TV Jones, respectivamente. Em seguida, entrariam o tecladista Philip ‘Pip’ Hoyle, de formação clássica, o baterista Ron Keely e o baixista Carl Roke – que logo seria substituído por Warwick Gilbert, que tocara com Rob nos Rats. O guitarrista Hoyle deixaria também a banda por um curto período, sendo substituído por Chris Masuack. Hoyle voltaria depois como tecladista. Num primeiro momento, nenhuma gravadora interessou-se pelo grupo, que abriu um pub em Sydney chamado ‘The Oxford Funhouse’ (pegando emprestado o nome do segundo álbum dos Stooges, do qual também gravaram ‘TV Eye’), onde se apresentavam não apenas o RB, mas uma infinidade de grupos do underground roqueiro australiano da época. O lugar começou a bombar e a primeira cena do punk de Sydney estava surgindo, assim como o culto ao Birdman, cujo famoso logotipo, criado por Gilbert (também artista gráfico), já era usado pela pequena multidão de fãs que ia se formando.

O E.P. de estreia, ‘Burn My Eye’ e o primeiro álbum, ‘Radios Appear’ vieram respectivamente em 1976 e 1977, e confirmaram todas as expectativas: o LP chegou inclusive a receber cinco estrelas da edição australiana da revista Rolling Stone. O problema é que os caras não tinham uma gravadora forte por trás – o selo Trafalgar era de propriedade deles mesmos, e mesmo que tenham descolado um acordo com a Warner para distribuição, não houve verba para divulgação, e as vendas foram francamente decepcionantes. O RB a essa altura excursionava por toda a Austrália, e um desses shows foi assistido por Seymour Stein, o então influente e antenado presidente da Sire Records – o cara que contratou os Ramones e os Talking Heads –, que estava na ilha na verdade para contratar os Saints, mas acabou decidindo oferecer um contrato ao Birdman. Pela Sire, o que saiu foi na verdade uma nova versão de ‘Radio Appear’, que consistia em algumas faixas remixadas, outra regravadas, além de novas gravações. As inevitáveis comparações entre as duas versões vieram acaloradas – mas a verdade é que a maioria dos fãs de carteirinha adquiriram as duas versões e chegam a considerá-las mesmo discos diferentes.

Mas o que era pra ser o momento de escalada para o sucesso do grupo foi, na verdade, o início de uma sucessão de problemas. As vendas mais uma vez não foram as esperadas – tanto que o segundo álbum, ‘Living Eyes’, gravado em 1978, só viria a ser lançado em 1981, quando a banda já não existia mais – e os shows do grupo passaram a ser frequentado por gente do mal, como os tristemente célebres Hell’s Angels californianos. Acabariam encerrando as atividades em 1978, mas nos últimos 15 anos de vez em quando a banda dá as caras: ensaiaram um comeback em 1996, quando tocaram no Big Day Out Festival, e dez anos depois voltaram a gravar em 2006: o terceiro álbum de carreira, o elogiado ‘Zeno Beach’, saiu em 24 de junho daquele ano pelo próprio selo do grupo, Crying Sun Records.

Aloha Steve and Danno
Murder City Nights
New Race
Burn My Eye ’78
Hanging On



O Radio Birdman em seus gloriosos tempos de juventude (1974-1978): isso sim é que é rock australiano de verdade


O famoso logo do grupo, criado pelo baixista Warwick Gilbert

Nenhum comentário:

Postar um comentário