quinta-feira, 12 de novembro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (9)

O programa deste sábado, 14/11, à 9 da noite na FM CULTURA (107.7 ou www.fmcultura.com.br) é este:

1º bloco:

GOSSIP – Heavy Cross

Tema do nosso primeiro programa, quando saía por aqui o disco ao vivo gravado em Liverpool em 2007, o trio americano liderado pela figuraça Beth Ditto volta agora com seu álbum mas recente, ‘Music For Men’, lançado em junho. É o primeiro registro de material inédito por uma grande gravadora (a major Columbia Records, no caso), e traz a banda com um som mais acessível, o que não significa diluição. A características que fizeram do grupo um dos mais queridos do underground desta década estão todos lá: o mix punk-soul-disco continua, Beth está cantando como nunca e os versos seguem afiados como sempre. A novidade é que há o acréscimo da eletrônica pontuando algumas canções.

DEERHOOF – Fresh Born
Grupo californiano de San Francisco, tá na ativa desde a década passada, tendo iniciado como mum projeto do guitarrista Rob Fisk e do baterista e tecladista Greg Saunier em 1994, e as primeiras gravações vão na esteira da no wave novaiorquina do final dos anos 1970. A japonesinha Satomi Matsuzaki entrou em 1996, assumindo os vocais e o baixo. O som é experimental – em certas canções, tem até uma pegvada industrial, que lembra o som do Helmet ou do Prong, levada funk e melodias pop. ‘Offend Maggie’ é o disco mais recente, do ano passado.

CRYSTAL CASTLES – Crimewave

Projeto de um cidadão chamado Ethan Kath, que tirou o nome dos desenhos da She-Rah e He-Man, e da cantora Alice Glass. Fazem pop eletrônico experimental, com fartas referências oitentistas – a inspiração, que fica logo clara na primeira audição, são as trilhas sonoras de videogames da época (não por acaso, a Atari também tinha um game com esse nome). Uma curiosidade sobre uma das principais canções da dupla diz muito a respeito do ‘modus operandi’ do grupo: a canção ‘Alice Practicing’ era pra ser o que o título sugere, uma demo gravada despretensiosamente em um ensaio, sem pretensão maior de virar canção, só que foi parar no My Space e rendeu um convite de várias gravadoras, acabando por ser lançada em single em 2006. O disco de estreia, homônimo, é do ano passado.


2º bloco:
NEUTRAL MILK HOTEL – In the Aeroplane Over the Sea

Uma das principais bandas a surgirem do selo/comunidade Elephant 6 – junto aos também aclamados Olivia Tremor Control e Apples in Stereo -, que faziam um som lo-fi psicodélico cheio de referências aos anos 1960. Basicamente um projeto do vocalista e compositor Jeff Mangum, deixou dois ótimos álbuns, ‘On Avery Island’ (1996) e ‘In the Aeroplane Over the Sea’ (1998) – este último, considerado um clássico do som indie americanos da década de 1990. Ambos estão sendo relançados lá fora, em vinil.

MERCURY REV – Holes

Outro clássico noventista é o quarto álbum do sexteto de Buffalo, Nova Iorque, praticamente uma banda irmã dos Flaming Lips, com quem os líderes Jonathan Donahue e David Friedman trabalharam. ‘Deserter’s Songs’ (1998) foi gravado já após a saída do vocalista original, David Baker, que, atritado com o resto da banda, viajava nas turnês num avião à parte do resto do grupo – as relações conflituosas fazem parte do histórico da banda e do folclore do rock americano. Trata-se de um álbum folk, psicodélico, com participação de Garth Hudson e Levon Helm (da The Band), com uma atmosfera dreamy, e de sonoridade bem mais calma do que os anteriores em que o grupo investia no noise – chegaram a ser expulsos do palco, em um show do Festival do Lollapallooza em Denver, no Colorado, por estourarem em muito o nível de decidéis permitido pelas autoridades locais.

