Completando exatos três meses no ar (estreamos no dia 19 de setembro), o programa deste sábado, 19, às 22h na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede) é o seguinte:
1º bloco:
SPOON – Written in Reverse
Grupo texano, uma das sensações do som indie desta década, formado em 1994 pela dupla Britt Daniel (vocalista e guitarrista) e Jim Eno (baterista), tiveram várias formações flutuantes no início, e com o álbum de estreia, ‘Telephono’, de 1996, foram muito comparados com guitar bands clássicas do cenário alternativo americano, como Pixies e Sonic Youth, além de turnês abrindo pra Pavement, Guided By Voices e Archers of Loaf. Começaram gravando pro lendário selo novaiorquino Matador, foram contratados em seguida pela Elektra e dispensados logo depois, e desde o começo da década estão na Merge, do pessoal do Superchunk. O Spoon tem seis álbuns de estúdio, entre eles os aclamados ‘Girls Can Tell’ (2001) e ‘Ga Ga Ga Ga Ga’ (o mais recente, de 2007),mais um registro ao vivo. O novo, ‘Transference’, sai no começo de 2010, mas o primeiro single já tá rodando por aí.
TWILIGHT SAD – Made to Disappear
Banda escocesa, formada em Glasgow em 2003, fazem aquele típico som britânico indie, equilibrando melodia e ruído, com um romantismo pessimista e referências musicais que vão dos conterrâneos do Jesus & Mary Chain, além Echo & The Bunnymen, Wedding Present e Smiths e Joy Division Dessas duas últimas, gravaram covers em seu segundo disco, ‘Killed My Parents and Hit the Road’, do ano passado. O primeiro foi ‘Fourteen Autumns & Fifteen Winters’, de 2007, e o mais recente é ‘Forget the Night Ahead’, deste ano. Na formação dos caras, que já incluiu diversos intrumentos pouco usuais, há a curiosidade de constar um acordeom, o que dá um caráter de banda de bar ao som do grupo e realça a sua melancolia.
BILL CALLAHAN – Too Many Birds
Americano, 43 anos, um dos preferidos de CM (Lou Reed é também seu grande fã), que entre 1992 e 2005 gravava sob a alcunha de (Smog), um dos caras mais sensacionais e peculiares da cena indie americana das últimas décadas: baluarte do som lo-fi, em suas gravações caseiras praticamente fazia tudo sozinho, segundo ele porque não confiava ninguém. Callahan colecionou internações psiquiátricas, mas hoje parece mais estabilizado. Seu terceiro disco atendendo pelo próprio nome é o belíssimo ‘Sometimes I Wish We Were an Eagle’, de 2009, lançado pela mesma Drag City que lançou toda a sua obra.
2º bloco:
DJ SPOOKY – Galactic Funk
O americano Paul D. Miller, natural de Washington D.C., pra definir o seu som cunhou o termo ‘Illbient’ – ill (doente) + ambient (o som atmosférico criado por Brian Eno nos anos 1970 e retomado por vários grupos eletrônicos dos anos 1990, sacou?). Já esteve se apresentando em Porto Alegre, lá pelos idos de 1998, num evento chamado ‘Heineken Concerts’ no Salão de Atos da UFGRS, como um dos convidados do yankee/brasuca Arto Lindsay, anfitrião do encontro. Spooky é múlti-mídia ao extremo: é graduado em filosofia e literatura francesa, escreveu ficção científica e tem tranbalçhos com artista visual também. Herdou a vasta e variada discoteca do pai e nela mergulhou vorazmente, interessando-se por todo tipo de música. Já colaborou com músicos que vão de Thuston Moore (Sonic Youth) a Dave Lombardo (Slayer), além do rapper Kool Keith, Metallica e Nick Cave. Seu disco mais recente é o recém lançado ‘The Secret Song’. Um de seus maiores hits, ‘Galactic Funk’, é do álbum de estreia, ‘Songs of a Dead Dreamer’, de 1996.
DJ SHADOW – In/Flux
Conhecido como ‘o Jimi Hendrix (ou Miles Davis) dos toca-discos’, o californiano Josh Davis, é um dos raros branquelos a se destacarem como um dos maiores DJs com inspiração no hip-hop (em especial da chamada ‘old school’) no mundo. As faixas de seu disco de estreia, o super-clássico ‘Endtroducing’, de 1996 (um dos melhores álbuns do que quer que seja da década passada) soam perfeitamente orgânicas, a ponto de um ouvinte desavisado imaginar que trata-se de uma superbanda funk tocando instrumentos de verdade – diz a lenda que o cara tinha então já uma coleção de discos de vinil com mais de 60 mil volumes. Shadow registrou o álbum com apenas 23 anos, e antes já tinha assombrado críticos e ouvintes com singles como ‘In/Flux’ (incluída depois na coletânea ‘Preemptive Strike’, de 1998) e ‘Lost and Found (L.S.F.)’. Participou do projeto U.N.K.L.E. e do grupo de hip-hop Quanum, e seu último disco é ‘The Outsider’ (2006), lançado no Brasil assim como o anterior, ‘The Private Presse’ (2002).
