Com atraso - problemas 'técnicos' e puro vacilo, mesmo -, vai aí o playlist do que tocou no último sábado, 26, no nosso 40o (!!!!!) programa. Sorry, moçada - mas fiquem ligados que no próxim tem um especial cascudo do Sonic Youth!
1º bloco:
JESSE MALIN & THE ST. MARK’S PLACE – Burning the Bowery
Novaiorquino do Queens, 42 anos, ex-vocalista do hardcore Heart Attack (na adolescência) e do giltter D Generation, desde 2001 em carreira-solo, gravando discos em que a tônica é o mix do som indie com as raízes da música americana – o folk, o blues, o country –, com fartas referências a Bob Dylan, Lou Reed, Neil Young e a seu ídolo Bruce Springsteen. Jesse já pintou por aqui no CM com uma faixa de seu excelente disco de estreia, ‘The Fine Art of Sel-Destruction’ (2003, produzido pelo ex-Whiskeytown Ryan Adams), vem de um álbum de covers e outro ao vivo, lançados em 2008, e há pouco lançou ‘Love It to Life’, tendo como banda de apoio o St. Mark’s Social, grupo que descobriu ano passado.
BAND OF HORSES – On My Way Back Home
Americanos de Seattle, Washington, na estrada desde 2004, já com três álbuns no currículo, os dois primeiros pelo selo Sub Pop, uma das glórias da cidade, e o mais recente, o recém-lançado ‘Infinite Army’, pela Fat Possum Records. O som é um mix de power pop com folk, country, harmonias vocais à Beach Boys ... Ou dseja, som indie com sabor de country rock californiano sessentista. Os múlti-instrumentistas Ben Bridwell e Mat Brooke são os sócios-fundadores do grupo, que agora é um quinteto, com todos colaborando nas composições.
BLITZEN TRAPPER – Heaven and Earth
Também americanos, do noroeste, ali pertinho de Seattle – de Portland, Oregon, lar do cineasta Gus Van sant e um celeiro de bandas indie super bacanas há pelo menos uns vinte anos. O BT também tem influência do country e do folk (Neil Young, em especial), mas igualmente do som lo-fi dos anos 1990 e do art rock dos 1970’s. Eric Earley, cantor e compositor, é o líder do grupo, na ativa já há 10 anos, e que antes de assinar com a Sub Pop em 2008 lançou trÊs discos às próprias custas. O trabalho mais recente, o quinto, é ‘Destroyer of the Void’, lançado há pouco.
2º bloco:
JESUS AND MARY CHAIN – Some Candy Talking
Patrimônio do som indie de todos os tempos e mesmo da história do rock, responsável por um dos álbuns mais barulhentos que já se ouviu – prestes a completar 25 anos de lançamento –, passou por Porto Alegre há exatos 20 anos, deixando um zunido insistente nos tímpanos de quem esteve presente à sua performance no Salão de Atos da Reitoria da UFRGS. Havia pendurado as chuteiras em 1999, depois de 15 anos de estrada, muitos excessos e brigas dos irmãos Reid, Jim e William, mas a partir de uma bem-sucedida apresentação no Festival Coachella, em 2007 – com direito a participação de Scarlett Johansen –, os irmãos resolveram reatar a parceria, e um disco novo é esperado para breve. Entre a dissolução e a volta, os álbuns de carreira foram relançados, coletâneas e um caprichado box set foi colocado no mercado, dando aos velhos e novos fãs a chance de curtir velhos clássicos, como ‘Some Candy Talking’, single lançado em 1986, um ano após o álbum de estreia, e a última gravação com o line-up original, tendo Douglas Hart no baixo e o dono do Priaml Scream, Bobby Gillespie, martelando um kit de bateria tão econômico quanto o de Moe Tucker no Velvet Underground.
THE PASTELS – Unfair Kind of Fame
Conterrâneos – também são escoceses de Glagow – e contemporâneos – na verdade, são até mais antigos, estão na ativa desde 1982 – do Jesus, embora jamais tenham interrompido a carreira, não têm nem dez discos no currículo, pois lançam seus trabalhos com longos intervalos entre um e outro. Stephen Pastel, o líder, cantor, compositor e guitarrista, é o cara que fez a coisa acontecer na cena pop de meados dos anos 1980 na Escócia: seu lendário selo 53rd & 3rd lançou, entre várias bandas importantes, sobretudo da famosa ‘class of 86’, os Shop Assistants, o BMX Bandits (embrião do Teenage Fanclub), os Vaselines e até o próprio Jesus And Mary Chain. A música simples, despojada, preguiçosa, mas emotiva e com boas melodias, foi então apelidada pela imprensa britânica de “shambling pop”, e os Pastels eram chamados de “anorak” band (anoraks são aquelas blusas de gola longa, tipo “cacharrel”, baratas e muito usadas pelo pessoal da época). O álbum mais recente dos Pastels é ‘Two Sunsets’, do ano passado, recém o segundo lançado nos anos 2000. A banda teve grandes momentos nos anos 1980 e 1990, e o E.P. ‘Unfair Kind of Fame’, de 1997, é um deles.
WE’VE GOT A FUZBOXX (AND WE’RE GONNA USE IT) – XXX Sex
O “Jesus And Mary Chain de saias”, quarteto feminino inglês de Birmingham, durou apenas cinco anos (1985 a 1990), mas resolevu voltar este ano. As meninas era muito jovens quando gravaram o primeiro single, ‘XXX Sex’, em 1986 – a vocalista e violinista Vix não tinha 18 anos completos –, e deixaram dois álbuns. A propósito do nome da banda, a escolha deu-se a partir da frase pronunciada de maneira radiante pela múlti-instrumentista e também vocalista Maggie Dunne quando as garotas compraram seu primeiro pedal de distorção: “Nós temos um fuzzbox e vamos usá-lo!”.
