1º bloco:
FLAMING LIPS – Silver Trembling Hands
Estes não decepcionam: do começo ruidoso à incursão por elementos eletrônicos, a banda de Oklahoma City liderada pelo malucaço Wayne Coyne, fundada lá em 1983, é pelo menos desde o começo dos anos 1990, referência de rock psicodélico da melhor estirpe. O novo disco, ‘Embryonic’, é o 13º da carreira, e vai ser lançado na próxima terça-feira – inclusive no Brasil –, mas já foi antecipado pela própria banda com o lançamento de um E.P. com três faixas que era distribuído a quem comprasse ingressos on-line pros shows dos caras no último Pitchfork Music Festival.
MAXÏMO PARK – Wraithlike
Assim como The Ting Tings e Metronomy, que a gente mostrou na semana passada, Sonic Youth, no primeiro programa, Primal Scream, que a gente toca ainda hoje, e os ícones Iggy & The Stooges, o MP toca no Brasil mês que vem, no Planeta Terra Festival. O MP é um grupo britânico de Newcastle, na ativa desde 2001, que retira suas influências básicas do pós-punk, em especial o britânico, assim como várias outras bandas da atualidade, como Franz Ferdinad e Bloc Party (e vocês vão notar como essa música que a gente vai rodar lembra muito o Interpol). Gravam pra londrina Warp – antes especializada em música eletrônica – e têm três discos no currículo, o mais recente é ‘Quicken the Heart’, lançado no final do ano passado na ilha.
GLASVEGAS – Geraldine
Quarteto escocês descoberto pelo visionário Alan MacGee, ex-proprietário da histórica Creation Records, é muito comparado ao Jesus and Mary Chain – pela procedência, Glasgow (daí a óbvia brincadeira no nome) e pelo apadrinhamento de McGee. Quanto ao som, as semelhanças que guardam com o Jesus se dão mais em função do minimalismo, das melodias tristonhas, e das referências aos anos 1960, nada a ver com aquele paredão de microfonia dos irmãos Reid. O álbum de estreia, homônimo foi um dos mais elogiados do ano passado.
THE ANTLERS – Shiva
Novaiorquinos do Brooklyn, começaram como um projeto-solo do vocalista Peter Silberman, que gravava seu sonzinho lo-fi em seu quarto em circunstâncias, digamos, peculiares: um disco foi gravado em plena mudança de apartamento, no meio da bagunça; outro, foi gravado na banheira, em apenas uma hora; e outro ainda, apenas com violão e voz, registrado em apenas uma semana. Até que ele resolveu gravar um disco, digamos, mais cuidado, e então chamou dois músicos conhecidos. O resultado é ‘Hospice’, lançado em agosto último, e que desde a concepção levou quase dois anos pra ser finalizado.
2º bloco: ‘Madchester’ e agregados (inspirado em ‘A Festa Nunca Termina’)
INSPIRAL CARPETS – Saturn 5
O patinho feio entre as bandas de Manchester na época da explosão da cultura rave, não causaram o mesmo frisson de Stone Roses e Happy Mondays, mas ainda assim deixaram vários ótimos singles e 4 álbuns. Diferiam dos Mondays e do SR também em função de não serem exatamente uma banda dançante: soavam mais com uma banda psicodélica genuinamente sessentista, sobretudo por conta do tecladinho Farfisa utilizado na maioria das canções – e até por isso conseguiram sobreviver um pouco mais ao hype do que as outras duas. A principal figura do grupo era o vocalista Clint Boon – que faz uyma ponta em ‘A Festa Nunca Termina’ como um bilheteiro de trem. 'Saturn 5' é do derradeiro disco da banda, 'Devil Hopping', de 1994.
HAPPY MONDAYS – Hallelujah
‘A’ banda da cena de ‘Madchester’, segundo a modesta opinião de CM. Do nome inspirado em ‘Blue Monday’ do New Order às referências à música black americana, passando pela figuraça que era seu vocalista, o doidão Shaun Ruder, sem dúvida nenhuma a grande personagem daquele momento no pop britânico. Até encerrarem as atividades em 1992 – não sem antes se apresentarem no Brasil no Rock in rio 2, em 1991 –, deixaram 4 álbuns de estúdio, sendo clássicos pelo menos dois deles: ‘Bummed’, de 1988, e ‘Pills ‘n’ Thrills and Bellyaches’ (1991). ‘Hallelujah’ é do ‘Madchester Rave On E.P.’, de 1989.
