quinta-feira, 16 de abril de 2009

Say It Loud, I'm Black and I'm Proud (2) - a música

Se os filmes blaxploitation contribuíram para a estética crua dos filmes policiais dos anos 70 e mudaram a perspectiva da coisa, tornando o antes oprimido afro-americano em herói (ou anti-herói contra o sistema, o que dá quase no mesmo) até ir perdendo força no final daquela década, a grande maioria das trilhas dos filmes desse período – exatamente a época dos grooves mais caprichados da música popular negra americana – eternizou-me. Há inclusive quem considere ‘Superfly’, por exemplo – talvez o melhor trabalho de Curtis Mayfield em toda a sua carreira – como a grande trilha sonora de todos os tempos, pelo menos entre aquelas que incluem canções pop. Abaixo, algumas sugestões de COMPANHIA MAGNÉTICA pra balançar o esqueleto, dar um bom dum amasso no sofá ou simplesmente curtir uma boa melodia.

As manjadas/obrigatórias/top de linha:

SHAFT(Isaac Hayes, 1971)


O carequinha de voz macia de cafajeste classudo fez um dos grandes shows a que Porto Alegre assistiu nos últimos 15 anos (Free Jazz Festival, Reitoria da UFRGS, 1996) e entre o final dos 60’s e a década seguinte, definiu caminhos para a black music, influenciando até o rap (foi um dos precursores do canto falado e sussurado). Um dos pontos altos de sua discografia é justamente a trilha de ‘Shaft’, sendo a faixa-título um dos sons mais característicos e marcantes do período – impossível alguém ter ouvido alguma vez na vida e não lembrar ao menos a introdução em wah-wah do tema –, mas o disco todo é excelente: ‘Do Your Thing’ e seus quase 20 minutos de puro e venenoso groove, as belas ‘Ellie’s Love Theme’ e ‘Soulsville’, a instrumental ‘Café Regio’s’. O álbum chegou a levar os Grammys do ano de melhor composição instrumental escrita para cinema ou TV e melhor arranjo instrumental, embora a Academia tenha complicado num primeiro momento, desconfiando que um artista popular não pudesse ter a sofisticação necessária pra compor partitura tão sofisticada (!). Foi necessária a intervenção do maestro Quincy Jones, bem mais entranhado na indústria, pra que Hayes pudesse levar os prêmios pra casa. A faixa-título de ‘Shaft’ chegou ao primeiro lugar da parada de singles pop, ao segundo lugar da parada black e ao sexto na tal ‘adult contemporary’. Já o álbum chegou ao topo das paradas pop, black e jazz. Hayes tem ainda em seu currículo as músicas de outro blaxploitation, ‘Truck Turner’, filme em que ainda atuou, fazendo o papel principal. Informação importante: ‘Shaft’ é a única destas trilhas disponível em CD no mercado brasileiro.

SUPERFLY’ (Curtis Mayfield, 1972)


Ex-líder do grupo vocal The Impressions, o "Dylan negro", cantor, compositor, guitarrista e produtor falecido em 99, após ter ficado tetraplégico em um acidente em estúdio (foi atingido por um spot de luz que desprendeu-se do teto), compôs provavelmente a mais popular trilha blaxploitation de todas, com pelo menos três hits massivos: ‘Pusherman’, ‘Freddie’s Dead’ (regravada posteriormente pelo Fishbone) e a faixa-titulo, além de outras músicas marcantes, como a de abertura, ‘Little Child Running Wild’, ‘Eddie You Should Better’ e ótimos temas instrumentais ‘Junkie Chase’, ‘Think’. Como todos os clássicos de Mayfield, o disco, chamado de " Sgt. Pepper’s negro" foi relançado no capricho (remasterizado, com textos bacanas e faixas-bônus) em 99 pela Rhino, logo após a morte do cara.

BLACULA’ (Gene Page, 1972)


Produtor e arranjador com uma longa e gloriosa lista de serviços prestados, Page trabalhou com Big Joe Turner, T-Bone Walker, Jackson Five (e Michael solo), Diana Ross, Barry White, Marvin Gaye, Elton John, Cat Stevens, Barbra Streisand, Gladys Night, James Taylor, Tempations, Jack Bruce, Joan Baez, Solomon Burke, Roberta Flack, Smokey Robinson, War, Dusty Springfield, ... e até Roberto Carlos. Grooves cabulosos (‘Run, Tina, Tun’), boas canções (‘Heavy Changes’, ‘Main Chance’), funkão hard (‘Good to The Last Drop’), ... tem de tudo num álbum que, como quase todos da época, supera o mero acompanhamento das imagens. Page ainda é auxiliado aqui por dois grupos vocais, o 21st Century (em ‘Heavy Changes’ e ‘Main Chance’) e o ótimo Hues Corporation (na arrepiante ‘There He is Again’ e em ‘What the World Knows’ e ‘I’m Gonna Catch You’).

