terça-feira, 29 de setembro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (2º programa)

Sorry, rapazeada. Por problemas 'técnicos' (sim, eles existem, não é só migué das emissoras) não consegui postar o 'playlist' do programa do sábado, 26, no blog ANTES, como deve ser. De qualquer maneira, vai aqui, pra registro, o que rodou no último programa, pra quem quiser conferir. O próximo, do dia 03 de outubro, vai com antecedência, de qualquer jeito. Abraços, JF.

1º bloco:

DINOSAUR JR. - Pieces
Faixa que abre o álbum ‘Farm’, recém-lançado, o 2º desde que a banda voltou, em 2007. Patrimônio do guitar rock americano das décadas de 1980 e 90, o Dinosaur havia parado após ‘Hand It Over’, de 1997, quando o genioso J Mascis (guitarra, voz, composições) decidiu dar um ponto final na empresa e partir em carreira solo. Pouco menos de dez anos antes, havia quebrado os pratos com a outra força criativa do grupo, o baixista, cantor e compositor Lou Barlow – segundo a lenda, a briga final teve até guitarrada de Mascis na cabeça de Barlow (que saiu para dedicar-se ao ótimo Sebadoh e ao bom Folk Implosion). Em ‘Farm’, o Dinosaur volta à velha forma com seu "country de estourar os tímpanos" (na definição de Mascis).

YO LA TENGO - Here I Fall
Outra banda com história pra contar, o Yo La Tengo já participou de filmes independentes bacanas – fazendo a Banda do Juízo Final em 'O Livro da Vida', de Hal Hartley, e imitando o Velvet Underground em ‘I Shot Andy Warhol’, de Mary Harron –, tem dois ex-críticos em sua formação, e uma porrada de álbuns antológicos no currículo, alguns dos quais lançados no Brasil (‘Painful’, de 1992, ‘I Can Hear the Hearts Beating As One’, de 1997, ‘An Then Nothing Turned Itself Inside-Out’, de 2000). ‘Popular Songs’ é um disco maduro, equilibrando bem as influências básicas do trio: o citado Velvet, Love, Byrds, Neil Young & Crazy Horse e Soft Boys.

DEERHUNTER – Never Stops
Uma das bandas do momento, teve seu terceiro álbum, ‘Microcastle’, muito elogiado ano passado. São sulistas americanos, de Atlanta, Georgia, e como curiosidade, o vocalista Bradford Cox é portador da síndrome de Marfan, doença genética rara, associada a deficiências do tecido conjuntivo, o que ocasiona anomalias diversas, tais como alterações cardíacas e membros do corpo anormalmente longos. Can, Sonic Youth, The Fall, .... as referências são as melhores possíveis.

GRIZZLY BEAR - Foreground
Novaiorquinos do Brooklyn, gravam pra Warp, o selo londrino homenageado no programa da semana passada, por seus 20 anos de grandes serviços prestados à electronica. Mas o GB não é um grupo de música eletrônica: no caldeirão dos caras, entra folk, referências jazzísticas, orgãozinhos sessentistas, referências ao pós-rock ... e até electronica. ‘Veckatimest’, lançado no final de maio, já é o quinto disco do quarteto, aclamado como os anteriores, e ‘Foreground’, a arrepiante balada que fecha o álbum. Rock de vanguarda da melhor estirpe.

2º bloco:

NINE INCH NAILS – Discipline
Justo no ano em que se completam 20 anos do lançamento de seu debut, ‘Pretty Hate Machine’, o dono da bola, Trent Reznor, anuncia que o NIN vai dar um tempo. O grupo tinha show marcado pra Porto Alegre ano passado, mas, por conta da baixa procura, foi cancelado – o mesmo aconteceu com o outrora popular Duran Duran. O álbum mais recente de Reznor e seus comandados é ‘The Slip’, colocado no site da banda ano passado, pra download gratuito.

FRONT 242 – Animal Gate
Belgas terroristas, na ativa desde 1981, são os virtuais criadores da Electronic Body Music (EBM), mix de som industrial e aquele synth pop mais dançante. Tiveram seu grande momento na virada dos anos 1980 para os 1990 – tocaram no Lollapallooza de 1993, mesmo ano do lançamento do álbum ‘05:22:09:12 Off’,de onde tiramos a hipnótica faixa em questão. Após algumas mudanças na formação nos anos 1990, seguem na ativa.

MEAT BEAT MANIFESTO – What’s Your Name?
O Meat Beat ("MBM", para os íntimos) é uma dupla, formada em Londres na segunda metade dos anos 1980 – e naturalmente influenciada pela explosão da cena rave e o respectivo caldeirão de inesgotáveis referências da música eletrônica então. Jack Dangers e Jonny Stephens são os caras, que começaram mixando os ritmos eletrônicos emergentes – techno, trip-hop, jungle – ao som industrial e ao dub. Dangers é um reconhecido produtor, já colaborou com o pessoal do Consolidated, com o Disposable Heroes of Hipophrisy e os selos Wax Trax (de Chicago) e Nothing Records (de propriedade de Trent Reznor). A sinistra ‘What’s Your Name?’ é do álbum duplo ‘Subliminal Sandwich’, de 1996, e entrou na trilha de ‘A Bruxa de Blair’.

3º bloco:
Especial com a GANG OF FOUR

Não faço ideia se o termo "art punk" foi cunhado por causa da Gang of Four, mas faz todo o sentido: o quarteto de Leeds, sem deixar a visceralidade de lado, fazia um som cerebral cerebral, baseado na levada sincopada da cozinha formada pelo baixista Dave Allen (depois, produtor dos álbuns que fizeram a fama do Cure) e do baterista Hugo Burnham, no feedback do guitarrista (ou "não-guitarrista") Andy Gill e nos versos politizados cantados por Jon King. A politização, aliás, além de traço característico, diferia do resto do pessoal do punk de então por conta da formação acadêmica: se os Pistols tinham a vivência das ruas, o pessoal da GO4 tinha formação marxista.

O álbum de estreia da Gang, ‘Entertainment!’, lançado há exatos 30 anossetembro de 1979 –, reverbera até hoje: Michael Stipe, do R.E.M., admite que tirou muita coisa dali, Flea, dos Red Hot Chili Peppers, mostrava a música dos caras sempre que queria explicar pra alguém como o rock pode ser barulhento e suingado ao mesmo tempo. Isso sem falar na influência gritante nos sons de U2, Franz Ferdinand, Rage Against the Machine, Plebe Rude, Legião Urbana, Bloc Party, e até o Gossip, que a gente mostrou na semana passada.

A Go4 completa esse fim-de-semana uma série de 4 shows em comemorações às três décadas de vida de seu álbum de estreia, um divisor de águas incontestável. COMPANHIA MAGNÉTICA roda suas cinco faixas preferidas:



Not Great Men
Damaged Goods
I Found That Essence Rare
At Home He’s a Tourist
Anthrax



Pra finalizar, a trilha do programa é outro clássico do punk britânico que completa 30 anos em setembro de 2009: o debut das SLITS, ‘Cut’, a melhor banda feminina de todos os tempos na modesta opinião de CM, e que compunha com as também inglesas Raincoats e as suíças Kleenex/Liliput a "santíssima trindade" do female punk da época. Mas isso é papo pra semana que vem. Enjoy!








A Gang há três décadas, à época de 'Entertainment!', ...







... e em 2009: lições de história

Nenhum comentário:

Postar um comentário