Nos anos 1970 em que cresci fora da província, bem perto dos tubarões da ditadura que não sabia existir, bem longe do maior time do futebol brasileiro de então, na seara pop, o início foi o fim do sonho, e o final, recomeço a partir do caos. O período que Tom Wolfe, que essa semana passou por aqui, chamou de ‘a década do eu’, num certo sentido também o foi no rock, até, pelo menos, sofrer o golpe de John Lydon, Sid Vicious e cia.: concertos de ingressos caríssimos, superproduções em arenas lotadas, popstars milionários, músicas longuíssimas que enfatizavam o narcisismo de instrumentistas megalômanos ... tudo contribuiu para afastar a garota angustiada que buscava no rock um conforto mínimo, um escape para seus problemas. O rock perdera a urgência, a conexão com a rua, e o terrorismo se fazia necessário. Os Pistols, então, detonaram a nova ‘nova onda’, que já havia sido delineada em Nova Iorque pelos Ramones, Patti Smith, Blondie, Richard Hell, New York Dolls, Suicide, Television e os Talking Heads, e antes pelo Velvet Underground.
Mas como o pop se recicla e se reinvernta com uma velocidade absurda, e as referências que hoje não servem amanhã darão o tom, a década de 1970, no que tinha de mais ‘descartável’, acabou sendo revitalizada: a disco – que, a bem da verdade, jamais morreu – viraria referência não apenas para a dance music, na virada dos anos 80 para os 90, como para um sem-número de outros estilos ligados ao universo indie, e até grupos então menosprezados pela crítica, como o Black Sabbath, seriam redescobertos por conta da influência em um sem-número de grupos pesados cult – do Nirvana ao Faith No More, do Ministry ao Jane’s Addiction.
Vendo a coisa em retrospecto, pra finalizar, os 70’s não são tão horrorosos assim, mesmo antes da explosão punk: Bowie, Roxy Music, T-Rex, o krautrock e a música black americana – e não só a americana, não esqueçamos que foi nos 70 o estouro mundial do reggae – garantiram contribuições importantes ao rock e ao pop. A comparação com os inacreditáveis 60’s fazem o quadro parecer muito pior do que de fato realmente é. Vejamos:
T-REX –Electric Warrior (1971)
Um disco de rock como devem ser todos os discos de rock: riffs intoxicantes, refrões ganchudos, groove na medida certa, rocks potentes, baladas emocionantes e um ar spacey que o torna ainda mais viciante. Críticos e fãs dividem-se em apontar qual o melhor disco da banda de Marc Bolan – igualmente um rock star como este deve ser, carismático, marrento (mas simpático), misterioso, do tipo que passa toda a segurança de quem sabe o que está fazendo porque é apaixonado pelo que faz: ‘Electric Warrior’ ou o subsequente, ‘The Silder’? Os dois são indispensáveis, assim como ‘Tanx’. ‘Electric’ leva vantagem por incluir o hino da banda, ‘Get It On (Bang a Gong)’, a tocante ‘Cosmic Dancer’ (ambas usadas em cenas-chave do belo filme inglês ‘Billy Elliott’), o boogie ‘Jeepster’, a venenosa ‘Mambo Sun’, além da bacana ‘Life’s a Gas’ e da paulada final ‘Rip Off’. Discaço. Não perdeu a força nestes quase 40 anos. Uma pena que Bolan tenha morrido cedo, em 1977, no auge do barulho punk, duas semanas antes de completar 30 anos. A moçada invocada pegou leve com ele, e tinha razão.