TROUBLE MAN’ (Marvin Gaye, 1972)


Boa alcunha pra definir a conturbada personalidade do autor, a faixa-título deste filme é um dos grandes momentos da gloriosa década de 70 de um dos maiores, mais densos e revolucionários soulmen de todos os tempos, que inclui o monumental ‘What’s Goin’ On’, o álbum em parceria com Diana Ross (‘Diana & Marvin’, clássico do mela-cueca), os eróticos ‘Let’s Get It On’, ‘I Want You’ e o álbum-desagravo ‘Here, My Dear’. O disco ainda tem a malícia de ‘T Plays It Cool’ e a baladaça ‘Don’t Mess With Mr. T’.

THE MACK’ (Willie Hutch, 1974)


O super guitarrista da Motown tem incontáveis serviços prestados à melhor música pop negra do século passado, tendo produzido Jackson 5 e Smokey Robinson, entre outros, além de ter registrado outra trilha clássica, a de ‘Foxy Brown’. Mas ‘The Mack’, trazendo ‘Brothers Gonna Work It Out’, um verdadeiro hino black, e outras pérolas – a arrepiante ‘I Choose You’, ‘Slick’, ‘Mother’s Theme’, além, da faixa de abertura, ‘Vampin’, e, claro, o ‘Theme of the Mack’ – é seu melhor trabalho. Além de ser exímio músico, arranjador e compositor, o cara ainda cantava bem.


Além das trilhas completas, cabe ainda vasculhar o mercado atrás de algumas coletâneas, que trazem as melhores e mais características faixas do período, além de algumas pérolas mais ou menos escondidas (se bem que os iniciados conhecem este material de cor e salteado). Mas vá lá, COMPANHIA MAGNÉTICA te indica duas, uma nacional (se ainda estiver em catálogo) e outra importada:


BAADASSSSS CINEMA’ (2002)


Trilha do documentário de Isaac Julien presente na mostra da Usina do Gasômetro, foi lançada por aqui pela Sum Records, mas já faz um tempo (com sorte, ainda dá pra achar em algumas lojas, sobretudo virtuais). As faixas:

1 – People Get Up and Drive Your Funky Soul (James Brown, de ‘Slaughter’s Big Rip-Off’, de 1973) – com toda a nata da brodagem dando o melhor de sua abençoada música para os filmes dos irmãos, não ia ser o Papa que iria ficar de fora. Faixa bacana do filme policial de Gordon Douglas - cujo astro, coincidentemente é homônimo do pai do funk, Jim Brown -, com J.B. e sua turma da pesada (Fred Wesley, Charles Bobbitt e aquelas feras todas). Provando que era mesmo The Hardet Man in Show Business, o cara, no mesmo ano, ainda gravou a trilha de ‘Black Caesar’, o clássico ‘The Payback’ e ainda compôs material para os J.B.’s.

2 - Expansions (Lonnie Liston Smith & The Cosmic Echoes, 1975) – é a faixa-título do primeiro disco solo de Lonnie, que em 1974 deixou a banda de Miles Davis (e antes tocara com Betty Carter, Pharaoh Sanders e Gato Barbieri, entre outros), mandando de cara este clássico do funky-soul jazz. Os Cosmic Echoes duraram até meados dos 80’s e tiveram diversas mudanças na formação. ‘Expansions’ serviu de base para um clássico do rap, ‘Talkin' All That Jazz’, do Stetsasonic, lançado em 1988.

3 - Coffy is the Color (Roy Ayers, de ‘Coffy’, de 1973) – o vibrafonista californiano, sempre tido como uma das maiores influências do acid jazz, formou o Roy Ayers Ubiquity no início dos 70’s, uma banda de fusion inspirada nos experimentos de Miles Davis e Herbie Hancock, e que teve nas suas fileiras feras do quilate de Billy Cobham (que está esta semana em POA) e Omar Hakim. Nos anos 90, apareceria no disco de estréia do rapper Guru (‘Jazzmatazz’), tocando com ele e Donald Byrd em clubs de Nova Iorque.

