quinta-feira, 15 de outubro de 2009

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (5º Programa)

Desta vez, a programação vai com antecedência (xô, chinelagem!). E atenção: neste sábado e nos três subsequentes, excepcionalmente o COMPANHIA MAGNÉTICA vai ao ar às 9 da noite no 107.7 da FM Cultura, em função de programas especiais sobre a Bienal do Mercosul. Então, te liga! Aí vai o playlist:

1º bloco:
LOS CAMPESINOS! – My Year in Lists

Apesar do nome, são galeses de Cardiff. Estrearam em disco ano passado, com ‘Hold On Now, Youngster’. A banda foi formada em 2006 – o primeiro show foi em maio daquele ano, abrindo para o Broken Social Scene –, e a exemplo dos conterrâneos Super Furry Animals e Gorky’s Zygotic Mynci, juntam um monte de referências – folk, punk rock, experimentalismos – e têm uma formação pouco comum: são sete integrantes, e há espaço para violinos, glockenspiel e instrumentos de sopro. No final do ano passado, saiu o segundo disco, ‘We Are Beautiful, We Are Doomed’, ainda sem lançamento americano.

ANIMAL COLLECTIVE – Taste
Na ativa há quase 10 anos, trata-se de um combo de músicos de várias bandas indie americanas, um super projeto paralelo que inclui integrantes dos conceituados Panda Bear, Geologist e Avey Tare. Têm vários E.P.’s e álbuns lançados, o último é ‘Merriweather Post Pavillion’, que saiu esse ano, mais pop que os anteriores, mas ainda usando e abusando das experimentações de estúdio que são sua marca registrada, e com referências que vão de Beach Boys aos Residents.


THE WALKMEN – The Blue Route
Banda novaiorquina, embora seus integrantes sejam naturais de Washington D.C. Na ativa desde, 2000, surgiu dos escombros de duas bandas, Jonathan Fire-Eater (em breve, aqui no CM) e The Recoys. Seu disco de estreia, ‘Everyone Who Pretended to Like Me is Gone’, é, na modesta opinião de CM, um dos dos melhores álbuns de rock da década. Embora o som não seja exatamente experimental – pra facilitar as coisas, o som dos caras lembra, digamos, uma mistura de Tom Waits com Velvet Underground –, são obcecados por testar diferentes técnicas de gravação e instrumentações diversas. São donos, inclusive, de um dos mais conceituados estúdios de Nova Iorque, o Marcata Studio, que começou num complexo industrial quase abandonado no Harlem, fechou, e reabriu suas portas fora da cidade – lá gravou, entre outros, a Nação Zumbi. ‘You & Me’, de 2008, é o quinto e mais recente álbum do Walkmen, um dos preferidos da casa.

ANTONY & THE JOHNSONS – One Dove
Mais um com sede em Nova Iorque, embora o cantor Antony Hegarty tenha se criado na Califórnia – mudou-se pra big apple em 1990. Antony decidiu o que seria na vida quando deparou-se com a figura de Boy George na capa de um álbum do Culture Club. Desde então, criou um grupo teatral chamado Blacklips, que apresentava um cabaré em que ele surgia vestido como a personagem de Isabella Rosselini em ‘Veludo Azul’ e a drag queen que aparece no clipe de ‘Torch’, do Soft Cell. O primeiro disco de A&TJ, homônimo, veio em 2000, depois Antony excursionou com Lou Reed, seu grande fã (cantou em dois discos do ex-líder do Velvet), seu segundo álbum ganhou o conceituado Mercury Prize em 2005, gravou com Björk, participou de um documentário sobre Leonard Cohen, e este ano saiu seu terceiro disco, ‘The Crying Light’.


2º bloco:
WEEN – Voodoo Lady

Os ‘irmãos’ Gene e Dean Ween (na verdade, Mickey Melchiondo e Aaron Freeman) começaram a tocar há 25 anos, quando tinham 14 anos de idade, mas só foram estrear em disco em 1990, com ‘God Ween Satan: The Oneness’. Ali, começava uma das trajetórias mais peculiares da cena alternativa das últimas duas décadas: o som esquisito, bizarro, bem humorado atira pra todos os lados, das trilhas de spaghetti westerne ao punk rock, do soul da Filadélfia à country music mais cafona. O humor dos caras é tão politicamente incorreto que vez que outra os caras têm problemas, por conta de piadinhas com as minorias, sem falar nos temas pesados quando resolvem falar mais sério (abuso infantil, por exemplo). O Ween tem 9 discos de estúdio, radicalmente diferentes um do outro, o mais recente saiu há dois anos, ‘La Cucaracha’. ‘Chocolate and Cheese’, de 1994, é um de seus clássicos.

