Hoje, às 21h, no canal AXN da Net (o 34), tá de volta um dos seriados mais cultuados/comentados da última década, e o que tem mais cara de quebra-cabeça (por vezes, aparentemente insolúvel). Cria do trio Jeffrey Lieber/J.J. Abrams/Damon Lindelof, LOST estreou em setembro de 2004 nos Estados Unidos, desde o começo atraindo grande audiência, e logo virou coqueluche em todos os lugares em que foi exibido, inclusive no Brasil, onde começou em março de 2005, e passa na TV aberta (a Globo recém encerrou a quarta temporada, do ano passado) e a cabo (a temporada que se inicia hoje é a quinta, deste ano - ainda tá em andamento nos EUA -, já programada para ser a penúltima). Vários são os segredos de LOST, tanto na trama - há (muito) mais perguntas do que respostas -, quanto nos demais atrativos que fazem com que a audiência permaneça cada vez mais sedenta por novos episódios.
A primeira e óbvia razão é o próprio clima de mistério permanente, onde uma pista leva a outra, que abre mais um caminho, e o sujeito parece que se enreda cada vez mais numa teia. Das razões do acidente com o vôo 815 da Oceanic à história de cada personagem (cada um deles tem algo de marcante no passado, quase todos têm traumas, alguns escondem algo muito comprometedor), dos enigmas propostos ao perfil dos habitantes da ilha, novos e antigos (o soldado iraquiano Sayd, homem honesto designado a agir como torturador em seu país, o divertido Hugo e a questão dos números que o atormentam, o bom samaritano Jack e sua eternas culpas, a bela Kate, fugitiva da Justiça, assim como o espirituoso Sawyer, que disputa o amor de Kate com Jack, o enigmático John Locke, paraplégico que volta a andar na ilha, o vilão Ben Linus, de quem se sabe bem menos do que se deve, ...). Mas o melhor de tudo são as citações: a grandes autores/filósofos (John Locke, Jeremy Bentham, Mikhail Bakunin, Richard Alpert - nome verdadeiro do líder espiritual Ram Dass, colega de Timothy Leary em Harvard nos 60's e parceiros nas experiências com o LSD -, Michelle Rousseau, óbvia referência ao autor de 'O Contrato Social') e a clássicos da literatura, como 'O Senhor das Moscas' (que, aliás, serviu de ponto de partida para a trama), 'O Terceiro Tira', 'Os Irmãos Karamazóv', 'A Invenção de Morel ', 'A Volta do Parafuso' , 'De Ratos e Homens' , ... Todas as referências ajudam a dar pistas sobre o enredo e os personagens, mas a sequência de reviravoltas é tamanha que o negócio é ir acompanhando o andar da carruagem com atenção para que os desdobramentos sejam esclarecidos no seu devido tempo.
Com toda a carga de informações, LOST, claro, é daqueles seriados que não adianta acompanhar de outra maneira que não seja na exata sequência dos episódios desde seu início. Qualquer detalhezinho perdido já deixa o cara boiando. Engana-se, contudo, quem imagina que o seriado perde em emoção no decorrer da trama: ao contrário, o clima de suspense só aumenta (e pra não deixar a frustração tomar conta, os produtores e roteiristas, obviamente, vão resolvendo alguns enigmas enquanto propõem outros). E pra quem pensa se tratar de mais um daqueles enlatados com toques de sobrenatural, e que, de certa maneira, pega carona na onda dos reality shows (por mais surreal que seja a trama, estamos bancando os voyeurs de dezenas de pessoas, inclusive 'espiando' seu passado), dou meu relato pessoal: também desprezava o seriado. Cada vez que me falavam dele, não demonstrava o mínimo interesse, até que a caixa com a primeira temporada caiu nas mãos de minha mulher, emprestada por um colega que, em troca, queria as duas temporadas do 'Twin Peaks' que repousam numa prateleira lá de casa. Dei o ok pra emprestarmos a série do David Lynch pro cara, mas não fiquei lá muito na pilha de conferir o LOST. Na noite de domingo, véspera da devolução da caixa pro rapaz, concordei em colocar o primeiro disquinho no aparelho, só pra não dizer que entregamos sem ver nada. Vimos o primeiro episódio. Nos olhamos. 'Quem sabe mais um?'. Terminou o segundo. 'Tá cedo, acho que dá pra ver mais um'. E assim foi, não paramos mais. O ceticismo foi por água abaixo, sendo substituído por um crescente interesse, beirando a excitação (comparando com o 'Twin Peaks', única série que acompanhei antes - e por mais de uma década, pois a Globo fez o favor de picotar o negócio criminosamente, além do quê, por conta de discussões jurídicas entre a rede de TV e a distribuidora do seriado, a segunda temporada demorou uma eternidade pra sair em DVD -, LOST perde esteticamente falando por não ser obra de cineasta - ainda mais um com uma visão bem peculiar, como é o caso de David Lynch -, mas de produtores e roteiristas, enquanto que ganha por não ter perdido o interesse no meio pelos produtores. A segunda e última temporada das aventuras do detetive Dale Cooper tiveram de ser replanejadas e reduzidas, o que deixou a segunda metade da série de David Lynch um tanto decepcionante - o próprio autor perdeu o interesse).
