Buenas, gurizada, como devem ter notado, semana passada não teve programa, por conta da transmissão de um evento no interior do Estado. E agora, com o fim do programa da Bienal, voltamos ao horário normal, das 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). O playlist é esse aí abaixo. Enjoy!
1º bloco:
EELS – Prizefighter
Grupo americano formado em 1995, basicamente um veículo do vocalista, compositor e guitarrista Mark Oliver Everett, conhecido no meio musical pela alcunha de ‘E’. Uma trajetória pessoal das mais atribuladas, repleta de episódios trágicos, foi exorcizada principalmente no segundo disco, ‘Electro-Shock Blues’, de 1996: E achou o corpo do pai ainda na adolescência, a irmã esquizofrênica suicidou-se, a mãe morreu de câncer no pulmão, amigos próximos também se foram. Mas mesmo com toda essa carga de desastres, o cara continuou, com seu bem-sucedido mix de melodias assobiáveis, levada country, batida de hip-hop e espírito indie. O Eels já tem sete discos de estúdio, um ao vivo, e E tem vários discos-solo. O mais recente, deste ano, é ‘Hombre Lombro: 12 Songs of Desire’.
PHOENIX – Lizstomania
Banda francesa, formada há quase 15 anos, com fortíssima influência da new wave oitentista. O curioso é que começaram tocando em bares parienses tocando covers de Prince e Hank Williams, e começaram a ganhar fama quando bancaram a banda de apoio da dupla Air em aparições de Nicolas Godin e Jan-Benoît Dunckel em programas da TV inglesa. O single de estreia, ‘Heatwave’, com clima disco, fez a fama do grupo, preparando a expectativa para o disco de estreia, ‘United’, de 2000. Curiosidade: o vocalista Thomas Mars é casado com Sofia Copolla, com quem tem um filho. O disco mais recente do Phoenix é ‘Wolfgang Amadeus Phoenix’, deste ano.
THE ATLAS SOUND c/ NOAH LENNOX (PANDA BEAR) – Walkabout
Projeto paralelo de Brad Cox, aquela figura magérrima e longilínea que sofre de síindrome de Marfan e é o vocalista de uma das principais bandas americanas da atualidade, o Deerhunter. Sendo nativo de Athens, na Georgia, criou-se ouvindo um dos orgulhos da cidade, o B-52’s, que tem até hoje como uma de suas maiores referências. O som do Atlas Sound tem apelo pop, mas também um experimentalismo sutil herdado do Deerhunter – que depois de dois álbuns deu um tempo justamente pra que seus integrantes se dedicassem a seus projetos particulares. Assim, Cox aproveitou pra gravar, em sequência, os dois discos do Atlas Sound, ‘Let the Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel’, do ano passado, e ‘Logos’, deste ano.
2º bloco:
SPACEMEN 3 – Revolution
Um dos mais radicais experimentos psicodélicos dos anos 1980 e 90, explorando principalmente o ruído das guitarras, e adicionando a isso a sonoridade de órgãos e teclados hiperamplificados, construindo paredes de microfonia e ambiências hipnóticas. O S3 foi fundado em Derby, na Inglaterra, pela dupla Sonic Boom e Jason Pierce, e durou até 1991, quando as diferenças pessoais e o abuso de drogas da dupla tornou-se insustentável. Pierce formou, então, o Spiritualized, enquanto que Boom lançou gravações-solo e projetos como Spectrum e Experimental Audio Research. O Spacemen 3 lançou alguns clássicos do som viajandão e demencial, como seu quarto álbum, ‘Playing With Fire’, de 1991.
SPIRITUALIZED – Ladies and Gentlemen, We Are Floating in Space
Já o grupo de Pierce é menos ruidoso que o Spacemen 3, adicionando um toque sinfônico e outro de soul music na jogada, embora a referência aos drones de guitarra e ao minimalismo, influências de compositores contemporâneos como La Monte Young e Steve Reich, ainda esteja presente. Na verdade, o Spiritualized já estava sendo gestado durante as gravações de ‘Recurring’, o último disco do S3, quando a dupla Pierce e Boom já tava praticamente apartada: cada um gravou sozinho metade do álbum, sendo que na parte de Pierce já figuravam os futuros músicos do Spiritualized, Mark Refoy (guitarra), Willie B. Carruthers (baixo) e Jon Mattock (bateria). O disco mais recente do grupo é ‘Sons in A & E’, do ano passado, e um de seus trabalhos mais aclamados – tá sendo relançado lá fora em edição de luxo – é ‘Ladies and Gentlemen, We Are Floating in Space’, de 1997, que saiu no Brasil e traz a famosa capinha que imita a embalagem de um medicamento (e o encarte, uma bula).
