sexta-feira, 18 de junho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (39)

O programa deste sábado, 19, tá do c*: três lançamentos quentíssimos (novas do Arcade Fire, Japandroids e Wavves), quatro bandas de meninas muito bacanas (Cibo Matto, Le Tigre, Luscious Jackson e o Men - que esteve entre nós semana passada) e um tesouro escondido (o Pylon, conterrâneo e contemporâneo de R.E.M. e B-52's - ambos, aliás, idolatravam os caras). É às 22h na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!


1º bloco:

ARCADE FIRE – Month of May

Banda canadense de Montreal, do primeiríssimo time do rock atual, fez um show até hoje muito lembrado em Porto Alegre em 2005, abrindo para os Strokes no futuro Pepsi On Stage, na perna gaúcha do Tim Festival. Na ativa desde 2003, com dois álbuns ultra-elogiados no currículo, ‘Funeral’ (2004) e ‘Neon Bible’ (2007), tá voltando com o aguardadíssimo ‘The Suburbs’, que sai em breve. Apresentações teatrais, referências musicais as mais variadas (bossa nova, canção francesa, punk rock, o pós-punk dos anos 1980, o indie rock dos 1990), o grupo liderado pelo casal Win Butler e Régine Chassagne tocou nos principais festivais de rock do planeta, apresentou-se na campanha à presidência de Barrack Obama, abriu para o U2 e chegou a fazer mais de um show a cada três dias no intervalo de um ano tempos atrás.

JAPANDROIDS – Art Czars
Também canadenses, esses de Vancouver, mas com um approach totalmente diferente: duo de guitarra e bateria – Brian King é o homem das cordas, David Prowse é o responsável pelas baquetas –, tem no punk e no powerpop suas maiores inspirações. Um álbum de carreira apenas, ‘Post-Nothing’, um dos melhores do ano passado (mostramos aqui no programa), tiveram uma coletânea de faixas dispersas, ‘No Singles’, lançada recentemente no mercado, assim como dois singles, ‘Younger Us’ e este ‘Art Czars’.

WAVVES – Post Acid
Projeto do malucão Nathan Williams, californiano de San Diego, um skatista largadão que faz um som lo-fi garageiro, que abandonou seu emprego como atendende de uma loja de discos pra se dedicar full-time a seus três maiores prazeres: andar de skate, compor músicas e consumir cannabis. Sem gravadora, começou a digitalizar seus singles, até que chamou a atenção da imprensa especializada e fãs de música indie. ‘Wavvves’, o disco, veio no ano passado, e o cara não para: ‘Post Acidé o single mais recente, recém lançado.


2º bloco:

CIBO MATTO – Beef Jerky

Dupla de japonesinhas muito bacana formada em Nova Iorque na primeira metade dos anos 1990, fazia um mix de funk, tropicalia, melodias pop, batidas de hip-hop, deixaram apenas dois álbuns e separaram-se logo depois do segundo, ‘Stereo Type A’, de 1999. Miho Hatori (vocalista) e Yuka Honda (tecladista e responsável também pelos samplers) chegaram em momentos diferentes à big apple, foram se conhecer lá mesmo e antes do Cibo Matto (“loucura por comida”, em italiano), ainda tocaram juntas em uma banda noise chamada Leitoh. Honda havia sido integrante do Brooklyn Funk Essentials, enquanto Hatori fora do grupo de rap Kimidori, em Tóquio. Sean Lennon e o baterista de Jon Spencer, Russel Simmins, chegaram a fazer parte da banda por um curto período. ‘Viva! La Woman’, de 1996, é um dos discos mais divertidos da década de 1990.

LUSCIOUS JACKSON – Daughters of The Chaos
Geralmente relacionadas aos Beastie Boys – as meninas gravavam pelo selo do trio, Grand Royal, e Kate Schellenbach foi a primeira baterista dos Beasties, no tempo em que os caras tocavam hardcore –, o Luscious Jackson fazia uma colagem com referências muito parecidas com as do Cibo Matto, mas o som, mais denso, remetia também ao típico rock indie americano dos anos 1990. Gabby Glaser (guitarrista e vocalista), Jill Cunniff (baixista e vocalista) e a citada Schellenbach conheceram-se na adolescência em Nova Iorque, quando frequentavam a cena musical da cidade – Cunniff, inclusive, editava um fanzine chamado The Decline of Art. Formaram o Luscious em 1991, já tendo Vivain Trimble (tecladista) na formação. O primeiro E.P., ‘In Search of Manny’ (1993), foi sensação entre o povo indie, assim como o álbum de estreia, ‘Natural Ingredients’ (1994), que rendeu uma tour nacional abrindo para o R.E.M. em 1995. ‘Fever In Fever Out’ (1996), produzido por Daniel Lanois, é bem variado, e ‘Electric Honey’ (1999), já sem Vivain, é honesto mas não segurou a onda: as meninas se separaram um ano depois.

