sexta-feira, 23 de outubro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (6)

Playlist do programa deste sábado, 24/10, excepcionalmente às 21h (*) na FM CULTURA, 107.7 (ou www.fmcultura.com.br):

(*) não esquece que neste e nos próximos três sábados, o programa vai ao ar uma hora mais cedo. Depois, volta ao horário tradicional.


1º bloco:

LYNNFIELD PIONEERS – Maximum Sunshine
Divertido trio novaiorquino formado no Brooklyn em 1997 (já encerrou as atividades), teve o nome tirado do time de futebol dos caras nos tempos de colégio e descrevia seu som como ‘hip-hop-no-wave’. Mais uma banda que não tinha baixo: os integrantes era o cantor e tecladista Dan Cook, o guitarrista Mike Janson e o baterista John Paul Jones (não é a mesma pessoa que o baixista do Led Zeppelin, é claro). Deixaram um E.P. e dois álbuns – sendo o último ‘Free Popcorn’, de 1999 – e chegaram a ser sensação do circuito alternativo novaiorquino por um tempo.

LIARS – Mr. Your On Fire Mr.
Uma das principais bandas da atualidade, os caras são ex-estudantes de artes californianos, que mudaram-se pra Nova Iorque – onde surgiram, no começo desta década, junto com Yeah Yeah Yeahs, Strokes e TV On The Radio – e de lá pra Berlim, onde residem atualmente. As principais influências do grupo são basicamente daqueles grupos pós-punk britânicos que fundiam ruído, experimentalismos e uma levada funk – tipo o P.I.L., a Gang of Four, A Certain Ratio e o Pop Group. Têm quatro álbuns, todos elogiados, sendo que o último, de 2007, leva apenas o nome da banda. ‘They Threw Us All in a Trench and Stuck a Monument On Top’, o debut, veio em 2001.

JONATHAN FIRE-EATER – Give Me Daughters
Banda que encerrou as atividades há mais de 10 anos, foi citada aqui no último programa, quando a gente rodou o The Walkmen, formado a partir dos escombros do Jonathan Fire-Eater e também dos Recoys. O Fire-Eater era um quinteto formado por amigos que cresceram juntos em Washington D.C. e mudou-se pra Nova Iorque, onde os caras passaram a viver juntos. Não tardariam a tornar-se uma das sensações da cidade, por conta de suas apresentações ao vivo, e após o elogiado E.P. ‘Tremble Under Boom Lights’, assinaram com a DreamWorks, lançando em 1997 o igualmente bem recebido álbum ‘Wolf Songs for Lambs’, que infelizmente não se garantiu em termos de vendas, e a banda resolveu então encerrar as atividade no ano seguinte.


2º bloco:

BUILT TO SPILL – Hindsight
Pouco conhecida por aqui, mas já veterana da cena alternativa americana (não se pode falar em indie, pois foram contratados pela Warner em meados da década passada e lá estão até hoje). O Built to Spill foi formado em 92 em Boise, Idaho, por Doug Martsch, guitarrista, vocalista e compositor – e o dono da bola: o BTS, basicamente, é um veículo dele. O som do grupo também tem ênfase na guitarra do cara – é a típica guitar band indie americana dos anos 90, cujo som faz referência a Neil Young & Crazy Horse e Television, entre outros. ‘There Is No Enemy’, que saiu lá fora no início do mês, é o oitavo álbum da banda desde 1993 (são 7 discos de estúdio e 1 ao vivo).

WILD BEASTS – Hooting & Howling
Grupo inglês de Leeds, começou em 2002 como um duo, formado pelo cantor Hayden Thorpe e pelo guitarrista Ben Little à época, a dupla se chamava Fauve. A principal marca do WB é a voz em falseto de Thorpe, que lembra algumas velhas gravações dos Smiths. Os caras, que hoje são um quarteto, já têm dois álbuns em apenas dois anos: ‘Limbo, Panto’ foi lançado no ano passado, ‘Two Dancerssaiu agora em setembro.