MIX MASTER MIKE – Billie Klub
Michael Schwartz, californiano de San Francisco, chamou a atenção dos Beastie Boys primeiro como integrante do coletivo Invisibl Skratch Piklz, ganhador por três vezes de uma competição mundial de scratching. Estreou em disco solo em 1996, com ‘Michristmasterpiece’, e o seguinte, ‘Anti-Theft Device’ (1998), considerado seu melhor álbum, foi lançado com ele como já integrante dos Beastie Boys (uma das vinhetas do CD inclusive reproduz as tratativas, via secretária eletrônica, pra fazer parte do grupo de Mike D, Ad Rock e MCA, em substituição ao DJ Hurricane. Sua estreia foi em ‘Hello Nasty’, de 1998, e tica com os caras até hoje, além de tocar seu trabalho-solo.
3º bloco: THE GERMS (‘GI’, 1979/‘(MIA): The Complete Anthology’, 1993)
Banda de curtíssima duração – apenas três anos, de 1977 a 1980 –, mas que marcou época na importantíssima cena punk original de Los Angeles, que tinha ainda o X, o Social Distortion, Circle Jerks e o Black Flag. As figuras de frente eram o alucinado vocalista Darby Crash e seu melhor amigo, o guitarrista Pat Smear, dois ousiders irrecuperáveis que se conheceram porque eram fregueses do mesmo traficante, além de compartilharem o gosto pela confusão e o desprezo pelas autoridades. Completavam a formação a baixista Lorna Doom e o baterista Don Bolles. Consta que as apresentações ao vivo dos Germs estão entre as mais incendiárias de toda a ruidosa história do punk rock americano, muito por conta de Crash: influenciado por seu ídolo Iggy Pop, o cara mergulhava na plateia, espalhava a comida que a audiência lhe atirava pelo corpo, a certa altura com pouca roupa.
Crash, cujo nome de batismo era Jan Paul Breahm, nasceu em 26 de setembro de 1959, e é mais um daqueles casos de rock star que cresceu com o peso de uma infância e uma adolescência problemáticas nas costas: seu irmão mais velho morreu de overdose de heroína, seu pai, a quem nunca conheceu, também já estava morto quando Crash tomou a iniciativa de procurá-lo. Foi quando conheceu na escola Pat Smear, cujo nome verdadeiro, é Georg Albert Ruthenberg, nascido a 5 de agosto de 1959, que a vida de Crash passou a ganhar foco: tava ali seu parceiro de crime, o cara com quem montaria uma banda onde pudesse exercitar sua veia provocativa. O único problema é que os dois jamais haviam chegado perto de algum instrumento musical. Mas aprendidos alguns acordes básicos por Smear e desenvolvido o estilo gritão de cantar de Crash, foi logo resolvido o impasse, e o som dos Germs juntava as principais influências de ambos: o rockabilly dos 50’s que Crash aprendeu a curtir por conta da influência da irmã, o glam rock de Bowie, Alice Cooper e Queen e o protopunk de Stooges e New York Dolls que faziam a cabeça de Smear. Com Lorna Doom e Don Bolles, a formação do grupo se estabilizou, e daí pra gravação do álbum de estreia, ‘GI’, com produção de Joan Jett, fã do grupo e ex-líder das Runaways, uma das principais influências dos Germs, o caminho natural. O disco saiu em 1979.
Quem não se estabilizou, entretanto, foi Crash, e após um breve período de afastamento da banda pra viver em Londres, onde fez apresentações-solo, juntou-se a seus parceiros para um show no Starwood, em Los Angeles, realizado no dia 3 de dezembro de 1980, que entrou pra história por dois motivos: por ser considerado uma das melhores performances da breve trajetória dos Germs e também por ter sido a última, pois Crash cruzou a fronteira fatal apenas quatro dias depois, por conta de uma previsível overdose de heroína, que, segundo se diz, teria sido proposital, pois o cara teria feito pacto de suicídio com uma amiga, que sobreviveu. Tinha apenas 21 anos. Curiosidade: John Lennon foi assassinado um dia depois.
Desde então, o mito da banda só cresceu, com direito a relançamento de toda sua obra – o único disco, mais faixas dispersas, na coletânea ‘(MIA): The Complete Anthology’, de 1993, mais gravações ao vivo, um filme sobre Crash – ‘What We Do is Secret’ (2005) –, e até uma reunião dos integrantes sobreviventes com o ator do filme, Shane West, substituindo Crash, o que incomodou velhos fãs dos Germs, como Jello Biafra. Smear, que foi ator em ‘Blade Runner’ e aparecia nos clipes de ‘Raspberry Beret’ (Prince) e ‘Don’t Speak’ (No Doubt), recusou convite pra entrar pros Red Hot Chili Peppers em 1992, em substituição a John Frusciante, mas acabou entrando pro Nirvana logo depois. Também tocou com Dave Grohl no Foo Fighters em 1997.
Forming
What We Do is Secret
Communist Eyes
Lexicon Devil
Manimal
Our Way
A coleânea 'MIA', cuja capa é prtaticamente idêntica à do álbum, reúne todo o material gravado em estúdio pela banda e é a melhor pedida
Os 'Germes' em ação, com o kamikaze Crash à frente e seu fiel escudeiro Pat Smear: uma das mais intensas experiências do punk rock americano
Pat (abaixo, à esquerda) nos últimos dias do Nirvana: lenda viva
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário