(JOHN IRELAND/ROBERT FORD, o assassino traíra do chefe de seu próprio bando, o lendário Jesse James, em ‘MATEI JESSE JAMES’, estréia do pai espiritual do cinema americano indie, o grande SAMUEL FULLER, em 1949. Uma das histórias mais caras ao imaginário do mítico universo western americano, acompanha o shakespereano calvário do traidor Ford, que, cansado da vida de bandido e vislumbrando uma vida próspera e idílica junto à atriz Cinthy, por quem é perdidamente apaixonado, alveja seu líder pelas costas, de olho em uma gorda recompensa prometida pela lei. Mas o tiro acaba saindo pela culatra: Ford jamais terá paz com sua consciência, além de ter de conviver com o desprezo geral até de quem temia o bandido – e, pior, de sua própria amada, que escandaliza-se com a covardia, tema até de música de um trovador andarilho com quem Ford vai cruzar em um saloon numa das ótimas cenas do filme. Na desesperada tentativa de recuperar sua imagem, chega a aceitar o convite de um esperto diretor teatral para encenar o episódio do assassinato de Jesse (!?), quando, claro, vai sofrer ainda mais com o escárnio popular. A frase acima faz referência ao duelo que travará com o homem por quem Cinthy cai de amores à medida que o desprezo por Ford aumenta, enfatizando o remorso da personagem. O drama de Ford foi recentemente filmado pelo diretor Andrew Dominik, sob o título ‘O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford’ com Casey Affleck como Ford e Brad Pitt como Jesse, mas a despeito das ótimas interpretações da dupla, o filme, um tanto arrastado demais – 160 min. – é um bocado menos efetivo que o enxuto e direto-ao-ponto filme de Fuller – ex-jornalista, portanto acostumado à concisão -, rodado em apenas 10 dias e fazendo competente uso de close-ups pra enfatizar a tormenta de Ford. De Fuller, idolatrado pelo pessoal da nouvelle vague francesa e cineastas como Jim Jarmusch e Martin Scorsese, é possível encontrar ainda nas locadoras os clássicos ‘O Beijo Amargo’, ‘Paixões que Alucinam’ e ‘Agonia e Glória’.)
Robert Ford (Ireland) alveja seu chefe Jesse James (Reed Hadley) pelas costas: pior que vida de bandido é viver como covarde
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