ROXY MUSIC – For Your Pleasure (1972)
A ala mais vanguardista do glam rock de Bowie e T-Rex no último disco do revolucionário ‘não-músico’ Brian Eno com a banda – chutado da banda por Bryan Ferry, confirmando aquela velha escrita de que em uma mesma banda de rock geralmente não cabem dois gênios. Mas o choque entre os experimentalismos desconstrutivistas de Eno e o gosto pelas melodias e o groove do r&b americano do crooner Ferry tem aqui seu momento máximo: o disco abre com a incisiva ‘Do the Strand’, um dos singles de sucesso do grupo e hit obrigatório dos shows da banda, segue com a balada ‘Beauty Queen’, passa por ‘Strickly Confidential’ e ‘Editions of You’ (outro hit-single, um rockão já regravado pelo Mudhoney), pra desembocar em seguida nos dois momentos mais sinistros do disco. ‘In Every Dream Home a Heartache’ é a típica balada desencantada do romântico Ferry, e seu clima de fatalidade é realçado pelos venenosos synths de Eno; já ‘The Bogus Man’ – uma das preferidas de CM de todos os tempos – é uma das mais esquisitas gravações de toda a carreira do grupo, e parece a sentença definitiva das tensões vividas pela dupla Brian/Bryan: uma batida repetiviva vai marcando os mais de 9 minutos da canção, e os versos assustadores (‘The bogus man is on his way/As fast as He can run/He’s tired but He’ll get to You/And Shoot You with his gun’) são sussurrados por Ferry, e o groove da música, vai numa levada constante, com pequenas alterações (o oboé e o sax de Andy McKay), detalhes que surgem e desaparecem subitamente – uma das marcas, aliás, da Música Roxy. ‘Grey Lagoons’ e a faixa-título (mais uma valorizada pelas estranhas ambiências criadas por Eno) encerram mais esta obra-prima do Roxy, que ainda gravaria grandes discos depois, até que Ferry resolvesse partir para uma bem-sucedida carreira-solo nos anos 80.
DAVID BOWIE – Low (1977)
O mais denso de todos os discos de Bowie, dá pra dizer que, na verdade, é uma parceria: mais da metade do álbum deve-se a seu produtor, Brian Eno – que então já lançara clássicos do art rock dos 70’s, como ‘Here Come the Warm Jets’, ‘Taking Tiger Mountain By Strategy’, ‘Before and After Science’ e ‘Another Green World’. Aqui, inicia-se a chamada ‘cold wave’, o som depressivo e gelado que faria a fama de Joy Division, Cure e Echo & The Bunnymen na década seguinte. Sintetizadores dissonantes, clima de desolação, decadência, levada de guitarra nervosa e um certo groove robótico, influência clara do krautrock – não por acaso, ‘Low’ abre a famosa trilogia berlinense de Bowie, que à época vivia na capital da então Alemanha Ocidental com seu protegido Iggy Pop. As canções são poderosas – ‘Be My Wife’ e ‘Sound And Vision’ (essa quase pop, apesar da levada estranha), a resignada ‘Always Crashing in the Same Car’ – e os temas instrumentais, estranhos e desoladores, ocupam praticamente todo o ‘lado B’ do disco – só ‘A New Career in a New Town’ promete alguma eesperança, embora ‘Warszawa’ (que deu origem ao primeiro nome do Joy Division, Warsaw) não deixe dúvidas quanto ao clima ‘no future’. Bowie, o homem que educou a juventude britânica dos anos 70, que antecipou tendências e foi a principal referência do rock moderno das décadas de 80, 90 e 2000, mas cuja própria carreira desde os anos 80 se caracteriza pela irregularidade, ainda lançaria três obras-primas na sequência de ‘Low’ – ‘Heroes’, ‘Lodger’ e ‘Scary Monsters’, discos que não perderam nada em inventividade nos últimos 20 anos.
TALKING HEADS – Fear of Music (1979)
Entre o segundo, o terceiro (este) e o quarto discos dos Heads, todos produzidos por Brian Eno (olha o cara aí de novo), já tive preferência por cada um deles em momentos diferentes. Mas o mais constante é este terceiro: não é tão minimal como o segundo, ‘More Songs About Buildings and Food’, lançado no ano anterior (basicamente os rocks econômicos e enxutos da estreia, ‘’77’, com o tratamento aquele do Eno), nem tão elaborado como ‘Remain in Light’, lançado em 80, com uma enxurrada de efeitos e a super banda funk que faria a cama pros temas esquisitos de David Byrne na década seguinte. ‘Fear’ é na medida: começa com o sacolejo afro de ‘I Zimbra’, pontuado pela guitarra de Robert Fripp, segue pela paranóia (uma expressão tacanha pra definir o álbum, mas vá lá) de ‘Mind’, vêm ‘Paper’ e ‘Cities’, e encontra sua candidato a hit em ‘Life During Wartime’,um dos tantos comentários ácidos de Byrne sobre o modo de vida de seu país. Na pesada ‘Memories Can’t Wait’, o negócio é ainda mais obsessivo/opressivo, ‘Air’ segue no clima de estranhamento do disco, e a bela ‘Heaven’, já tema de um ‘Versinhos Bacanas’ aqui no CM, confirma o grande compositor que Byrne é. ‘Animals’, ‘Electric Guitar’ e ‘Drugs (Electricity)’ completam o serviço. Após a audição de ‘Fear of Music’, não fica difícil entender por que os Talking Heads são até hoje uma das bandas preferidas de Thom Yorke e seus parceiros de Radiohead.
THE STOOGES – Fun House (1970)
O Jack White (White Stripes) chama-o de o disco definitivo do rock de Detroit ou coisa parecida. Sem dúvida, os Stooges, em disco, foram bem mais felizes do que o MC5 e têm importância maior que Alice Cooper, só pra ficar entre os representantes da ‘motor city’ mais famosos. Mas o importante é que ‘Fun House’ é o disco definitivo dos Stooges: mais coeso – e caótico, por paradoxal que possa parecer – que o primeiro álbum de 1969 e o estoura tímpanos ‘Raw Power’. O segundo disco de Iggy Pop e sua banda tem provavelmente a mais matadora sequência de petardos da história: ‘Down on the Street’, ‘Loose’ (minha preferida para todo o sempre) e ‘TV Eye’. Não tem como não deixar de usar o clichê: não fica pedra sobrte pedra. Depois, vem a aparentemente mais calma ‘Dirt’ – em função do ritmo, consideravelmente mais lento e do arranjo, menos estridente e caótico –, mas os versos ‘I’ve been dirt and I don’t care’ não deixam dúvidas quanto ao inferno pessoal da personagem. Com ‘1970’, volta o barulho, e ‘Fun House’, com levada funk (!) e o sax de Steve Mckay instaura o clima de festa de maluco (aliás, sempre tive o sonho de abrir uma casa noturna com o nome de ‘Fun House’, mas o pessoal da Cachorro Grande executou a ideia primeiro. Paciência.). E tudo culmina com a catarse de ‘L.A. Blues’, a quebradeira final. Tá aí um disco que promete e cumpre, não deixa nada a desejar.
MAGAZINE – Real Life (1978)
Admito que esse é uma descoberta recente. Tinha (tenho) os dois posteriores da banda de Howard Devoto, Jonh Mcgeoch e Barry Adamson, ‘Secondhand Daylight’ (1979) e ‘The Correct Use of Soap’ (1980), dos quais gosto, mas num nível muito distante de provocar qualquer onda de fanatismo como os Comsat Angles e Joy Division, só pra ficar em bandas com um mais ou menos semelhante. Também conhecia algumas músicas, tipo ‘The Light Pours Out of Me’, mas em função do programa baixei as canções e resolvi ouvir então na sequência o disco de estreia desta banda de Manchester famosa pelo seu vocalista – Devoto – e suas saborosas histórias (foi arrastado pro banheiro pela primeira mulher do Tony Wilson, que acabara de flagrar o marido na fubangagem e resolveu se vingar, foi promoter do famoso show dos Sex Pistols no Lesser Trade Hall, compositor/cantor/mentor da primeira formação dos Buzzcocks junto com Pete Shelley). Trata-se de um dos mais empolgantes discos de toda a era pós punk. Singles matadores – ‘Shot by Both Sides’ e a citada ‘The Light Pours Out Me’, mais as matadoras e sinistras ‘Motorcade’ e ‘Definitive Gaze’. Já que a comparação tacanha com o Joy e o Comsat Angels, arrisco uma tese final: a diferença positiva em relação às outras duas bandas (que o Legião Urbana copiou desavergonhadamente e à exaustão) é que o melhor do Magazine basicamente está concentrado em um álbum só – ainda que ‘Feed the Enemy’, ‘Permafrost’, ‘Because You’re Frightened’, ‘Permafrost’ e a versão de ‘Thank You Falletin Me Be Mice Elf Agin’ de Sly Stone sejam grandes momentos –, o que faz de ‘Real Life’, talvez, um álbum superior a ‘Closer’ ou ‘Waiting for a Miracle’; a negativa, claro, é que os outros dois tiveram uma regularidade maior, mesmo considerando-se a curtíssima trajetória do Joy Division. Mas o fato é que ‘Real life’ é um discaço que não perdeu com o tempo, a gravações recentes de Maxïmo Park, The Rapture e Interpol, entre outros, só confirmam isso.
CAN – Future Days (1973)
O mundo ainda vai reconhecer o Can como uma das grandes bandas da história do rock, passando a ser citado ao lado de Beatles, Stones, Who e Velvet Underground como um dos cânones do gênero. Com o Velvet, aliás, é que geralmente é feita a associação mais frequente, uma vez que a música de vanguarda do grupo de Düsseldorf presta tributo a compositores contemporâneos e carrega uma inequívoca intenção provocativa – em visita ao Brasil em meados dos anos 80, Holger Czukay disse que músicos que têm interesse em fazer música realmente honesta deveriam se espelhar na ex-banda de Lou Reed (e casar com uma mulher rica para sobreviver sem ter de se vender). Well, o negócio é que bem em uma época que o rock passou a ser contaminado com pretensões ‘artísticas’ de músicos megalômanos e sem talento de conservatório, o quinteto formado pelo Czukay, pelo baterista Jaki Leibezeit (ídolo do ex-Pistol John Lydon, gravou uma participação em um disco do P.I.L.), pelo guitarrista Michael Karoli, pelo tecladista Irmin Schmidt e pelo carismático cantor japonês Damo Suzuki definiu melhor do que qualquer outro a expressão ‘art rock’: improviso, experimentalismos, maluquices, ambiências estranhas, elementos jazzísticos – sem comprometer o minimalismo intrínseco ao projeto – ... o Can (e seus conterrâneos/contemporâneos Neu!, Faust, Kraftwerk e Cluster) influenciou onze a cada dez artistas que fizeram/fazem a diferença nas últimas três décadas do pop: do Primal Scream ao Air (repara se ‘La Femme D’Argent’ não foi inteiramente chupada da faixa-título de ‘Future Days’), do Suicide ao pessoal do pós-rock, do Add N to (X), dos Liars ao Joy Division. “Future Days’ é o o mais bonito dos discos do Can e o último com Suzuki. Aqui é o ouvinte que viaja e não os músicos.
NEIL YOUNG – On the Beach (1974)
O disco mais denso e dilacerado do ‘godfather of grunge’ – e justamente o preferido de Kurt Cobain, que tinha-o, segundo se diz, como um de seus álbuns de cabeceira. Ficou exatas três décadas fora de catálogo, só vindo a ser relançado, já em CD em 2004, justamente por conta do aniversário de 30 anos de seu lançamento, e acabou adquirindo, claro, a fama de álbum maldito. A explicação é a seguinte: Young registrou este seu sexto disco-solo na época mais triste de sua vida, quando acabara de perder dois amigos por overdose (o roadie Bruce Berry e o guitarrista do Crazy Horse, Danny Whitten) e sua mulher Peggy havia dado à luz a duas crianças deficientes. A letra da faixa-título já dá uma ideia do desespero do cara àquela altura do campeonato: em um trecho, ele se imagina em uma emissora de rádio dando uma entrevista onde termina sozinho ao microfone; em outro, diz que precisa de uma multidão, mas sente que não conseguirá encará-la; e abre e encerra com os famosos versos ‘The World is turnin’/I hope it don’t turn away’. Apesar de 30 anos de ausência das prateleiras, duas faixas de ‘On The Beach’ tiveram livre trânsito: ‘Rock On’ e ‘For the Turnstilles’ foram incluídas na coletânea ‘Decade’, sua mais conhecida – e melhor – antologia. Mas durante esse longo período, quem não teve a sorte de topar com o raríssimo vinil original ou teve a chance de descolar uma boa cópia pirata esteve privado de ouvir a belíssima ‘See the Sky About to Rain’, a confessional ‘Vampire Blues’, a intensa ‘Ambulance Blues’ e a controversa ‘Revolution Blues’. Neil brilhou nos anos 1970, lançando várias obras-primas, mas ‘On the Beach’ é seu disco mais bonito. E dolorido.