4 – Pusherman (Curtis Mayfield, de ‘Superfly’, de 1972) – um dos três grandes hits da super trilha do prolífico e politizado Mayfield. Difícil dizer qual a melhor, se esta, a faixa-título ou ‘Freddie’s Dead’, ambas sampleadas ad nauseam pela comunidade hip-hop e o pessoal da electronica.

5 - We Be’s Gettin’ Down (Graham Central Station, 1973) – banda do ex-baixista de Sly & The Family Stone, Larry Graham, o cara que inventou o slaping (aquela "estilingada" nas cordas do baixo). Tá no álbum de estréia do grupo, de 1973.

6 – Truck Turner (Isaac Hayes, de ‘Truck Turner’, de 1974) – a música de ‘Shaft’ não foi a única colaboração de Hayes aos filmes blaxploitation: o Chef de South Park (era dele a voz da personagem) tem ainda em seu currículo as músicas deste outro filme, em que ainda atuou, fazendo o papel principal. Pena que o cara tenha falecido ano passado, dez dias antes de completar 66 anos de idade.

7 - Big Papa (Edwin Starr, de ‘Hell Up in Harlem’, 1974) – cantor de um vozeirão poderoso e alguns hits na carreira, mas nenhum que chegasse sequer perto da canção de protesto ‘War’, parceria com o produtor Norman Whitfield que inicialmente seria gravada pelos Temptations (mas aí o marketeiro-mor Berry Gordy, dono da Motown, achou o tema agressivo demais pro grupo e Starr gravou-a ele mesmo). A canção foi imediatamente considerada a mais incendiária gravação do selo até então. Já a trilha de 'Hell Up in Harlem’ foi o último álbum registrado pelo cantor pra Motown, em 1974. Starr faleceu em abril de 2003, aos 61 anos.

8 - Nappy Head (War, de ‘Ghetto Man’, 1971) – bem latina, como geralmente são os temas dos caras (‘Low Rider’, lembra?), essa tá no segundo disco do War, ‘All Day Music’, de 1971. O combo californiano, responsável por um dos crossovers mais quentes da música pop dos 70’s e apadrinhado pelo líder dos Animals, Eric Burdon, neste ano completa 40 anos de existência, e faz um tempo teve seus álbuns clássicos dos 70’s relançados remasterizados.

9 - Be Thankful for What You Got (William De Vaughn, 1974) – uma das grandes canções soul dos 70’s, consta do homônimo álbum de estréia do cantor, de 1974, e tornou-se um hit tão massivo que extrapolou a parada "étnica": depois de chegar ao topo da parada r&b americana, alcançou o quarto lugar na parada pop. Ao todo, o single vendeu 2 milhões de cópias. Da Vaughn, que é testemunha de Jeová, só voltaria a gravar em 1980 e levaria mais tempo ainda pra registrar seu terceiro álbum – este só saiu no ano pasado. A canção foi regravada por dois grupos cult nos anos 90: tá no clássico álbum de estréia do Massive Attack, ‘Blue Lines’, de 1992, e também no E.P. de covers - ‘Little Honda’ – do Yo La Tengo. Ambas as versões são bacanas – mas a original, só pra variar, é muito melhor.

10 - Express (B.T. Express, 1974) – uma das duas faixas do disco de estréia, ‘Do It (‘Till You’re Satisfied)’, deste grupo funk-disco do Brooklyn – a outra é a faixa-título – a alcançar o topo da para r&b e o top 10 da parada pop. Teve curtíssima duração, mas até encerrar as atividades, em 1981, lançaram praticamente um álbum por ano.

11 - Cornbread (The Blackbyrds, de ‘Cornbread, Earl and Me’, em 1975) – Donald Byrd, a fera do trumpete, fez parte dos Jazz Messengers de Art Blakey e acompanhou artistas do porte de Max Roach, Lionel Hampton, John Coltrane e Sonny Rollins. Formou a banda com seus alunos na Howard University em 1973, na esteira do estrondoso sucesso álbum ‘Black Byrd’, lançado um ano antes, com os Mizzell Brothers, e que já tinha orientação funk: descascado impiedosamente pela crítica, foi o álbum mais vendido do selo Blue Note até então. Outro grupo que durou pouco, apenas cinco anos, os Blackbyrds tiveram a chance de servir de banda de apoio para Roberta Flack e B.B. King, entre outros. Curiosidade: o filme marca a estréia do ator Larry Fishbone.