JON SPENCER BLUES EXPLOSION – Rocketship
Um dos personagens mais peculiares e queridos da cena indie americana desde os tempos dos terroristas sônicos do Pussy Galore, o cantor e guitarrista Jon Spencer, ex-estudante de linguística (!), juntou-se a Russell Simmins (bateria) e Judah Bauer (guitarra) – ou seja, como os Cramps, o Gossip e os White Stripes, são mais uma banda bacana que não tem baixo. O negócio do Blues Explosion – assim como era o do quase inaudível Pussy Galore e do Boss Hog, antigos projetos de que Spencer participava – é fundir o noise e a pegada do punk com o groove do blues e do rockabilly. Ultimamente, Spencer tem se dedicado ao Heavy Trash, duo com Matt Verta-Ray (ex-Madder Rose), que já tocou esse ano no Brasil (São Paulo, Curitiba e Recife) e lança seu terceiro disco, 'M‘dnight Soul Serenade’, no final deste mês. Um dos melhores discos de Jon Spencer Blues Explosion – hoje com o nome abreviado para apenas Blues Explosion – é ‘Now I Got Worry’, de 1997.

ADD N TO (X) – Metal Fingers in My Body
Trio britânico que infelizmente já encerrou suas atividades. Formado em Londres em 1994, deixou cinco discos muito divertidos, fazendo muito barulho à custa de sintetizadores vintage, theremin e outras engenhocas, inspirado nos experimentos de Walter/Wendy Carlos, Edgar Varèse, Brian Eno nos tempos de Roxy Music e Can (o ANTX foi uma das primeiras bandas a trazer de volta a influência do krautrock ao rock, nos 90’s). Também herdaram do Kraftwerk aquela estética homem-robô, só que de um jeito mais trashy: na capa de seu segundo disco, ‘On the Wires of Our Nerves’, a tecladista Ann Shenton aparece numa mesa de cirurgia, com um teclado sendo extraído de suas entranhas. Ao vivo, as apresentações incendiárias da banda – acrescidas do baterista do Stereolab e do baixista dos High Llamas – renderam comparações com o Suicide, dada a selvageria. ‘Avant Hard’, o terceiro álbum, saiu em 1999. Mais um dos preferidos da casa.


3º bloco: especial JIM CARROLL (‘Catholic Boy’, 1980)

Figura característica e quase trágica da cena novaiorquina da Segunda metade doa anos 1970, quase consumiu a existência por conta do alto consumo de substâncias narcóticas (especialmente a heroína): começou o vício na adolescência, quando era considerado um promissor jogador de basquete e já um poeta com obra publicada e reconhecida, e a compulsão o levou a se prostituir e praticar pequenos crimes. A história de sua vida foi transformada em filme em 1995: ‘The Basketball Diaries’, mesmo nome de seu livro de 1978, com Leonardo Di Caprio no seu papel – e aqui pobremente traduzido para ‘Diário de Um Adolescente’.

A trajetória artística do cara começou a ser traçada já aos 12 anos de iade, logo após a leitura de ‘On the Road’, o clássico beat de Jack Kerouac: a partir daí, passou a escrever um diário. Logo depois, já publicaria seu primeiro livro, ‘Living at the Movies’. Já a carreira musical veio sob a inspiração de sua amiga Patti Smith, Carroll gravou suas primeiras demos em 1978, assinando a seguir com a Rolling Stones Records. O álbumd e estreia, ‘Catholic Boy’, veio em 1980, e na sequência deste, ‘Dry Dreams’ (1982) e ‘I Write Your Name’ (1983), ambos creditados a Jim Carroll Band. Como o contrato com a gravadora venceue não foi renovado, nos anos seguintes o cara resolveu dedicar-se à criação literária, apenas esporadicamente compondo material para outros grupos. Só voltaria ao disco em 1991, com ‘Praying Mantis’, que na verdade é um álbum basicamente de poemas declamados – o famoso ‘spoken word’ record, uma tradição americana que ele (e Jello Biafra e Henry Rollins) ajudou a sedimentar. ‘Pool of Mercury’, seu derradeiro registro, contendo poemas e também canções, é de 1998.

Amigo de Patti smith, Lydia Lunch, William Burrough e o pessol do Sonic Youth, Jim Carroll morreu em 11 de setembro último, aos 60 anos, de ataque cardíaco, na mesma Nova Iorque em que nasceu em 1º de agosto de 1949 e viveu suas perigosas aventuras.


Wicked Gravity
People Who Died
I Wanted the Angel
Catholic Boy









O jovem Carroll dos loucos tempos de juventude ...








... e já ancião: por muito pouco não juntou-se aos amigos junkies homenageados em 'People Who Died'

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