DAMON & NAOMI c/ GHOST – The Mirror Phase

Um dos verdadeiros tesouros escondidos desta década, ‘Damon & Naomi with Ghost’, lançado em 2000, marca o encontro do duo folky tristonho americano e da banda folky psicodélica japonesa. Damon Krukoski e Naomi Yang era, respectivamente, baterista e baixista do aclamado trio maericano Galaxy 500, e com o fim da banda, no início dos 90’s, planejavam retirar-se da música, quando receberam uma proposta de seu antigo produtor pra que lançassem novo material para o selo Shimmy Disc. Damon assumiu então vocais, guitarra e percussão, e Naomi, baixo e vocais. O debut da dupla, ‘More Sad Hits’ (o título já diz tudo), saiu em 1991, e é um clássico da melancolia sonora da década passada. Já o Ghost, liderado pelo guitarrista Masaki Batoh, retira suas influências da psicodelia da costa oeste americana dos anos 1960 (Byrds, Jefferson Airplane, Love) e do experimentalismo do Velvet Underground e do krautrock do Can. O grupo, de formação variável, tem 9 discos lançados desde 2001, um deles ao vivo, sem falar nos igualmente respeitados discos-solo de Batoh.

3º bloco:
Especial - P.I.L. (‘Metal Box’, 1979)

Completando 30 anos de lançamento neste ano de 2009, o segundo disco da banda de John Lydon pós-Sex Pistols segue como seu trabalho mais significativo e nos últimos anos vem de novo voltando à pauta, pois várias bandas entre as mais quentes do momento – LCD Sound System, TV On The Radio, e até o Radiohead –, têm a famosa caixinha de metal do Publi Image Limited como uma de suas principais referências.

O P.I.L. foi formado em 1978 por Lydon e o guitarrista Keith Levene (ex-Clash) em 1978, e na sua formação inicial contava ainda com o baixista Jah Wobble – que ficaria conhecido depois por seus discos experimentais em que flertava com a world music – e o baterista Jim Walker. O primeiro single, ‘Public Image’, chegou ao Top 10 britânico, ainda com uma música que lembrava o som de garagem dos Pistols, mas o álbum de estreia, ‘First Issue’, que satirizava as capas de revistas de moda, já mostraria uma banda com farto apelo experimental, com influências diversas que iam do reggae e do dub (Lydon sempre foi fã dos sons jamaicanos) e do krautrock alemão (era admirador, em particular, do Can). Mas o disco seguinte, embalado numa caixinha que lembra a de um filme, é que faria toda a diferença.

‘Metal Box’ (ou ‘Second Edition’, seu título original), com o P.I.L. já reduzido ao trio Lydon, Levene e Wobble – com o auxílio do baterista Richard Dudanski, embora Walker ainda tenha registrado sua participação em algumas faixas –, é daqueles álbuns difíceis de classificar: não se parece com quase nada que tenha vindo antes dele. A guitarra de Levene por vezes soa percussiva, os versos de Lydon, que exploram desde a morte da mãe a assassinato, além de seus ataques ao stablishment, por vezes mal e mal se parecem com os de uma canção – no sentido tradicional do termo, ao menos. A estranha atmosfera criada pelos músicos, uma hora tem uma certa levada funk, em outras a música parece dura, gélida, desumanizante – um resenhista cunhou a expressão ‘alien dance music’ e faz sentido.

O P.I.L. gravaria mais outros 8 discos (dois ao vivo), sendo o mais conhecido deles ‘Album’, de 1986 – o primeiro a ser lançado no Brasil, que trouxe a banda ao país para shows no Rio e em São Paulo’ –, até encerrar as atividades em 1993. Lydon lançou um disco solo sem muita repercussão e desde 1996 excursiona esporadicamente com os redivivos Sex Pistols.

Memories
Poptones
Careering



Johnny, o eterno iconoclasta: depois de rachar o rock ao meio com os Pistols, a desconstrução do pop, com o Public Image Limited

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