12 - The Bottle (Gill Scott-Heron, 1974) – Heron foi um dos precursores do canto falado (e portanto do rap) e gravou alguns dos discos mais radicais da soul music americana. O cara que disse que "a revolução não vai ser televisionada" e é um das tantas citações cool da já clássica ‘Losing My Edge’ do LCD Sound System, registrou esta pérola, de levada latina, no seu quarto álbum, ‘Winter America’, co-creditado ao tecladista Brian Jackson.

13 - Sweetback’s Theme (Earth, Wind & Fire, de ‘Sweet Sweetback Baadasssss Song’, 1971) – trilha do filme de Melvin Van Peebles - composta por ele, aliás -, lançada pela Stax Records, era vendida nos cinemas em que o filme era exibido, estratégia pioneira e esperta do diretor, que engajou-se de corpo e alma no projeto. A película acabou rapidinho atingindo a marca de U$ 14 milhões (uma fortuna pra época, ainda mais se considerarmos que o filme, além da temática black, não tinha estrelas e foi feito com pouquíssima, quase nenhuma, grana) e o disco permaneceu 23 semanas na parada de álbuns soul da Billboard. Nada mal para um grupo ainda desconhecido, muito longe do sucesso planetário de ‘Can’t Hide Love’, ‘Serpentine Fire’ ou a manjadaça ‘Let’s Groove’ (Maurice White era então namorado de Priscilla, a folclórica assistente de Van Peebles, a quem insistiu que intercedesse junto ao diretor por uma chance de mostrar o trabalho). Melhor ainda se considerarmos que Melvin, com limitação orçamentária cada vez mais dramática ao longo da produção, ainda pagou Maurice e cia. com um cheque sem fundo.


FUNK ON FILM’ (1998, importado)

1 – Theme from ‘Shaft’ (Isaac Hayes, de ‘Shaft’, de 1971) – a mais característica de todas os músicas dos filmes black americanos, geralmente a faixa com que Hayes fechava seus shows. O tema do tira fodão do filme de Gordon Parks pai carrega no orgulho da raça (“Who's the black private dick/That's a sex machine to all the chicks?”) e na lealdade entre os irmãos (“Who is the man that would risk his neck/For his brother man?”). Soberba, sofisticada, viciante, a primeira faixa de uma trilha quase perfeita.

2 - Across 110th Street (Bobby Womack & Peace, de ‘Across 110th Street’, 1972) – Impossível não arrepiar a espinha cada vez que soam os acordes iniciais desta pérola, que, além do filme policial de 1972, foi usada também em ‘Jackie Brown’, de Tarantino, e em ‘O Gângster’, de Ridley Scott. Refrão marcante, belíssimo arranjo de cordas e a voz rascante do cantor completam o serviço. A carreira do hoje veterano Bobby, de quem os Stones são grandes fãs, é deveras curiosa: talento precoce – formou com os irmãos os Womack Brothers, onde era o principal compositor, e ainda criança brilhou nos Soul Stirrers (depois renomeados Valentinos), contratados pela SAR Records do mitológico Sam Cooke -, sua carreira, contudo, não teve grandes hits, sendo justamente ‘Across 110th ...’ um dos poucos. O ótimo ‘The Poet’ teve boa repercussão, uma espécie de ressurreição pessoal e artística em 1981, e seu último álbum é de 2001. (Nota: a trilha do filme é dividida entre as canções de Womack e o material incidental, composto por J.J. Johnson, com larga vantagem para o soulman. Nota pessoal: perdi um show do cara em L.A. em 1993 e só Deus sabe o quanto me arrependo).

3 – Down and Out in New York City (James Brown, de ‘Black Caesar’, de 1973) – The Godfather of Ghetto encontra The Godfather of Soul: diz-se que o Super Bad teria entregue a trilha sem sequer ter visto o filme de Larry Cohen. Lenda ou não, o fato é que, secundado pelas feras que habitualmente o acompanhavam – o trombonista Fred Wesley, seu diretor musical e co-autor da maioria das faixas, o guitarrista Jimmy Nollen (e sua peculiar levada percussiva) –, J.B. manda bem não só na faixa de abertura de ‘O Chefão do Gueto’, mas em faixas como ‘The Boss’, largamente sampleada por artistas eletrônicos e de rap.

4 - Theme from ‘Together Brothers’ (Love Unlimited Orchestra, de ‘Together Brothers’, 1974) – a orquestra de Barry White, formada por mais de quarenta músicos inicialmente pra acompanhar suas protegidas Love Unlimited, acabou tornando-se o grupo de apoio dele próprio. A trilha do filme, composta por White, tem a participação de todos: dele, da orquetra e das meninas.

