sexta-feira, 16 de julho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (43)

O programa deste sábado, dia 17, às 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede) tem psicodelia, nu rave, power pop e um clássico do punk feminista. Enjoy!

1º bloco:

STARDEATH AND WHITE DWARFS – New Heat

Pintando mais uma vez por aqui, desta vez sozinha: a banda de Dennis Coyne, sobrinho do líder dos Flaming Lips, Wayne Coyne, já tinha dado as caras em CM antes, quando do lançamento da versão de ‘The Dark side of The Moon’, gravada pelas duas bandas. As referências do Stardeath são muito parecidas com as da banda de titio Wayne: um rock experimental com boas melodias e climão psicodélico. Curiosamente, também são da mesma gravadora, a toda-poderosa Warner Brothers. Procedente de Norman, Oklahoma, na ativa desde 2004, o grupo de Dennis Coyne tem excursionado pela América com bambambans do cenário alternativo como Explosions in the Sky, Deerhoof, Band of Horses e, claro, os Flaming Lips. O primeiro álbum, lançado em junho do ano passado, cinco anos depois do E.P. de estreia, chama-se ‘The Birth’.

OF MONTREAL – Coquet Coquette
Prolífica banda americana – tá lançando o 10º álbum em 13 anos de carreira, que incluem ainda vários singles, E.P.’s e coletâneas –, é natural de Athens, na Georgia, lar do R.E.M., dos B-52’s e do Pylon, embora tenha perambulado pela Flórida, por Cleveland e por Minneapolis. O OM é a empresa de um cidadão chamado Kevin Barnes, maluco-beleza que batizou sua banda a partir de um pé-na-bunda que levou de uma garota canadense de Montreal, e surgiu na Segunda geração de bandas do selo/cooperativa Elephant 6, uma comunidade de artistas que emergiu na primeira metade dos anos 1990 que mixava o som lo-fi então em voga com o folk psicodélico sessentista e da qual faziam parte Olivia Tremos Control, Elf Power, Apples In Stereo e Neutral Milk Hotel, entre outros. A diferença básica para esses é que o Of Montreal tem referências mais variadas, que vão da new wave ao vaudeville, além de elementos teatrais. O novo álbum, que tá saindo lá fora, chama-se ‘False Priest’.

KLAXONS – Flashover
Trio londrino que faz rock largamente influenciado pela dance music, em especial o luminoso período entre o final dos anos 1980 e o começo da década seguinte, ou seja, a explosão da cena rave britânica – consta até que foi o baixista, cantor e compositor Jamie Reynolds quem cunhou o termo “nu-rave”, inicialmente para designar o som do seu grupo, mas o rótulo acabou pegando também em outras bandas que fazem esse tipo de som, como The Sunshine Underground, Hot Chip, Shitdisco e até o brasuca Cansei de Ser Sexy. O Klaxons, desde os primeiros singles, virou queridinho de publicações como a revista inglesa NME, o álbum de estreia, ‘Myths of the Near Future’, saiu em 2007, e o novo, ‘Surfing the Void’, tá previsto pro final do mês que vem.


2º bloco:

THE GO-BETWEENS – Magic in Here

Clássica banda australiana de Brisbane, formada em 1978. Típica organização cult, teve um séquito pequeno porém fiel de fãs, grande respeito da crítica, fazendo um som com referências inatacáveis (Velvet Underground, Bob Dylan), deixando discos significativos em selos bacanas como os ingleses Rough Trade e Beggars Banquet – chegaram até a se mudar pra Londres num dado momento. Os donos da bola, os guitarristas, vocalistas e compositores Grant McLennan e Robert Forster, foram encorajado por ninguém menos que os Saints, banda proto-punk dos anos 1970, referência inesgotável do rock australiano. Os GB encerraram as atividades no auge, no último dia de de 1989, um ano após o lançamento de seu sexto – e, segundo críticos e fãs, melhor – disco, ‘16 Lovers Lane’. Voltaram uma década depois, lançando o ótimo ‘The Friends of Rachel Worth’ (2000), com Foster e McLennan fazendo-se acompanhar por importantes músicos da cena indie americana, como Janet Weis (baterista do Quasi e do Sleater-Kinney), Sam Coomes (ex-parceiro de Elliot Smith no Heatmiser, tecladista do Quasi) e Corine Tucker (cantora e guitarrista do Sleater-Kinney). Deixaram mais dois álbuns de estúdio e um ao vivo, até a morte, por ataque cardíaco, de MacLennan, em maio de 2006.

ELECTRAFIXION – Lowdown
Banda inglesa de Liverpool que durou apenas dois anos, deixando apenas um álbum, hoje um tanto esquecido, mas que serviu para o nobilíssimo propósito de reeditar a clássica parceria entre o vocalista e compositor Ian McCulloch e o guitarrista Will Seargent, pouco mais de cinco anos de Mac ter deixado o Echo & The Bunnymen – que continou um tempinho sem ele, até que se deu conta de que sem o seu homem de frente não fazia o menor sentido continuar. Mais pesado e barulhento que o Echo, com guitarras mais turbinadas, claramente influenciadas pela onda grunge de então, o Electrafixion acabou servindo para animar a dupla Mac e Will a ressuscitar o Echo. Além dos dois, o grupo, que lançou ‘Burnedem 1995, ainda tinha o baixista Tony McGuigan.