THAT PETROL EMOTION – Can’t Stop
Contemporâneos do Jesus, dos Pastels e do Fuxxbos, só que irlandeses de Derry, deram o pontapé inicial em 1984, embora seus fundadores, os irmãos Sean (guitarra) e Damian O’Neil (baixo) já fossem veteranos: foram antes integrantes dos clássicos Undertones, a mais importante banda do punk irlandês (e que já foi atração do CM, naturalmente). O TPE fazia um rock igualmente energético, barulhento e politizado, com boas melodias e baseado no contraponto das duas guitarras. Tinha o atlético americano Seteve Mack como seu frontman e deixou apenas cinco discos, sendo o mais marcante deles o primeiro, ‘Manic Pop Thrill’, de 1986.
3º bloco: BRIAN ENO – ‘Here Come the Warm Jets’ (1974)
Um dos poucos caras na história da música pop e do rock que pode efetivamente ser chamado de gênio, cuja influência é incalculável não apenas por trafegar por vários estilos – antecipando alguns, inclusive –, mas principalmente por mudar a maneira como a música é percebida. Brian Eno, auto-intitulado ‘não músico’ (pra ele, sempre mais interessou a textura sonora do que as demonostrações de técnica), pioneiro da ‘ambient music’, artista múlti-mídia, um dos caras que primeiro e melhor fizeram a fusão de ritmos étnicos com o rock e o pop, produtor de discos marcantes do U2, David Bowie, Talking Heads, Laurie Anderson, Coldplay e outros, é verbete incontestável da música contemporânea.
Brian Peter George St. Baptiste de la Salle Eno, inglês de Woodbridge, nascido em 15 de maio de 1948, estudou arte na escola, tendo como inspiração inicial a pintura minimalista. Começou a utilizar um gravador como intrumento musical, inspirado em uma obra do compositor Steve Reich chamada ‘It’s Gonna Rain’, que era justamente uma “orquestra de tapes”. LaMonte Young, Terry Reilly e John Cage eram outras de suas referências, assim como as músicas que ouvia no rádio quando criança – o doo wop e os primódios do rock americano dos anos 1950, que conheceu ouvindo a rádio do exército americano, que tinha uma base na área rural de Suffolk, onde viviam Eno e sua família. Eno descreve essa música que ouvia na infância como “de marte”. Encorajado pelo pintor Tom Philips, seu professor no St. Joseph’s College, entrou na Scratch Orchestra de Cornelius Cardew, quando fez suas primeiras gravações. Daí para o rock ...
Eno entra no Roxy Music em 1971, mas num primeiro momento não participava dos shows, apenas limitando-se a operar seu sintetizador VCS3, a mesa de som e os tapes pré-gravados, mas logo ficou claro que as suas esquisitices ajudavam a definir mais claramente o conceito Roxy de fazer música – ‘Remake/Remodel’ –, retrabalhando influências que vinham da música pop americana, forjando um rock experimental. Outra coisa que logo ficou clara é que o Roxy era pequeno demais para suas duas figuras mais sui generis, Eno e o frontman Bryan Ferry, e depois do segundo disco do grupo, ‘For Your Pleasure’, de 1973, Eno decidiu pular fora, já tendo engatilhada uma colaboração com outra figura da vanguarda do rock, o guitarrista Robert Fripp, do King Crimson, no álbum ‘Pussyfooting’. Mas seu primeiro álbum-solo ainda marcado pelas experiências glam do Roxy, viria no ano seguinte.
‘Here Come The Warm Jets’, recheado de participações especiais (o citado Fripp, o guitarrista Chris Spedding, o baixista Busta Jones, e todo o Roxy Music à exceção de Bryan Ferry), foi gravado de maneira pouso usual: Eno queria juntar músicos cujos estilos não tivessem nada a ver uns com os outros – de preferência, com formações até mesmo antagônicas. Orientava os caras utilizando linguagem corporal e dança, e pedia que os caras cantassem versos nonsense, que seriam a base para as futuras letras das canções. Depois que cada um gravava sua parte em separado, Eno condensava e mixava tudo, muitas vezes resultando em algo totalmente diferente do que fora registrado. Quanto ao título – “Aí vão os jatos quentes” –, Eno na época disse que referia-se a urina. Vinte e cinco anos depois, em uma entrevista esclareceu que na verdade a expressão descrevia o som que buscava para a sonoridade da guitarra da faixa-título.
O álbum teve excelente repercussão junto à crítica – o lendário Lester Bangs o definiu como “incrível” e a ele seguiram-se outras obras-primas do rock experimental, como ‘Taking Tiger Mountain (By Strategy)’, ‘Another Green World’ e ‘Before and After Science’ (todos relançados remasterizados nesta década pelo selo AstralWerks), os famosos discos ambient – ‘Music For Airports’, ‘Music For Films’ – e colaborações com John Cale, David Byrne, além das suas produções que entraram para a história, como a trilogia berlinense de David Bowie e alguns dos discos mais bem-sucedidos do U2. O disco mais recente de Eno é ‘Ambient: The Plateaux of Mirror’, do ano passado.
Needles in the Camel’s Eye
Baby’s On Fire
Driving Me Bacwards
Some of Them Are Old
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