sexta-feira, 4 de junho de 2010

COMPANHIA MAGNÉTICA NO RÁDIO (37)

Conforme o prometido, tá aí o especial dedicado às Ramones de saias, as Runaways de Joan Jett, Sandy West, Lita Ford, Jackie Fox e Cherie Currie. Tá aí o playlist do prorama, que como sempre vai ao ar no sábado, 22h, na FM CULTURA (107.7 no dial ou www.fmcultura.com.br na rede). Enjoy!


1º bloco:
Uma das principais bandas femininas da história do rock, referência pra pelo menos três gerações de bandas de garotas – das punks inglesas de primeira época (Slits, Raincoats, Kleenex/Liliput), as Riot Grrls dos anos 1990 (Bikini Kill, Hole, L7, Sleater-Kinney, Babes In Toyland e 7Year Bitch) e até as meninas iradas dos anos 2000, como The Donnas. Recentemente, a trajetória das Runaways foi contada em filme, simplesmente chamado ‘The Runaways’ – lançado em março no mercado norte-americano.
A origem das meninas remonta ao ano de 1975, em Los Angeles, onde a guitarrista Joan Jett e a baterista Sandy West apresentaram-se ao produtor, compositor e agitador californiano Kim Fowley, sugerindo-lhe a ideia de formar um grupo só de meninas. Detalhe é que as duas não se conheciam – encontraram-se com Fowley em ocasiões diferentes, mas ele passou o telefone de uma a outra, e elas então encontraram-se e passaram a ensaiar juntas, mostrando depois o resultado ao cara. Saíram então a procurar as outras integrantes, e a primeira a entrar foi a baixista e cantora Micki Steele, dando origem ao power trio que fez as primeiras apresentações públicas das Ruanaways. Logo, seriam adicionadas também Lita Ford, guitarrista de apenas 16 anos, e Cherie Currie, que seria a vocalista principal – e também tinha apenas 16 anos. Mas Micki acabaria deixando o grupo – pra reaparecer depois nas Bangles –, sendo substituída primeiro por Peggy Foster, que ficou apenas um mês, e finalmente por Jackie Fox, completando o line-up clássico que gravaria o primeiro disco, ‘The Runaways’, em 1976.

Cherry Bomb
You Drive Me Wild
Blackmail
Secrets
Dead End Justice



2º bloco:
A repercussão do primeiro álbum não poderia ter sido melhor: além das boas vendas e da aclamação da crítica, rendeu uma grande turnê pela América do Norte, com shows lotadíssimos, tocando com artistas que vão de Cheap Trick a Van Halen e Tom Petty and The Heartbreakers – todos abrindo para as garotas. O divertido era como as meninas tomavam seus ídolos como modelos: Cherie se inspirava em David Bowie, Joan, em Keith Richards e Suzi Quatro, Lita, em Richie Blackmore e Jeff Beck, Sandy, em Roger Taylor (Queen), e Fox em Gene Simmons. As meninas eram figuras frequentes entre as cenas punk novaiorquina – tocavam seguidamente com os Dead Boys, o Blondie e seus amigos Ramones – e londrina – com os Pistols e o Damned.

O segundo disco, ‘Queens of Noise’, saiu em 1977, e rendeu a primeira turnê mundial, com passagem marcante pelo Japão, onde ocupavam o quarto lugar em vendas entre artistas estrangeiros – somente atrás do Abba, do Kiss e do Led Zeppelin –, foram tema de vários programas de TV – incluindo um especial inteirinho dedicado a elas –, sendo mesmo objeto de uma idolatria absurda a tal ponto de Joan Jett descrevê-la como similar à beatlemania. Em Tóquio, registraram seu álbum ao vivo, ‘Live In Japan’, também lançado em 1977, mas com o sucesso vieram as primeiras baixas: Jackie Fox pulou fora, fazendo com que Joan temporariamente ocupasse a posição de baixista – na volta, Vickie Blue, com 17 anos, assumiria o posto. Na volta, a cantora Cherie Currie também largaria o grupo, fazendo com que Joan assumisse o posto de única vocalista – posição que dividia com a dissidente, que logo lançaria um álbum-solo, com a participação de sua irmã, Marie.

Queens of Noise
Born to Be Bad
I Love Playin’ With Fire
California Paradise
Hollywood



3º bloco:

O quarto álbum das Runaways, ‘Waiting For The Night’, de 1977, além de inferior aos anteriores, marcou o início do fim para as garotas: por questões de grana e gerenciamento, separaram-se do antigo protetor Kim Fowley, e por tabela também ficaram sem gravadora – uma vez que o contrato com a Mercury/Polygram estava atrelado à pessoa de Kim. A figura do produtor na banda, aliás, gera muita controvérsia até hoje: em um documentário chamado ‘Edgeplay’, Jackie, Cherie e seus pais, além dos pais de Sandy, acusam Fowley de ter jogado as meninas umas contra as outras como forma de dominá-las e até de ter praticado abusos sexuais. O fato é que as Runaways lançariam apenas mais um disco, ‘And Now ... The Runaways’, em 1978 – e com mais uma mudança, Laurie McCallister no lugar de Vicki –, até decidir encerrar as atividades, em abril de 1979. O último show havia sido na noite da passagem do ano.

Desde então, Joan Jett formou sua própria banda, Joan Jett & The Blackhearts, e o próprio selo, Blackhearts Records, e firmou-se como um ícone do rock, Lita Ford investiu na carreira de metaleira farofa, sob os auspícios de Sharon Osbourne (gravou até com Ozzy), Micki Steele juntou-se às Bangles, Cherie envolveu-se com drogas pesadas, fez filmes e gravou discos, Vickie trabalha como produtora e diretora de filmes, Laurie, após projetos mal-sucedidos largou a música, e Jackie foi estudar: estudou linguística e italiano e formou-se em direito em Harvard, além de ser fotógrafa amadora. Sandy, após tocar com a Sandy West Band nos anos 1980 e 1990 e gravar com John Entwistle (The Who), foi diagnosticada com câncer no sistema linfático em 2005, falecendo no ano seguinte.

Em março deste ano, estreou o filme ‘The Runaways’, dirigido por Floria Sigismondi e baseado nas memórias de Cherie Curie, que no filme é interpretada por Dakota Fanning. Joan Jett, cujo papel é interpretado por Kristen Stewart, é uma da produtoras executivas da fita, com a qual Jackie Fox não quis se envolver, o que ocasionou a mudança do nome de sua personagem para Robin.

I Wanna Be Where The Boys Are (ao vivo)
Neon Angels On The Road to Ruin (ao vivo)
Wasted

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