SUGAR – Gee Angel
Outra banda de curtíssima duração (1992-95), formada pelo cantor, compositor e guitarrista Bob Mould, ex-Hüsker Dü, com o baixista David Barbe e o baterista Malcolm Travis, e mais ou menos com as mesmas referências – violões suaves e guitarras barulhentas, melodia e distorção convivendo em paz – que a ex-banda do frontman, apenas com uma pega a mais pop, sem tanto aquela estridência que era influência do hardcore do HD. Mould havia lançado dois álbuns solo muito bem recebidos após o fim do Hüsker Dü, em 1987, e com o Sugar registraria apenas dois – ‘Copper Blue’ (1992), o disco mais bem sucedido de toda a carreira do cara, disco de ouro no mercado americano, e ‘File Under: Easy Listening’ (1994) –, além do E.P. ‘Beaster’ (1993), até decidir-se pela volta à carreira solo. O Sugar ainda deixou uma coletânea de lados B de singles, chamada ‘Besides’, tão bacana quanto os álbuns de carreira.


3º bloco: X-RAY SPEX – ‘Germ Free Adolescents’ (1978)

Uma das principais bandas da explosão punk britânica dos anos 1970, junto com os Sex Pistols, Clash e o Damned, formada em Londres em 1976, registrou seu único álbum em 1978, encerrou as atividades um ano depois, mas é referência até hoje, principalmente para as bandas femininas – e feministas: Beth Ditto, do Gossip, sempre cita o X-Ray Spex como uma de suas bandas favoritas, o nome da banda já apareceu na letra de uma das músicas do Le Tigre e literalmente todas as riot grrrls pagam um tributo violento à banda da mítica cantora e compositora Poly Styrene.

Poly – ou Marion Joan Elliot Said, seu nome de batismo, nascida em 1957 filha de mãe secretária e pai somali de origem aristocrata mas que perdeu tudo e sumiu de vista – tem uma trajetória das mais fantásticas: aos 15 anos de idade, saiu de casa com apenas três libras no bolso, pegando a estrada e indo de carona de festival de rock em festival de rock, hospedando-se nos famosos ‘squats’ (casas abandonadas onde viviam comunidades punk) até pisar num prego enferrujado, contrair septicemia e ter de encerrar a brincadeira. Impressionada depois de assistir a um show dos Pistols, resolveu formar sua própria banda, com o auxílio da amiga Lora Logic (ou Susan Whitby, saxofonista, que logo depois formaria o The Essential Logic), então com apenas 16 anos – Poly tinha 19. O primeiro single do X-Ray, lançado em outubro de 1977, é um clássico absoluto: ‘Oh Bondage, Up Yours!’ é um dos grandes hinos feministas da história do rock. Além das canções de teor feminista, o principal tema das letras de Poly era o consumismo e a alienação da juventude de seu tempo.

O único álbum gravado pelo X-Ray Spex, ‘Germ Free Adolescents’, saiu em novembro de 1978, saudado pela crítica britânica como um dos melhores discos daquele ano, e a banda então já não contava com Lora Logic, que havia sido saída do grupo (sua participação nos arranjos das canções sequer é creditada), entrando em seu lugar Rudi Thompson. Mas a banda teria vida curtíssima mesmo. Após um show em Dorchester, Poly teve uma visão de uma luz cor-de-rosa vinda do céu e objetos caindo que se desintegravam quando ela os tocava. Sua mãe, achando que a garota estivesse alucinando, a internou em um hospital, e o primeiro diagnóstico foi de esquizofrenia, acompanhado pela recomendação de que ela não voltasse a trabalhar nunca mais. Mais tarde, o diagnóstico seria “abrandado” para transtorno bipolar, o que a levou a uma série de idas e vindas de hospitais. Vendo a coisa em retrospecto, mais tarde Polly disse que o perído até foi positivo: apesar de Ter de parar de tocar justo no momento em que sua banda acontecia, ela acha que foi bom sair da mira dos holofotes por um tempo.

Ressurgiu pouco tempo depois modificada. Virou hare krishna e lançou um elogiado disco-solo, ‘Translucence’, em 1981, gravado inclusive nos estúdios pertencentes ao movimento. Ainda soltou um míni-LP chamado ‘God’s & Godesses’, em 1986, e um novo álbum só viria em 2004, ‘New Age Flower Aeroplane’. O X-Ray Spex foi reeditado algumas vezes ainda – para um show-surpresa em Londres, em 1991, e depois para um novo disco (com Polly, Lora Logic e o baixista Paul Dean da formação original), chamado ‘Conscious Consumer’, lançado em 1995. Há dois anos, teve mais um comeback, para um show absolutamente lotado de 3.000 entusiasmados fãs: o concerto realizado no dia 6 de setembro no The Roadhouse londrino, descrito como “áspero” pela imprensa da ilha, foi lançado em disco dois meses depois, ‘Live @ the Roundhouse London 2008’. Hoje, uma amadurecida Poly Styrene, se auto-define como “uma observadora, não uma artista torturada que compõe a partir de suas torturadas experiências. Uma pessoa que usa a palavra e as ideias, tendo um sorriso no rosto sobre tudo, que trata de puxar a coisa pra cima”. Sua filha, Celeste Bell, também é cantora de uma banda, o Debutant Disco, radicado em Madri.

The Day The World Turned Day-Glo
Identity
Germ Free Adolescents
Warrior in Woolworths
Highly Inflammable
Oh Bondage, Up Yours!
(*)


(*) 1º e clássico single da banda, não saiu no álbum original, mas consta de edições posteriores como faixa-bônus

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