A quinta temporada que estreia hoje, com o episódio ''Because You Left" (exibido nos EUA em 21 de janeiro último), tem 15 episódios, mesmo número da próxima, a sexta, onde tudo deve ser finalmente esclarecido. Ou ...
A primeira e óbvia razão é o próprio clima de mistério permanente, onde uma pista leva a outra, que abre mais um caminho, e o sujeito parece que se enreda cada vez mais numa teia. Das razões do acidente com o vôo 815 da Oceanic à história de cada personagem (cada um deles tem algo de marcante no passado, quase todos têm traumas, alguns escondem algo muito comprometedor), dos enigmas propostos ao perfil dos habitantes da ilha, novos e antigos (o soldado iraquiano Sayd, homem honesto designado a agir como torturador em seu país, o divertido Hugo e a questão dos números que o atormentam, o bom samaritano Jack e sua eternas culpas, a bela Kate, fugitiva da Justiça, assim como o espirituoso Sawyer, que disputa o amor de Kate com Jack, o enigmático John Locke, paraplégico que volta a andar na ilha, o vilão Ben Linus, de quem se sabe bem menos do que se deve, ...). Mas o melhor de tudo são as citações: a grandes autores/filósofos (John Locke, Jeremy Bentham, Mikhail Bakunin, Richard Alpert - nome verdadeiro do líder espiritual Ram Dass, colega de Timothy Leary em Harvard nos 60's e parceiros nas experiências com o LSD -, Michelle Rousseau, óbvia referência ao autor de 'O Contrato Social') e a clássicos da literatura, como 'O Senhor das Moscas' (que, aliás, serviu de ponto de partida para a trama), 'O Terceiro Tira', 'Os Irmãos Karamazóv', 'A Invenção de Morel ', 'A Volta do Parafuso' , 'De Ratos e Homens' , ... Todas as referências ajudam a dar pistas sobre o enredo e os personagens, mas a sequência de reviravoltas é tamanha que o negócio é ir acompanhando o andar da carruagem com atenção para que os desdobramentos sejam esclarecidos no seu devido tempo.
Com toda a carga de informações, LOST, claro, é daqueles seriados que não adianta acompanhar de outra maneira que não seja na exata sequência dos episódios desde seu início. Qualquer detalhezinho perdido já deixa o cara boiando. Engana-se, contudo, quem imagina que o seriado perde em emoção no decorrer da trama: ao contrário, o clima de suspense só aumenta (e pra não deixar a frustração tomar conta, os produtores e roteiristas, obviamente, vão resolvendo alguns enigmas enquanto propõem outros). E pra quem pensa se tratar de mais um daqueles enlatados com toques de sobrenatural, e que, de certa maneira, pega carona na onda dos reality shows (por mais surreal que seja a trama, estamos bancando os voyeurs de dezenas de pessoas, inclusive 'espiando' seu passado), dou meu relato pessoal: também desprezava o seriado. Cada vez que me falavam dele, não demonstrava o mínimo interesse, até que a caixa com a primeira temporada caiu nas mãos de minha mulher, emprestada por um colega que, em troca, queria as duas temporadas do 'Twin Peaks' que repousam numa prateleira lá de casa. Dei o ok pra emprestarmos a série do David Lynch pro cara, mas não fiquei lá muito na pilha de conferir o LOST. Na noite de domingo, véspera da devolução da caixa pro rapaz, concordei em colocar o primeiro disquinho no aparelho, só pra não dizer que entregamos sem ver nada. Vimos o primeiro episódio. Nos olhamos. 'Quem sabe mais um?'. Terminou o segundo. 'Tá cedo, acho que dá pra ver mais um'. E assim foi, não paramos mais. O ceticismo foi por água abaixo, sendo substituído por um crescente interesse, beirando a excitação (comparando com o 'Twin Peaks', única série que acompanhei antes - e por mais de uma década, pois a Globo fez o favor de picotar o negócio criminosamente, além do quê, por conta de discussões jurídicas entre a rede de TV e a distribuidora do seriado, a segunda temporada demorou uma eternidade pra sair em DVD -, LOST perde esteticamente falando por não ser obra de cineasta - ainda mais um com uma visão bem peculiar, como é o caso de David Lynch -, mas de produtores e roteiristas, enquanto que ganha por não ter perdido o interesse no meio pelos produtores. A segunda e última temporada das aventuras do detetive Dale Cooper tiveram de ser replanejadas e reduzidas, o que deixou a segunda metade da série de David Lynch um tanto decepcionante - o próprio autor perdeu o interesse).