VERVE – Slide Away
Do bloquinho aqui, sem dúvida o mais conhecido, a tal ponto de ter virado sucesso de massa, o que já fugiria do propósito do programa, mas pouca gente conhece sues dois primeiros discos, anteriores ao ultra-estourado ‘Urban Hymns’ (1997), puxado pelos hits planetários ‘Bitter Sweet Symphony’, ‘Sonnet’, ‘The Drugs Don’t Work’ e ‘Lucky Man’. Principalmente o primeiro, ‘A Storm in Heaven’, de 1993, repleto de atmosferas etéreas e clima lisérgico, com a guitarra de Nick McCabe e os versos de Richard Ashcroft conduzindo o ouvinte a outras galáxias, pagando tributo não só à psicodelia sesentista mas também ao som shoegaze então em voga na Inglaterra. Após o terceiro álbum, o Verve se separou, voltando só no ano passado, com ‘Forth’, só que mais uma vez o relacionamento conturbado entre Ashcroft e os demais integrantes – em especial McCabe e o baixista Simon Jones – impediu a continuidade do grupo. O difícil Ashcroft não deve ter um relacionamento lá muito bom com Jason Pierce também: roubou dele a mulher, que tocava no Spiritualized justamente até 1997, ano de ‘Ladies and Gentlemen ...’ (Spiritualized) e ‘Urban Hymns’ (Verve).
3º bloco: GARY NUMAN (‘The Pleasure Principle’, 1979)
O londrino Gary Anthony James Webb, 51 anos, geralmente conhecido pelo hit ‘Cars’, sucesso massivo nas rádios quando lançado, há 30 anos, e das pistas até hoje, já teria sua trajetória justificada por ser um dos precursores do synth pop, gênero que foi um dos principais sucessos comerciais da new wave e ainda dá crias, mas na verdade sua importância vai além: seu tipo andrógino (inspirado em Bowie e no Roxy Music) e robótico (Kraftwerk), além da pose gelada, distante e do clima de paranoia e solidão das canções, ofereceram manancial para um sem-número de estilos e tendências, especialmente entre os músicos alternativos dos anos 1980, 1990 e 2000: dos góticos ao pessoal do electro, das bandas indie ao rock industrial e incontáveis subgêneros da música eletrônica.
Da juventude acanhada – era um garoto tímido, atrapalhado pela síndrome de Asperger, uma espécie de desordem psíquica que causa transtornos de comportamento e compromete a sociabilidade, considerada quase que uma espécie de autismo em nível mais leve –, veio o interesse pela música: aos 15 anos, comprou a primeira guitarra e passou a compor, e participou de várias bandas, a mais conhecida delas o Tubeway Army, onde usava o pseudônimo Valerian, tirado do herói de uma série de ficção científica da TV francesa. Logo depois, passou a usar o ‘Numan’. Aos 21 anos, lançava-se em carreira-solo, já de cara soltando seu clássico, ‘The Pleasure Principle’, em setembro de 1979. Apesar do sucesso, ainda seguiu morando com os pais por um bom tempo.
Outros álbuns seguiram-se nos anos 80 e 90, e Numan ainda teve alguns hits, embora nada comparado ao álbum de estreia e seu carro-chefe, ‘Cars’. Aos poucos, foi tornando-se carta fora do baralho, até ser resgatado nos 90’s por vários artistas independentes, que passaram a tocar ao vivo e gravar suas velhas canções, além de fazer referência à influência do inglês sobre seus trabalhos. Em julho deste ano, o Nine Inch Nails, que por ora dá um tempo, teve como convidado principal de sua ‘Wave Goodbye Tour’ justamente Gary Numan, e Trent Reznor e cia. e seu ilustre convidado apresentaram ao vivo números de Numan e do NIN. Numan inclusive diz que ele e Trent pretendem gravar juntos em breve, em um novo projeto. O álbum mais recente do inglês é ‘Jagged’, de 2006.
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M.E.
Cars
Numan nos seus vinte e poucos anos: inspiração para Radiohead, Grandaddy, Nine Inch Nails, Magnetic Fields, Add N to (X), Crystal Castles, Neon Indian ...
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