sexta-feira, 6 de novembro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (8)

O programa deste sábado, no horário especial das 9 da noite, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede) terá:


1º bloco:
PJ HARVEY & JOHN PARISH – Black Hearted Love

A Woman A Man Walked By’ é o décimo disco de carreira da agora quarentona inglesinha enérgica, Polly Jean Harvey, o segundo co-creditado a seu guitarrista, John Parish (o primeiro havia sido ‘Dance Hall at Louse Point’, acústico, de 1996). Esse é mais barulhento e com algum experimentalismo, lembrando a sonoridade agressiva dos dois primeiros álbuns de PJ – ‘Dry’ (1993) e ‘Rid of Me’ (1994) –, com uma levada bluesy que é sua característica. O curioso é que PJ vem de um disco leve, cheio de baladas ao piano, ‘White Chalk’.


SUNSET RUBDOWN – Idiot Heart
Banda canadense de Montreal, projeto de um sujeito chamado Spencer Krug, um prolífico tecladista, cantor e compositor que empresta seus serviços também a bandas como Wolf Parade e Frog Eyes e tem já quatro discos do Sunset Rubdown lançados em quatro anos – o primeiro, ‘Snake’s Got a Leg’ (2005) levava o nome do grupo mas na realidade tratava-se de um projeto solo, só depois formaria-se uma banda fixa em torno do cara, que faz um som ao mesmo tempo pop e experimental, com referências ao glam rock de David Bowie e T-Rex. ‘Dragonslayer’, lançado em junho, é o álbum mais recente.

FUCKED UP – Crooked Head
Outro grupo canadense, este Ontario, na ativa desde 2001, mas que, como o nome já sugere, tem os dois pés bem cravadinhos no punk rock. O curioso é que os caras da banda atendem todos por pseudônimos: Pink Eyes (ou Father Damien), nos vocais, 10,000 Marbles, Concentration Camp e Young Governor nas guitarras – sim, os caras têm três guitarristas! – lala, o baixista Mustard Gas e o baterista Mr. Jo (também conhecido como Guinea Beat). Mais curioso ainda é que os caras, entre singles, E.P.s e álbuns, vários deles em vinil apenas, tem mais de 40 (!) discos lançados. ‘The Chemistry of Common Life’ é o elogiado álbum do ano passado.


2º bloco:
DEATH IN VEGAS c/ NICOLA KUPERUS – The Hands Around My Throat

Projeto da dupla londrina Richard Fearless e Tim Holmes, produtores e multi-instrumentistas, que juntam uma penca de influências, que vão do trip-hop ao big beat, do noise do My Bloody Valentine à lassidão do Velvet Underground. Lançaram um dos discos mais aclamados dos anos 90 há exatos dez anos, ‘The Contino Sessions’, seu segundo álbum, cheio de participações bacanas (Jim Reid, do Jesus and Mary Chain, Bobby Gillespie, do Primal Scream, Iggy Pop), e no disco seguinte, ‘Scorpio Rising’ (de 2003, o único lançado no Brasil), inspirado no filme homônimo de cineasta maldito Kenneth Anger, mais uma penca de convidados dava as caras: Paul Weller, Hope Sandoval, Dot Allison, e até Liam Gallagher.

THE RAPTURE – Sister Saviour
Quarteto novaiorquino, já se apresentou no Brasil – no Tim Festival de 2003, justamente o ano de lançamento de seu segundo álbum, o aclamado ‘Echoes’, que chegou a ser escolhido disco do ano pelo influente site Pitchfork. Referências oitentistas não faltam: o mix punk-funk-disco claramente paga tributo à Gang of Four, o vocal chorão de Like Jenner lembra de cara Robert Smith. O Rapture, que já tem 11 anos de estrada, tem como último disco o mix-album ‘Tapes’, do ano passado.

CUT/COPY – Unforgettable Season
Este é australiano, trio de Melbourne, que faz um dance-rock melodioso e ganchudo, com alto potencial radiofônico mas com cara indie, que lembra demais o New Order em alguns momentos, e teve seu terceiro disco, ‘In Ghost Colors’ – lançado no Brasil sem alarde –, entre os mais elogiados do ano passado. Outra banda que iniciou como trabalho solo – no caso, do vocalista, compositor, produtor e DJ Dan Whitford, em 2001.


3º bloco:

Especial MISSION OF BURMA (‘Signals, Calls, and Marches’, 1981; ‘Vs.’, 1982)
Contemporâneos de R.E.M., Sonic Youth, Meat Puppets e Replacements, mais uma banda da gloriosa cena pós-punk americana que voltou à ativa nesta década, depois de vinte anos de retiro: o recém lançado ‘The Sound The Speed The Light’ – saiu lá fora mês passado – é o terceiro dessa volta, que começou com ‘OnOffOn’, de 2004, e tece seguimento com ‘The Obliteratti’ dois anos depois, todos sob a chancela da antenada Matador Records novaiorquina.

O Mission of Burma é de Boston e suas origens remontam ao ano de 1980, tinha na sua formação inicial o guitarrista, cantor e compositor Roger Miller, o baixista Clint Conley, o baterista Peter Prescott e o maniupulador de tapes Martin Swope. O MOB é uma banda que combina atitude e agressividade punk e intenções artísticas de college bands típicas, tipo Sonic Youth, Gang of Four, Wire ou os Talking Heads. As apresentações dos caras, que estendiam as músicas muito além de sua duração original, destacando-se aí o feedback da guitarra de Miller, fizeram a fama do grupo – que inclusive apresentou-se em um festival no interior de São Paulo, onde tocaram com o Supergrass uns anos atrás. Em sua primeira encarnação, inclusive, o MOB foi, vitimado principalmente em função do ensurdecedor barulho que fazia ao vivo: Miller passou a apresentar problemas sérios de audição, incluindo um zunido infernal nos tímpanos que quase o levaram à surdez. A banda então tinha deixado apenas dois discos, excelentes: o E.P. ‘Signals, Calls, and Marches’, de 1981, e o álbum ‘Vs.’, de 1982.

Com o fim do grupo, após uma derradeira final em 1983 – que resultou no álbum ao vivo ‘The Horrible Truth About Burma’ –, Miller partiu pra carreira solo, Prescott formou outra supercultuada banda, o Volcano Suns, e depois o Kustomized, e Clint Conley atacou de produtor do primeiro disco do Yo La Tengo antes de se retirar do meio musical, pra se dedicar ao ofício de produtor de TV. Mas em 2001, Prescott, que então tocava em uma banda chamada Peer Group, foi convidado a abrir a turnê de reunião do Wire, e acabou convidando seus velhos parceiros Clinton e Prescott pra se juntarem a ele. No ano seguinte, tava decidida a volta do Mission of Burma, mas sem Martin Swope, que preferiu ficar na sua – sendo substituído por Bob Weston, ex-Volcano Suns.



That’s When I Reach For My Revolver
Academy Fight Song




Secrets
Trem Two
That’s How I Escaped From My Certain Fate










O Mission of Burma dos anos 1980 ...









... e o de hoje: lições de como fazer punk "artístico" sem soar chato ou pretensioso

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