PRIMAL SCREAM – Higher Than the Sun
O único do bloco aqui que não é de Manchester, lançou, contudo, o disco síntese da cena ‘indie dance’, ‘Screamadelica’, em 1991, em uma de suas várias tranformações: do pop ensolarado dos tempos do single ‘Velocity Girl’ ao som stoneano de ‘Give Up, But Don’t Give Up’, passando pelas referências ao kraurock e ao dub. Na verdade, a banda escocesa de Bobby Gillespie, formada em 1984 quando ele ainda era baterista do Jesus & Mary Chain, sempre foi acusada de seguir a onda do momento, o que em parte é verdade, mas os caras sempre tiveram um mínimo de personalidade de fazer a coisa a seu jeito. A guinada rave do PS deu-se por conta da associação do produtor e DJ Andrew Weatherall, que simplesmente transformou uma canção inicialmente chamada ‘I’m Losing More Than I’ll Never Have’ num clássico do dub, ‘Loaded’, um dos tantos grandes momentos de ‘Screamadelica’. Curiosidade: 'Higher ...' foi eleita uma das 10 melhores músicas compostas sobre ou sob o efeito de drogas pela revista inglesa Mojo alguns anos atrás. O negócio aqui é o ecstasy, claro. Voltando ao PS, o disco mais recente da banda – que também toca no Planeta Terra Festival mês que vem em SP – é o esquisito ‘Beautiful Future’, do ano passado.
3º bloco: especial THE FEELIES
Cultuada banda americana formada em 1976, é natural de Haledon, New Jersey, e até encerrar as atividades, em 1992, deixou 4 discos, sendo que o primeiro, ‘Crazy Rhythms’, de 1980, referência de R.E.M., Weezer – que praticamente plagiou a capa do disco no seu álbum de estreia, com uma foto dos caras em trajes nerd e o fundo azul – e o Yo La Tengo. O escritor Rick Moody também é fã de carteirinha dos Feelies. A formação clássica dos Feelies, que gravaou o debut da banda, tinha os guitarristas, vocalistas e percussionistas Bill Million e Glenn Mercer, mais o baixista Keith Clayton (que também era percussionista) e o baterista Anton Fier, e logo que os caras passaram a se apresentar no circuito de clubes novaiorquino já chamaram a atenção, sendo escolhidos ‘a melhor banda underground’ da cidade pelo jornal Village Voice.
Curiosamente, o single de estreia dos caras, ‘Fa-Ce-Lá’, saiu por um selo inglês – a Rough Trade, futura gracadora dos Smiths –, e o álbum de estreia, por outro, a Stiff Records. Como o disco não vendeu o esperado, a pressão sobre a banda começou, e por essa época, Anton Fier deixou o grupo, juntando-se primeiro aos Lounge Lizards de John Lurie, depois fundando os seus Golden Palominos. O álbum seguinte dos Feelies, ‘The Good Earth’, teve produção de um fã: Peter Buck, guitarrista do R.E.M. Nesse meio tempo, também foram convidados a participar do filme ‘Totalmente Selvagem’ pelo diretor Jonathan Demme: os Feelies fazem a banda que toca na festa de encontro da personagem Lulu (Melanie Griffith), com o nome trocado para The Willies. No filme, eles tocam a sua ‘Crazy Rhythms’ e versões para ‘I’m a Believer’, hit dos Monkees, e ‘Fame’, de David Bowie. Após ‘Time for a Witness’ (1991), a banda terminou, e de um jeito dos mais curiosos: Bill Million se mudou pra Flórida sem dizer tchau nem ao menos deixar endereço ou telefone pra contato.
Mas como nada no pop é definitivo, os caras resolveram se reunir mais uma vez ano passado, e desde então abriram pro Sonic Youth, fizeram uma série de shows com lotação esgotada no Maxwell’s – a casa em Hoboken (estado de New Jersey) em que praticamente iniciaram sua trajetória –, participaram de um tributo aos amigos do R.E.M. no Carneggie Hall e ainda tocaram no cultuado All Tomorrow’s Parties Festival o seu antológico álbum de estreia inteirinho e na ordem.
The Boy with The Perpetual Nervousness
Fa-Ce-Lá
Crazy Rhythms
Everybody’s Got something to Hide Except Me and My Monkey
* ‘Crazy Rhythms’ tá saindo lá fora remasterizado e com faixas bônus, assimo como o álbum posterior dos Feelies, ‘The Good Earth’, de 1986.
Os Feelies em 1980 ...
... e em 2009: alguns nerds já sabiam ser cool antigamente
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