sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (12º Programa)

Buenas, gurizada, como devem ter notado, semana passada não teve programa, por conta da transmissão de um evento no interior do Estado. E agora, com o fim do programa da Bienal, voltamos ao horário normal, das 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). O playlist é esse aí abaixo. Enjoy!


1º bloco:

EELS
Prizefighter

Grupo americano formado em 1995, basicamente um veículo do vocalista, compositor e guitarrista Mark Oliver Everett, conhecido no meio musical pela alcunha de ‘E’. Uma trajetória pessoal das mais atribuladas, repleta de episódios trágicos, foi exorcizada principalmente no segundo disco, ‘Electro-Shock Blues’, de 1996: E achou o corpo do pai ainda na adolescência, a irmã esquizofrênica suicidou-se, a mãe morreu de câncer no pulmão, amigos próximos também se foram. Mas mesmo com toda essa carga de desastres, o cara continuou, com seu bem-sucedido mix de melodias assobiáveis, levada country, batida de hip-hop e espírito indie. O Eels já tem sete discos de estúdio, um ao vivo, e E tem vários discos-solo. O mais recente, deste ano, é ‘Hombre Lombro: 12 Songs of Desire’.

PHOENIX – Lizstomania

Banda francesa, formada há quase 15 anos, com fortíssima influência da new wave oitentista. O curioso é que começaram tocando em bares parienses tocando covers de Prince e Hank Williams, e começaram a ganhar fama quando bancaram a banda de apoio da dupla Air em aparições de Nicolas Godin e Jan-Benoît Dunckel em programas da TV inglesa. O single de estreia, ‘Heatwave’, com clima disco, fez a fama do grupo, preparando a expectativa para o disco de estreia, ‘United’, de 2000. Curiosidade: o vocalista Thomas Mars é casado com Sofia Copolla, com quem tem um filho. O disco mais recente do Phoenix é ‘Wolfgang Amadeus Phoenix’, deste ano.

THE ATLAS SOUND c/ NOAH LENNOX (PANDA BEAR) – Walkabout

Projeto paralelo de Brad Cox, aquela figura magérrima e longilínea que sofre de síindrome de Marfan e é o vocalista de uma das principais bandas americanas da atualidade, o Deerhunter. Sendo nativo de Athens, na Georgia, criou-se ouvindo um dos orgulhos da cidade, o B-52’s, que tem até hoje como uma de suas maiores referências. O som do Atlas Sound tem apelo pop, mas também um experimentalismo sutil herdado do Deerhunter – que depois de dois álbuns deu um tempo justamente pra que seus integrantes se dedicassem a seus projetos particulares. Assim, Cox aproveitou pra gravar, em sequência, os dois discos do Atlas Sound, ‘Let the Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel’, do ano passado, e ‘Logos’, deste ano.


2º bloco:

SPACEMEN 3 – Revolution

Um dos mais radicais experimentos psicodélicos dos anos 1980 e 90, explorando principalmente o ruído das guitarras, e adicionando a isso a sonoridade de órgãos e teclados hiperamplificados, construindo paredes de microfonia e ambiências hipnóticas. O S3 foi fundado em Derby, na Inglaterra, pela dupla Sonic Boom e Jason Pierce, e durou até 1991, quando as diferenças pessoais e o abuso de drogas da dupla tornou-se insustentável. Pierce formou, então, o Spiritualized, enquanto que Boom lançou gravações-solo e projetos como Spectrum e Experimental Audio Research. O Spacemen 3 lançou alguns clássicos do som viajandão e demencial, como seu quarto álbum, ‘Playing With Fire’, de 1991.


SPIRITUALIZED – Ladies and Gentlemen, We Are Floating in Space


Já o grupo de Pierce é menos ruidoso que o Spacemen 3, adicionando um toque sinfônico e outro de soul music na jogada, embora a referência aos drones de guitarra e ao minimalismo, influências de compositores contemporâneos como La Monte Young e Steve Reich, ainda esteja presente. Na verdade, o Spiritualized já estava sendo gestado durante as gravações de ‘Recurring’, o último disco do S3, quando a dupla Pierce e Boom já tava praticamente apartada: cada um gravou sozinho metade do álbum, sendo que na parte de Pierce já figuravam os futuros músicos do Spiritualized, Mark Refoy (guitarra), Willie B. Carruthers (baixo) e Jon Mattock (bateria). O disco mais recente do grupo é ‘Sons in A & E’, do ano passado, e um de seus trabalhos mais aclamados – tá sendo relançado lá fora em edição de luxo – é ‘Ladies and Gentlemen, We Are Floating in Space’, de 1997, que saiu no Brasil e traz a famosa capinha que imita a embalagem de um medicamento (e o encarte, uma bula).