A quinta temporada que estreia hoje, com o episódio ''Because You Left" (exibido nos EUA em 21 de janeiro último), tem 15 episódios, mesmo número da próxima, a sexta, onde tudo deve ser finalmente esclarecido. Ou ...
Alô José: Devo-lhe um mail para o vosso endereço do celsohotmail. Bem, enquanto não arrumo tempo para fazê-lo, e o amigo fala de Lost, por bem ou por mal me dá o ensejo de fazer um relato sobre como a referida série me chegou.
ResponderExcluirEra o começo do ano de 2005 ou 2006, se não me falha a memória, e, nos finais de noite sempre me debruçava no computador com algum parco trabalho e ao mesmo tempo, a TV, que ficava próxima ao Hall - sim, meu computador fazia algumas atividades na espreita - sempre ligada.
Daí que numa noite, em versão dublada global, lá se ia quase 1h da matina, eu me deparei com a Evangeline Lilly vendo um cavalo no meio do mato e, do nada, corta para um urso polar afugentando a rapaziada. Donde eu disse comigo: o cara que escreveu essa merda tomou bem um ácido violento, mas o time feminino está em forma.
Sim, exceção feita à mulher do Bernard - que me lembra a Nina Simone - o time feminino da série é, diria aquela apresentadora bizarra, inventada por um antigo programador da 103.3, Matadorgrgrg.
Passado algum tempo, a vida deu uma leve melhorada em casa - eu até achei que podia vender em jornalismo no pago - e dei-me ao luxo da TV a cabo em casa. E, com acesso ao AXN, pude acompanhar a segunda, a terceira e a quarta temporadas de Lost mais de perto. E gamei na Ana Lucia e na Libby. E olho para o negãozinho Michael e lembro do Caverna - da nossa ex rádio blues - com os corre-corres da filhinha dele. Igual ao negãozinho com o Walt - cuja voz se assemelha a de Michael, o Jackson, quando este era uma sublime estrela dos Jackson Five. Bons tempos.
A série, diria Caetano, "é superbacana com todas aquelas reviravoltas e elementos de diálogo do dito pelo não dito e de sentimentos antagônicos de muitos brancos e poucos pretos. Parece o Haiti, que não é aqui, mas é no Hawai. Gilberto Gil e Sawyer são lindos".
A série é a única que me dou o dever de acompanhar. Tinha muita vontade de pegar um CSI da vida, mas pegar o bonde andando não é mol. Twin Peaks, assim que a vida melhorar, eu pego a caixa aqui do lado. Abraços Brotha.
Também desdenhava do negócio, como escrevi aí, até que, de capítulo em capítulo, fui viciando. Não sou de acompanhas séries, muito menos essas cujos episódios são encadeados, o negócio começa num ano e termina 5 ou 6 depois - acaba no ano que vem, o Lost -, mas essa me pegou. Acho que sou o único cara na face da Terra que ainda não conferiu Os Sopranos, qualquer hora vou investir meu tempo nisso. E lamento profundamente que até hoje não saiu a série de TV do Batman que animou minha infância: o paladino da justiça barrigudo (Adam West), seu pupilo (Burt Ward) que morria de ciúmes cada vez que surgia absoluta ela, o primeiro símbolo sexual da minha existência, the one and only Cat Woman (a inesquecível Lee Meriwether). Muito legal, hilariante, cheio de diálogos nonsense, de duplo sentido, e com grandes atores/canastrões conhecidos fazendo pontas ou os vilões: Burgess Meredith (Pingüim), Cesar Romero (o Coringa mais bicha de todos os tempos), Frank Gorshin (engraçadíssimo como o Charada), até o cineasta Otto Preminger ('Laura', 'Anatomia de um Crime') como Sr. Gelo, Zsa Zsa Gabor, Liberace, ... e o visual psicodélico/hiper colorido, a música-tema do Nelson Riddle, o efeito 'ricochete' das imagens na passagem das cenas, o batmóvel e o telefone vermelho, a batcaverna e seus computadores absurdamente fake (manipulados com incrível displiscência pela dupla dinâmica), o covil dos bandidos, sempre com a câmera enviesada, os "Biff! Bang! Pow!". Inesquecível, brotha!
ResponderExcluirCara, falaste no Batman das antigas e o brasileiro, criativo que é, pôs lá no Youtube uma versão intitulada Batman Feira da Fruta. Faça a busca e veja que sacanagem fizeram com o herói. É sensacional e tosco ao mesmo tempo. Agora, de Mulher Gato, com todo respeito à sua estrela e à Halle Berry, mas eu vou de Michelle Pfeiffer sem medo de errar. Quando ela mia, o véio arrepia, he he he.
ResponderExcluirNão se aflija que eu também não vi a Família Sopranos. Afinal, tem que trabalhar, tem que ler, tem que sair com as ursas...Vai arrumar tempo onde, cara pálida? Abraços