BEACH HOUSE – Wedding Bell
Duo americano de Baltimore, tem a curiosidade de ter na sua formação a sobrinha do compositor francês Michel Legrand, Victoria, nos vocais e teclados – o outro integrante é o também vocalista e tecladista Alex Scally. O som dos caras é um dream pop elegante e agridoce, valorizado pela voz suave de Victoria. Estão na ativa desde 2005, e têm dois discos: ‘Beach House’, de 2006, e ‘Devotion’, do ano passado.

THE DIRTY PROJECTORS – Stillness is the Move
Projeto de Dave Longstreth, um ex-estudante da prestigiada universidade de Yale, que resolveu largar tudo pra se dedicar à carreira musical. O primeiro álbum do cara, ‘The Graceful Fallen Mango’, leva apenas seu nome, já no seguinte, ‘The Glad Fact’, já aparece o nome The Dirty Projectors, que tem um som experimental mas de teor pop, formação flutuante e chega a ter 6 ou 7 integrantes ou até mais. Um dos mais curiosos lançamentos dos caras é o álbum de 2007, ‘Rise Above’, em que Longstreth e parceria recriam 11 das 15 faixas de ‘Damaged’, clássico hardcore do Black Flag. O disco mais recente é ‘Bitte Orca’, já cotado como um dos melhores lançamentos de 2009.


3º bloco:

especial MAGAZINE – ‘Real Life’ (1978)
O especialzinho da semana é dedicado a mais uma daqueles grupos muito falados e pouco ouvidos (pelo menos por aqui) do pós-punk britânico: formado em Manchester pelo ex-Buzzcocks Howard Devoto, o Magazine tinha um som mais elaborado que a maioria de seus contemporâneos, fazendo referência ao Roxy Music, à trilogia berlinense de David Bowie e aos discos mais melódicos e menos ásperos de Iggy Pop, o que não impedia os caras de soarem viscerias e nervosos. Para os padrões punk da época, os músicos do Magazine eram, digamos, quase virtuosos: pelo menos dois deles estão entre os músicos mais talentosos dá época, o guitarrista John McGeouch, que depois tocaria na melhor fase de Siouxsie & The Banshhes e viria ao Brasil com o P.I.L., e o baxista Barry Adamson, que foi integrante dos Bad Seeds de Nick Cave e tem um intrigante trabalho solo que tem uma cara de música para filmes imaginários (e sinistros).
Devoto, um dos personagens do filme ‘A Festa Nunca Termina’ (cúmplice da primeira mulher de Tony Wilson em um vingança praticada no banheiro de uma casa noturna contra um adultério cometido instantes antes pelo marido, também faz uma ponta no filme) foi um dos promotores do famoso show dos Sex Pistols no Lesser Trade Hall em Manchester em 1976 que impulsionou a cena musical da cidade, e saiu dos Buzzcocks logo após o lançamento de ‘Spiral Scratch’ pra formar sua própria banda. O primeiro single do Magazine é ainda uma parceria com seu ex-colega Pete Shelley, ‘Shot By Both Sides’ e foi lançado no começo de 1978, poucos meses após o primeiro show, no inverno do ano anterior. O festejado disco de estreia, ‘Real Life’, viria na sequência, mas sucessivas mudanças de formação atrapalharam a carreira do grupo, que ainda lançaria dois ótimos discos de estúdio – ‘Secondhand Daylight’ (1979) e ‘The Correct Use of Soap’ (1980), além do irregular ‘Magic, Murder and the Weather’ (1981) e o ao vivo ‘Play’, até Devoto largar a barca em maio de 1981. Devoto partiu então para a carreira solo, e, esporadicamente, a banda ainda se reune algumas vezes.

Definitive Gaze
Shot by Both Sides
Motorcade
The Light Pours Out of Me











Howard Devoto à frente do Magazine, no final dos 70's ...






... e nos dias de hoje: 'facilitador', testemunha ocular e protagonista da história

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