quinta-feira, 19 de novembro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (10)

Então, tá, rapazeada, estamos chegando ao 10º programa! Fundindo, difundindo e principalmente confundindo nas ondas do rádio, da província para o mundo. Aí vai o playlist deste sábado, dia 21/11, às 21h na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!


1º bloco:
BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB – Spread Your Love


Banda americana de San Francisco, muito comparada ao Jesus & Mary Chain, pelo som barulhento e vocais sussurrados, a grande influência dos caras é mesmo o som shoegaze britânico da virada dos 80 para os 90, fazendo referência a Stone Roses e My Bloody Valentine, entre outros. O disco de estreia, ‘B.R.M.C.’, causou sensação quando foi lançado, em 2000, e o segundo, ‘Take Them On, On Your Own’ (2003) permanece como o único a sair no Brasil. Acabam de lançar um disco ao vivo lá fora.

BAND OF SUSANS – Mood Swing

Grupo novaiorquino, já extinto, pelo qual passaram Page Hamilton (Helmet) e Thalia Zedek (Come). O peculiar nome devia-se ao fato de ter em sua formação inicial duas Susans – a cantora, compositora e baixista Susan Stenger, líder da banda ao lado do guitarrista Robert Poss, e a guitarrista Susan Tallman. O negócio do grupo era criar ambiências a partir do som noisy das duas guitarras – seguindo uma tradição do som de Nova Iorque que vem desde o Velvet Underground, passando pelo Television e chegando ao Sonic Youth, e também flertando com o som shoegaze da época. Deixaram discos excelentes, como ‘Veil’, de 1993, e encerraram as atividades em 1996.

GIRLS AGAINST BOYS – Disco Six Six Six

Também americanos, estes de Washington D.C., tinham uma curiosa formação com dois baixos, e foram, num dado momento, a banda preferida dos críticos americanos – a revista Spin chegou a dar uma raríssima nota 10 a seu quarto álbum, ‘House of GVSB’ (1996). Do hype indie, foram contratados por uma major, mas, contrariando as expectativas sempre exageradas das grandes gravadoras, não venderam o esperado e acabaram voltando à cena independente. Não gravaram mais disco algum desde ‘You Can’t Fight What You Can’t See’, de 2002, mas não consta que o grupo tenha acabado.

2º bloco:
PANDA BEAR – Comfy in Nautica


É daquelas bandas dificílimas de classificar: tem um quê de som industrail, harmonias vocais que lembram o melhor dos Beach Boys psicodélicos, experimentalismos que remetem a Laurie Anderson, ao Einstürzende Neubauten, ao Cabaret Voltaire e ao Suicide. O dono da bola é Noah Lennox, americano de Baltimore, que tirou o nome de guerra de um desenho que fez de um urso panda na parede do quarto onde fez suas primeira gravações caseiras. Lennox também é integrante do Animal Collective e outros projetos, e o Panda Bear tem dois álbuns: ‘Young Prayer’, de 2004 – gravado sob o impacto da morte do pai de Lennox –, e ‘Person Pitch’, de 2007.

BIBIO – Lover’s Carvings

Projeto do produtor e multi-instrumentista inglês Stephen Wilkinson, influenciado tanto pela electronica cabeça dos anos 90 (Aphex Twin, Autechre e Boards of Canada) quanto pela música folk britânica de meados do século passado. Bibio hoje é um dos musts da música eletrônica, tendo lançado só neste ano de 2009 três discos, todos muito elogiados: ‘Vignetting the Compost’ no começo do ano, ‘Ambivalence Avenue’ – estreia pelo prestigiado selo Warp –, em junho, e agora sai a versão remix desse, ‘The Apple and the Tooth’.

AIR – Sing Sang Sung

O duo francês Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin tá de volta com ‘Love 2’, seu quinto álbum de carreira – descontadas trilhas sonoras e coletâneas – e o primeiro disco desde ‘Pocket Symphony’ (2007). No novo álbum, os caras exploram o mesmo conceito que permeou os últimos shows da turnê passada: apenas o baterista Joey Waronker acompanha os caras e suas colagens, que vão da eletrônica vintage a toques jazzísticos, do pop oitentista aos experimentalismos que remetem ao krautrock e a Brian Eno. ‘Love 2’ também traz uma novidade na carreira da dupla: é a primeira vez que um álbum do Air é produzido por eles mesmos.