VERVE – Slide Away

Do bloquinho aqui, sem dúvida o mais conhecido, a tal ponto de ter virado sucesso de massa, o que já fugiria do propósito do programa, mas pouca gente conhece sues dois primeiros discos, anteriores ao ultra-estourado ‘Urban Hymns’ (1997), puxado pelos hits planetários ‘Bitter Sweet Symphony’, ‘Sonnet’, ‘The Drugs Don’t Work’ e ‘Lucky Man’. Principalmente o primeiro, ‘A Storm in Heaven’, de 1993, repleto de atmosferas etéreas e clima lisérgico, com a guitarra de Nick McCabe e os versos de Richard Ashcroft conduzindo o ouvinte a outras galáxias, pagando tributo não só à psicodelia sesentista mas também ao som shoegaze então em voga na Inglaterra. Após o terceiro álbum, o Verve se separou, voltando só no ano passado, com ‘Forth’, só que mais uma vez o relacionamento conturbado entre Ashcroft e os demais integrantes – em especial McCabe e o baixista Simon Jones – impediu a continuidade do grupo. O difícil Ashcroft não deve ter um relacionamento lá muito bom com Jason Pierce também: roubou dele a mulher, que tocava no Spiritualized justamente até 1997, ano de ‘Ladies and Gentlemen ...’ (Spiritualized) e ‘Urban Hymns’ (Verve).

3º bloco: GARY NUMAN (‘The Pleasure Principle’, 1979)

O londrino Gary Anthony James Webb, 51 anos, geralmente conhecido pelo hit ‘Cars’, sucesso massivo nas rádios quando lançado, há 30 anos, e das pistas até hoje, já teria sua trajetória justificada por ser um dos precursores do synth pop, gênero que foi um dos principais sucessos comerciais da new wave e ainda dá crias, mas na verdade sua importância vai além: seu tipo andrógino (inspirado em Bowie e no Roxy Music) e robótico (Kraftwerk), além da pose gelada, distante e do clima de paranoia e solidão das canções, ofereceram manancial para um sem-número de estilos e tendências, especialmente entre os músicos alternativos dos anos 1980, 1990 e 2000: dos góticos ao pessoal do electro, das bandas indie ao rock industrial e incontáveis subgêneros da música eletrônica.

Da juventude acanhada – era um garoto tímido, atrapalhado pela síndrome de Asperger, uma espécie de desordem psíquica que causa transtornos de comportamento e compromete a sociabilidade, considerada quase que uma espécie de autismo em nível mais leve –, veio o interesse pela música: aos 15 anos, comprou a primeira guitarra e passou a compor, e participou de várias bandas, a mais conhecida delas o Tubeway Army, onde usava o pseudônimo Valerian, tirado do herói de uma série de ficção científica da TV francesa. Logo depois, passou a usar o ‘Numan’. Aos 21 anos, lançava-se em carreira-solo, já de cara soltando seu clássico, ‘The Pleasure Principle’, em setembro de 1979. Apesar do sucesso, ainda seguiu morando com os pais por um bom tempo.

Outros álbuns seguiram-se nos anos 80 e 90, e Numan ainda teve alguns hits, embora nada comparado ao álbum de estreia e seu carro-chefe, ‘Cars’. Aos poucos, foi tornando-se carta fora do baralho, até ser resgatado nos 90’s por vários artistas independentes, que passaram a tocar ao vivo e gravar suas velhas canções, além de fazer referência à influência do inglês sobre seus trabalhos. Em julho deste ano, o Nine Inch Nails, que por ora dá um tempo, teve como convidado principal de sua ‘Wave Goodbye Tour’ justamente Gary Numan, e Trent Reznor e cia. e seu ilustre convidado apresentaram ao vivo números de Numan e do NIN. Numan inclusive diz que ele e Trent pretendem gravar juntos em breve, em um novo projeto. O álbum mais recente do inglês é ‘Jagged’, de 2006.

Metal
Films
M.E.
Cars



Numan nos seus vinte e poucos anos: inspiração para Radiohead, Grandaddy, Nine Inch Nails, Magnetic Fields, Add N to (X), Crystal Castles, Neon Indian ...

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