5 - Car Wash (Rose Royce, de ‘Car Wash’, 1976) – a faixa com mais cara de disco music de todos estes temas, até pelo período em que foi lançada, já no estouro da música hedonista e desencanada dos anos 70. O Rose Royce foi formado em L.A. em 1973, e logo em seguida contratado como grupo de apoio de Edwinn Starr, chamando a atenção também do maestro Norman Whitfield, figura-chave da soul music, arquiteto sonoro da Motown. ‘Rose Royce’ foi o álbum de estréia e o maior hit da carreira dos caras.

6 - Theme of ‘Foxy Brown’/Overture of Foxy Brown (Willie Hutch, de ‘Foxy Brown’, 1974) – embora não seja o trabalho mais bala de Hutch – que é a trilha de ‘The Mack’ –, o tema deste filme, veículo para a estrela Pam Grier, é marcante. Hutch faleceu em 2005.

7 - Let’s Do It Again (Staple Singers, de ‘Let’s Do It Again’, 1975) – um dos mais famosos e respeitados grupos vocais da América, unindo a tradição gospel ao funk e ao soul, começou gravando há exatos mais de cinquenta anos e ainda tá na ativa. A super sexy canção-tema do filme foi composta por Curtis Mayfield e gravada pro seu selo, Curtom, e tem grande interpretação da grande Mavis, a principal voz da família.

8 - Little Ghetto Boy (Donny Hathaway, de ‘Come Back Charleston Blue’, 1972) – o gueto era um tema frequente nas gravações de Hathaway, famoso por seus duetos com Roberta Flack. Morreu precocemente, aos 33 anos, supostamente por suicídio, deixando apenas cinco discos.

9 - Are You Man Enough (Four Tops, de ‘Shaft in Africa’, 1973) – o quartero de Detroit, que por muito tempo rivalizou com os Temptations como o melhor grupo vocal negro masculino da gloriosa história da Motown, entregou esta para a trilha de uma das sequências de ‘Shaft’ no mesmo ano de seu último grande hit, ‘Ain't No Woman (Like the One I've Got)’, sendo que a partir de então sua carreira já não apresentaria mais momentos luminosos como ‘Reach Out (I’ll Be There)’, ‘Baby I Need Your Loving’ ou ‘I Can’t Help Myself (Sugar Pie Honey Bunch)’. Lawrence Payton, um de seus membros originais, faleceu em 1997, mas os Tops ainda excursionam de vez em quando, com o substituto Theo Peoples.

10 - On and On (Gladys Knight & The Pips, de ‘Claudine’, 1974) – O disco, que ainda teve outros hits além de ‘On and On’ (como ‘The Makings of You’, gravada originalmente pelo seu autor, Curtis Mayfield, produtor do álbum, e ‘Make Yours a Happy Home’ – esta curiosamente só lançada em single dois anos depois do álbum), foi sucesso estrondoso de vendas no verão de 1974, atingindo o primeiro posto da parada r&b americana. A introdução serviu de base para o hit ‘City Song’, do Luscious Jackson, exatos 20 anos depois.

11 - No Way Back (The Dells, de ‘No Way Back’, 1975) – Grupo vocal de longuíssima carreira: formado em 1952 em Chicago, separou-se em 1986 pra depois ensaiar um comeback nos anos 90. Tiveram seu auge entre a segunda metade dos 60’s e a primeira dos 70’s. Originalmente um sexteto, estabilizaram a formação básica com cinco integrantes. Um acidente automobilístico quase abreviou a carreira do grupo em 1958: Marvin Júnior, o líder, teve sua laringe lacerada, e Mickey McGill, o segundo barítono, quase perdeu a perna, quando os caras dirigiam-se a um show na Filadélfia. Mas após turnês acompanhando Dinah Washigton e Ray Charles, acabaram estabelecendo-se com um dos grandes gupos vocais da América e emplacando vários hits, tanto nas paradas de r&b quanto nos charts pop. A faixa-título do filme de 1976 dirigido pelo astro Fred Williamson (de ‘O Chefão do Gueto’ e ‘M.A.S.H.’) conta com instrumentação mais hard, seguindo a onda da época. Ed Motta e o pessoal da Black Rio devem ter ouvido muito isso na vida.

12 - It’s Hard to Say Goodbye to Yesterday (G.C. Cameron, de ‘Cooley High’, 1975) – baladinha xarope levada num órgãozinho sem-vergonha, na real é a mais fraca destas faixas todas. Destoa do resto.

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