LE TIGRE – What’s Yr Take On Cassavetes
Trio americano, tem sua figura central em Kathleen Hanna, ex-líder do barulhento Bikini Kill, feminista radical, editora de fanzine, inspiradora do hino do grunge – Kurt cobain escreveu ‘Smells Like Teen Spirit’ inspirado em uma frase que ela deixou no espelho de sua casa, quando eram namorados, e mulher de Ad Roc, dos Beastie Boys. Na verdade, o Le Tigre tinha sido fundado pra ser um projeto solo dela, mas aos poucos Johanna Fateman (também fanzineira) e Sadie Benning (cineasta) foram se impondo. Bening só participou do primeiro álbum, homônimo, lançado em 1999, que trazia um som que mixava punk, pop, samples e batidas eletrônicas, sendo sbstituída por J.D. Sampson a partir do segundo, ‘Feminist Sweepstakes’ (2001). ‘This Island’, o mais recente, é de 2004, e é o primeiro lançado por uma grande gravadora – no caso, a Universal. O Le Tigre está de férias desde 2007, e nesse meio-tempo, Fateman e J.D. aproveitaram pra fundar outro projeto, o Men.

MEN – Off Our Backs
Grupo novaiorquino formado originalmente por dois terços do Le Tigre, Johanna Fateman e J.D. Samson, embora só essa última ainda permaneça como integrante full-time – Johanna colabora como compositora e produtora mas não excursiona, dedicando-se a outros projetos. Juntaram-se às duas, integrantes de outro projeto de J.D., o Hirsute: Michael O’Neill (que toca também no Ladybug Transistor) e Ginger Brooks Takahashi. A banda, que ainda não tem contrato com nenhuma gravadora, tem um E.P. de três faixas lançado este ano, e na semana passada, apresentou-se em Porto Alegre, no Beco, no braço gaúcho do festival PopLoad, organizado pelo jornalista Lúcio Ribeiro, junto com os Girls.


3º bloco: PYLON – ‘Gyrate’ (1980)/‘Chomp’ (1983)

Mais uma daquelas bandas muito mais faladas do que ouvidas, esta, os fãs de R.E.M. e B-52’s em algum momento já ouviram a respeito: da mesma cidade que as bandas de Michael Stipe e Kate Pierson, o Pylon foi o precursor da cena nwe wave de Athens, no estado americano da Georgia, foi uma grande inspiração para os outros grupos da cidade, mas infelizmente nunca fez sucesso sequer minimamente comparável com os conterrâneos, e nem mesmo uma forcinha de seus fãs/discípulos/amigos deu jeito. Deixou apenas dois álbuns em cinco anos, animou-se a voltar cinco anos depois, mas acabou desistindo de novo, mas nos últimos anos sua obra tem experimentado uma espécie de revisão, com seus dois primeiros discos sendo relançados de forma caprichada.

O guitarrista Randy Bewley e o baixista Michael Lachowski, estudantes de artes na Universidade da Geórgia, fundaram o Pylon em 1978, inspirados no som da cena novaiorquina do CBGB (Television, Talking Heads, Ramones) e tomaram emprestado título de um romance de William Faulkner. Ensaiavam num loft alugado de um artista local, Curtis Crowe, que logo tornaria-se o baterista do grupo, e completariam a formação no mesmo meio: depois de testar vários candidatos, Vanessa Briscoe, também estudante de artes, ficou com o posto. O show de estreia do grupo foi em março de 1979, no mesmo momento em que os conterrâneos do B-52’s ganhavam as paradas do país com o single ‘Rock Lobster’. O primeiro single do Pylon viria no começo de 1980, ‘Cool’, tendo ótima recepção da crítica e logo virando um hit underground. ‘Gyrate’, o disco de estreia, viria em seguida e logo após teve a chance de apresentor-se no Central Park novaiorquino abrindo para o B-52’s. O disco seguinte, ‘Chomp’, veio em 1983 depois de constantes tours pela América, mas a banda a essas alturas já andava desmobilizada, inclusive por não ter ficado satisfeita com o álbum, e então resolveram se separar.

Quatro anos se passaram, e numa famosa entrevista dada à revista Rolling Stone, quando sua banda era eleita a melhor da América, o baterista do R.E.M., Bill Berry, agradeceu mas fazendo a ressalva que a honra cabia ao Pylon, uma grande influência no trabalho de seu grupo - o R.E.M inclusive gravou 'Crazy', do Pylon, no álbum 'Dead Letter Office'. Somando-se a isso, o lançamento da coletâneaHits’, pelo selo dB, inspirou então os caras a voltarem, e o Pylon então lançou mais um disco, ‘Chain’, em 1990, mas o guitarrista Bewley logo anunciaria sua saída, ocasionando nova dissolução. O último show do grupo, no auge do estouro do grunge, foi realizado na Athens natal, em 22 de novembro de 1991. Nos últimos anos, sua música foi resgatada pelo selo DFA (de James Murphy, do LCD Sound System), com o relançamento dos dois primeiros discos, expandidos – ‘Gyrate Plussaiu em 2007, ‘Chomp More’, em 2009. Bewley faleceu em 2005, vítima de ataque cardíaco.

Cool
Volume
Feast On My Heart
Beep
Crazy

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