STEVIE WONDER – Innervisions (1973)
Difícil escolher qual o melhor disco de Little Stevie entre seus clássicos dos anos 1970: na era de ouro da música black americana, em que rivalizava com Marvin Gaye e Al Green ao poste de soulmen mais prolífico e brilhante, Wonder lançou várias obras-primas em sequência. ‘Music of My Mind’ (1970), com ‘Love Having You Around’ e ‘Happier Than the Morning Sun’, é um baita disco; ‘Talking Book’ (1972), dos mega-hits ‘Superstitious’ e ‘You Are the Sunshine of My Life’, geralmente é tido como seu melhor trabalho, com seu uso inovador de synths que influenciou especialmente David Bowie e seu ‘plastic soul’ em ‘Young Americans’; tem ainda o bacana ‘Fullfillingness’ First Finale’ (1974), onde a coisa vai desde música de protesto (‘You Have Done Nothing’, endereçada a Nixon) a um reggaezinho maneiro, ‘Boogie On Reggae Woman’, além de faixas subestimadas, como ‘Heaven is 10 Zillion Light Years Away’; e o ambicioso álbum duplo ‘Songs in the Key of Life’ (1976), que só confirma a maturidade de um artista completo. Mas ‘Innervisions’ (1973) é foda. Funkzinho eletrônico com toques jazzísticos (‘Too High’, sobre abuso de drogas), balada cortante (‘Visions’), um épico sobre a dura vida nas cidades (‘living in the City’), a manha de misturar funk e reggae na levada (o hit ‘Higher Ground’, um crossover que não soa como crossover), a confortante ‘Don’t You Worry About a Thing’, sucesso nos charts em 74, e uma das canções mais emocionantes de todo o seu repertório (e outra pedrada em Nixon), ‘He’s Misstra Know-It-All’. ‘Innervisions’ é o ouro, da primeira à última faixa.
MARVIN GAYE – Let’s Get It On (1973)
Claro que não tem a magnitude de ‘Lets Get It On’ e suas questões sociais relevantes – isso sem falar no grito de independência que representou para Marvin o álbum de 1971 –, mas é aqui que o cantor explora com mais profundidade o conflito espiritualidade/sexualidade que marcou sua vida e carreira, o que faz de ‘Lets Get It On’, talvez, seu álbum mais pessoal. E o mais bem-sucedido comercialmente, também. Puxado pela faixa-título – e o nome da canção não pode ser mais explícito –, o disco é uma coleção de canções excitantes (com ou sem segundas intenções): ‘Please Stay (Once You Go Away)’ arrepia, ‘If I Shoul Die Tonight’ emociona, ‘Keep On Gettin’ It On’ mantém a temperatura subindo, ‘Come Get to This’ levanta até morto, ‘Distant Lover’ afaga, ‘You Sure Love to Ball’ é aquele sussurro caprichoso no ouvido, e ‘Just to Keep You Satisfied’ existe pra lembrar que se o objetivo é o sexo, o sentimento também está presente. Um tesão de disco, e três anos depois, Marvin faria outro de conteúdo ainda mais explícito, menos luxuoso, nem tão brilhante, mas igualmente indispensável: ‘I Want You’.
Nota final: para os que me conhecem e já ouviram n vezes a velha cantilena sobre como os Sex Pistols, via 'Never Mind the Bollocks' (na verdade, via uma gravação em cassete feita por um colega de aula com faixas de outros discos de Johnny, Sid e cia.), salvaram minha vida do tédio quase terminal que sem encontrava lá pelos idos de 1985, a explicação, embora óbvia, parece necessária: o único álbum de carreira dos Pistols é hour concours, não pode ser colocado no mesmo patamar de qualquer outro na minha galeria afetiva. Já nem o ouço mais tanto, mas marcou uma fase importante, e é isso que interessa. Representou também um dos únicos dois choques musicais de toda a minha vida - se é que se pode chamar de música, concedo: o outro foi 'Psychocandy', estreia do Jesus, no mesmo ano de 85, mas esse é assunto pro próximo post.
Necessário esclarecer também que bandas do coração para toda a eternidade, como The Who, os Banshees e o Joy Division não entram por que não tenho destas um disco em especial como preferido, mas canções, várias canções, das quais teria que incluir em uma coletânea - o que já fiz, em um CDR.
E pra finalizar: 'Maggot Brain' (1971), do Funkadelic, não entrou por muito pouco.
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