3º bloco:
KEVIN AYERS, JOHN CALE, BRIAN ENO & NICO
(‘June 1, 1974’, 1974)
Histórico encontro de quatro talentosos esquisitões do art rock do final dos anos 1960/início dos 1970 – ou seis, se considerarmos que Robert Waytt e Mike Oldfield também tocam na empreitada. Na verdade, o show, marcado para o Rainbow Theatre londrino, era pra ser de Ayers, que decidiu convidar amigos e músicos a quem admirava pra se juntar a ele. A primeira contatada foi Nico, que trouxe consigo John Cale, que, por sua vez, acionou Eno. Robert Wyatt, que tocara com Ayers no Soft Machine, e Mike Odfield, que havia participado, com apenas 17 anos, da The Whole World, banda de Ayers em 1970, também foram convocados – e ainda havia os Soporifics, banda de apoio de Ayers à época, e as cantoras Liza Strike e Irene e Doreen Chanter. O concerto, realizado então no dia 1º de junho de 1974, teve todos os 3 mil ingressos vendidos rapidamente, e foi precedido de apenas uma semana de ensaios.

Das nove faixas, cinco são cantadas por Ayers, duas por Eno, uma por Nico e outra por Cale: no lado A do vinil original, Eno começa com as suas ‘Driving Me Backwards’ e ‘Baby’s On Fire’, Cale canta uma paranóica versão de ‘Heatrbreak Hotel’, hit de Elvis, e Nico fecha com a aterradora ‘The End’, dos Doors, que acabara de registrar em seu álbum homônimo. O lado B é todo de Ayers. Ficaram de fora as canções ‘Ive Got a Hard-On For You, Baby’, de Ayers, ‘Buffalo Ballet’ e ‘Gun’, de Cale, além de Nico cantando a sua ‘Janitor of Lunacy’ e ‘Deutschland Über Alles’. Ayers lançou dois discos solo no mesmo ano: ‘The Confessions of Dr. Dream and Other Stories’, antes deste álbum ao vivo, e ‘Lady June’s Linguistic Leprosy’, depois. Eno e Cale estavam no grande momento de suas carreiras: o primeiro vinha do clássico debut, ‘Here Come the Warm Jets’, e ainda lançaria outro disco antológico no mesmo ano, ‘Taking Tiger Mountain By Strategy’; Cale também vinha de um clássico, o belo ‘Paris 1919’, lançado em 1973, e ainda 1974 registraria outro, o nervoso ‘Fear’. Nico, após ‘The End’, se afundaria ainda mais nas drogas e só lançaria novo álbum em 1981 – o irregular ‘Drama of Exile’.

‘June 1, 1974’ foi lançado rapidinho, ainda no mês do show, no dia. Como curiosidade, a foto da capa, que mostra o quarteto especialmente trajado para entrar em cena, foi de fato clicada por Mick Rock no foyer do teatro instantes antes dos caras subirem ao palco. Não precisa prestar muita atenção pra reparar o sorriso algo irônico/algo constrangido que exibem Ayers e Cale. Explica-se: na noite anterior ao concerto, Ayers passara a noite com a mulher de Cale – e este ficou sabendo.

Baby’s On Fire
Heartbreak Hotel
The End
May I?




O quarteto fantástico: 'art rock' de verdade, como antídoto às chatices progressivóides dos anos 1970

2 comentários:

  1. ola
    sou de maringa e estive em umuarama esse fds por acaso escutei o programa e gostei muito , fiquei o tempo todo no carro ouvindo . gostaria de saber se é possivel conseguir o play list q tocou no sabado agora 22/11.

    abraços e parabens pelo programa

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  2. Caro Sérgio, o playlist é esse que tá aí no post:

    BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB – Spread Your Love
    BAND OF SUSANS – Mood Swing
    GIRLS AGAINST BOYS – Disco Six Six Six

    PANDA BEAR – Comfy in Nautica
    BIBIO – Lover’s Carvings
    AIR – Sing Sang Sung

    KEVIN AYERS, JOHN CALE, BRIAN ENO & NICO - Baby’s On Fire
    Heartbreak Hotel
    The End
    May I?

    Só fui ver teu comentário ontem, fiquei muito feliz e surpreso de teres, de tão longe (na verdade, nem tanto assim, só um pouco 'acima'), descoberto o programa. Fica à vontade pra fazer críticas e dar sugestões.

    Abração,
    Zé Fernando.

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